O mundo da disputa política se utiliza
cada vez mais do marketing. Candidatos são ‘criados’ por profissionais e
técnicas capazes de convencer os eleitores de ‘verdades’ que não existem. O
perigo ronda ameaçando a autonomia e a liberdade do voto. O eleitor corre o
risco de votar em uma imagem criada para satisfazer suas fantasias imediatas,
pois, em muitos casos, os candidatos falam o que o eleitor deseja ouvir e não
permitem que seus reais pensamentos sobre as principais questões sociais sejam
revelados.
Não se deve ‘diabolizar’ qualquer profissão, mas é muito importante que todos
fiquem atentos: votar em uma imagem criada e que não corresponde à realidade é
permitir que a simulação predomine sobre os fatos, por isso é bom ficar atento
ao papel que os meios de comunicação social desempenham no processo eleitoral.
Ao analisar um candidato o eleitor
precisa buscar ver o que está além das aparências, ou seja, deve se comportar
como um investigador da vida pública do candidato; deve buscar ver e ouvir
aquilo que o candidato e seus propagandistas não querem mostrar ou falar, pois
nessas informações guardadas, e até escondidas, podem estar a verdadeira face
do candidato. Quem vota sem desvelar ou sem descobrir as ‘verdades’ escondidas
de seu candidato, corre o grave risco de fazer do voto um jogo de loteria.
O ideal era que a campanha eleitoral
estivesse voltada para tornar bem claras as opiniões e interesses dos partidos
políticos e de seus candidatos; como isso não ocorre, torna-se necessário que o
eleitor acorde de sua comodidade e vá à luta por informações mais originais e
menos encardidas. Curioso: embora os programas políticos sejam feitos com
imagens e falas bonitas e atraentes, tal beleza serve, na maioria das vezes,
para impedir que o eleitor veja, com nitidez, a imagem do candidato em quem
votará. É o bonito escondendo o feio por trás de sua beleza aparente.
Duas observações são importantes: a
primeira é que o eleitor precisa saber que quem vai exercer o poder não é uma
imagem criada, mas uma pessoa de carne e osso, com uma história, uma forma de
pensar e uma ideologia político-partidária. Muitas vezes ocorrem decepções
porque se vota em uma imagem artificial, inconsistente e incapaz de
corresponder às expectativas criadas; a segunda observação é que o uso de
recursos que encobrem a face dos candidatos tem, entre outras, a função de
esconder interesses que não podem ser falados abertamente. Quando um candidato
se esconde por trás de discursos e imagens muito belas, é legítimo desconfiar e
se perguntar sobre os reais interesses que ele tem e que irá defender se for
eleito.
O bom candidato é aquele que está
comprometido com o interesse da coletividade e já demonstrou isso com gestos
concretos, e o bom eleitor é aquele que busca votar em candidatos que façam de
sua campanha uma oportunidade de debate de ideias, ao invés de fazerem
promessas lindas que agradam aos ouvidos de suas plateias.
É preciso que eleitores e candidatos
busquem a autenticidade. A esperança e o otimismo garantem: há muita gente boa
no mundo da política e cabe a você se perguntar: você, politicamente falando, é
uma pessoa boa? Você busca a autenticidade? Você se preocupa minimante com a
política? Você sai de sua comodidade para conhecer o candidato em quem você
vota?