A Campanha da Fraternidade de 2013 –
CF-13 – propõe ampla reflexão sobre a Juventude. A Campanha tem como tema Fraternidade e Juventude e como lema Eis-me aqui, envia-me.
O
lema encontra-se num contexto do livro do profeta Isaias dentro do qual há uma
pergunta feita pelo próprio Deus: “Quem é que vou enviar? Quem irá de nossa
parte?” Ao apelo de um Deus que deseja libertar seu povo das opressões, aparece
a figura do profeta que responde: “Eis-me aqui, envia-me” (Isaias 6, 8), logo após
a aceitação da missão, Deus envia seu profeta-servo para dirigir-se ao povo.
Embora
nossa história esteja marcada por desafios e opressões diferentes daqueles que
motivaram o profeta no Primeiro Testamento, Deus continua perguntando aos
homens e mulheres, em especial aos jovens: “Quem irá de nossa parte?” e a Igreja
do Brasil, através da CNBB, abre-se para refletir sobre a exigência de reconhecer,
na juventude, indispensáveis e importantes profetas a serem enviados.
Evidentemente
o envio da juventude passa pela renovação da capacidade de acolher. A Igreja,
os educadores, os pais, enfim, todos os seguimentos da sociedade precisam
descobrir novas formas de acolher uma juventude que forma sua personalidade num
contexto de revoluções tecnológicas e de esvaziamento de valores.
Essa
necessidade de uma acolhida que antecede o envio encontra-se bem apresentada no
objetivo geral da CF-13: “Acolher os
jovens num contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu
protagonismo no seguimento a Jesus Cristo, na vivencia eclesial e na construção
de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz”.
A
Igreja cristã precisa do jovem para se rejuvenescer, mas essa necessidade
extrapola o espaço religioso e eclesial. A sociedade também clama por uma
juventude que marque de modo consciente e responsável seu espaço e que assuma a
vanguarda para a superação de contradições históricas, sociais e raciais; é
latente a expectativa de termos uma juventude que tome as rédeas de sua
história e que ofereça, em todos os espaços, posicionamentos que desafiem os
conservadorismos e as estruturas de opressão.
Esperar
o envolvimento da juventude nas principais questões da humanidade não é exigir
além do que o jovem é capaz de fazer, ao contrário, uma leitura histórica
(bíblica ou não) revela que faz parte da natureza do jovem aceitar desafios e lutar
para a renovação. O texto-base da CF-13 faz menção a diversos jovens presentes
na história bíblica e na história da Igreja que deixaram sua marca ao assumirem
o chamado. A realidade continua precisando de jovens dispostos a torná-la
melhor. A História humana, pela sua dinamicidade, permanece aberta e demanda
pessoas com coragem para fazê-la evoluir.
Os
desafios são muitos. Precisamos desenvolver boas estratégias para lidar com as
novas tecnologias e fazer com que elas deixem de alimentar o individualismo e passem
a instrumentos que levem ao real espírito de comunidade e de coletividade;
precisamos nos abrir para uma acolhida que considere o jovem como interlocutor
e cúmplice na construção da história e não como destinatário das ações dos
adultos ou convidados ilustres a uma casa que é nossa e não deles.
Todos
devemos ter o espírito jovem para sermos capazes de contribuir com a evolução e
a renovação da Igreja e da Sociedade. A jovialidade faz parte da essência do
cristianismo e de uma sociedade que valoriza a criatividade humana. Com a
coragem que caracteriza a juventude digamos todos: Eis-nos aqui, envia-nos.