Nosso olhar se volta para onde estão
as coisas eleitas como as mais importantes de nossa vida. Nossas preocupações
se concentram nos tesouros que estabelecemos como sendo aqueles sem os quais
não conseguimos viver. Onde está nosso tesouro, está, enfim, nosso coração.
Não há qualquer novidade nisso,
tanto quanto não há nenhum impacto nessa constatação, especialmente se a
contemplamos apenas de modo abstrato. Podemos dizer inclusive que é bonito
dizer tais palavras ou tê-las como discurso sempre à mão.
Mas podemos ir além do abstrato,
refletindo essas palavras e avaliando em que medida elas revelam algo
preocupante sobre nosso viver. Se é verdade que nosso coração está onde está nosso
tesouro, é também verdade que revelamos quais são nossos tesouros a partir de
nossas ações cotidianas.
Às vezes pensamos que nosso tesouro
é a família, a amizade, o relacionamento amoroso... às vezes nutrimos a
convicção de que nosso tesouro está em situações, projetos ou sonhos que
guardamos de modo cuidadoso no coração, mas uma avaliação mais atenta pode
revelar que nos enganamos.
Estudar e avaliar o real lugar onde
está nosso tesouro não é tarefa fácil, porém, se desejo me comprometer com
aquilo que é efetivamente importante para mim, devo encarar essa missão e me
perguntar: onde está meu tesouro?
Um modo de pensar nessa inquietante
questão é avaliar a forma como estamos gastando nosso tempo ou em que estamos
investindo mais nosso tempo. Comparativamente podemos dizer: é muito provável
que nosso tesouro esteja onde gastamos mais tempo.
Não nos referimos aqui ao tempo
regular que gastamos com o trabalho, pois nesse caso o trabalho assume condição
de subsistência, mas quando dedicamos tempo superior ao razoável com o
trabalho... pode ser indício de que nosso tesouro seja esse!
Outro lugar onde pode estar nosso
tesouro é a dedicação a jogos, programação televisiva, acessos à internet,
acompanhamento de certa modalidade esportiva etc. Todas as vezes que gastamos
demasiado tempo com qualquer atividade, pode ser que nosso tesouro esteja nela.
Não queremos fazer um juízo de valor
e dizer que seja certo ou errado ter em qualquer das atividades citadas nosso
tesouro. Não é nosso objetivo fazer esse tipo de julgamento. Cada pessoa, em algum
momento da vida, pode saudavelmente eleger ou precisar estabelecer certa
atividade como tesouro.
Nossa reflexão propõe-se a ser uma
interrogação! Não é interessante vivermos enganados quanto ao real lugar onde
possa estar nosso tesouro. A pouca consciência ou o completo desconhecimento
dessa principal opção de nossa vida gera prejuízos muitas vezes irreversíveis.
Se verbalizamos que nosso tesouro
são os filhos; se cremos que a pessoa com quem vivemos é razão de nossa vida;
se temos a consciência de que ter uma vida de qualidade etc. são nossos
tesouros, é absolutamente necessário que nossos comportamentos revelem esses
propósitos e que a priorização de nosso tempo para tais situações seja visível.
Precisamos evitar os enganos e as
contradições que poderão trazer arrependimentos e angústias no futuro. Ter
clareza do que é prioridade para nós em cada momento da vida faz com que
vivamos bem cada etapa, proporcionando uma prazerosa sensação de que fizemos o
que tinha que ser feito da melhor forma.
Qual é seu tesouro? Onde está seu
tesouro? Faça, o mais rapidamente possível, as mudanças necessárias para
garantir que seu coração esteja no tesouro certo! Não permita que sua boca fale
de um tesouro e que seu coração esteja em outro. Curta e cultive os melhores
tesouros.