Por
que uma pessoa se dispõe a ser voluntária em alguma situação? Que motivos levam
alguém a deixar momentaneamente seus afazeres pessoais para colocar-se a
serviço de alguma causa? A presença dos voluntários é crescente em nossa
sociedade. Cada vez mais encontramos pessoas dispostas a dedicarem um pouco de
si mesmas para a promoção ou o bem estar de outros.
O
voluntariado é um gesto de liberdade. Como a própria palavra indica, o voluntário
é alguém que se oferece para contribuir com algo ou para participar de alguma
proposta por sentimento de gratuidade.
No
trabalho do voluntário é possível percebermos valores humanos que precisamos
realçar nos dias atuais; é possível identificarmos grandes sinais da esperança
e do otimismo que garantem a validade de continuar acreditando no ser humano e
alimentando a certeza de sua evolução, apesar de muitas notícias insistirem no
contrário.
Os
voluntários resgatam a beleza e o significado do serviço ao outro como modo de
construção de uma vida melhor. Colocar-se à disposição de alguém é dizer com
gestos, mais do que com palavras, que o outro é importante e merece ser
cuidado; é traduzir, de modo prático, que a humanidade presente no outro é
digna de reverência e suficiente para nos fazer mover respeitosamente em sua
direção para servir.
A
ação dos voluntários indica também a existência de uma lógica diferente da
predominante na linguagem mercadológica de nossos dias. O voluntário quebra a
convicção individualista e egocêntrica que sustenta a busca da maioria das
pessoas de nossa sociedade, pois é capaz, muitas vezes, de experimentar um
paradoxo: servir a quem não pode pagar e receber um “pagamento” completamente
diferente do dinheiro. Para o voluntário, a certeza de que colaborou com alguém
é suficientemente satisfatória e, talvez mais cara, do que qualquer valor
pecuniário.
Por
fim o voluntário ensina ainda duas coisas: a gestão do tempo e a coragem de
fazer o que precisa ser feito.
Quanto ao tempo, a
maioria dos voluntários não são pessoas desocupadas, ao contrário, são homens,
mulheres e jovens que têm uma vida corrida e cheia de compromissos, mas são
capazes de gerenciar de tal modo seu tempo que lhes é possível dedicarem-se à
promoção e ao cuidado de outros sem deixarem de cuidar de si mesmos e de suas
famílias. Isso é uma grande lição, afinal, há pessoas que reclamam
insistentemente que não têm tempo para nada e muitas vezes essas pessoas mal
cuidam de si mesmas!
Em
relação a terem coragem de fazer o que precisa ser feito, os voluntários
merecem destaque. O voluntário percebe a situação de fragilidade próxima de si
– identifica certo problema que demanda ajuda – descobre com o quê e como pode
ajudar, oferece-se para servir e, o mais importante: vai lá e faz o que está ao
seu alcance. Sai da teoria para a prática; busca vivenciar a coerência entre as
boas ideias e as boas práticas que concretizam essas ideias. Às vezes vemos a
necessidade, sabemos o que fazer, sabemos que podemos fazer, mas na hora de
colocar em prática... falta-nos a coragem para sairmos de nós mesmos e irmos ao
encontro do outro.
Existem
várias modalidades de voluntariado: desde as mais institucionais e explícitas
até as mais informais e discretas. A vida de alguém sempre fica melhor quando
nos dispomos a, livremente, fazer algo para ajudar. Podemos e devemos resgatar
a beleza do serviço desinteressado ao outro como modo de contribuir com nossa
parcela para a construção de uma sociedade melhor.
Não
há ninguém que seja tão ocupado que não possa colocar-se a serviço. Trata-se de
aprender com os voluntários que uma simples ação gratifica tanto quem é
beneficiado por ela quanto quem a realiza.
Sem
ingenuidades ou falsos otimismos, os voluntários nos ensinam que um pouco de
doação e cuidado uns com os outros torna nossa existência mais significativa e
feliz.
Descubra com quais
gestos você pode praticar, voluntariamente, algum tipo de serviço ao próximo e
experimente a sensação de ajuntar tesouros diferenciados, tesouros que não enferrujam!