01 dezembro 2014

Festividades natalinas: a humanidade em foco

A chegada do Natal, 25 de Dezembro, tem o poder de sensibilizar os corações e de deixar muitas emoções afloradas. Presentes, encontros, pedidos de perdão... vontade de recomeçar e de ser melhor... grandes expectativas!
A proposta desse artigo é pensar na humanidade a partir da representação simbólica que Jesus, o aniversariante, pode significar para nós. Não se trata de uma abordagem teológica, tão pouco cristológica, ao contrário, o foco é a humanidade e não a divindade de Jesus, pois a  celebração do natal (ou se você preferir, a comemoração do natal) traz inevitavelmente à tona, a relembrança da história de um homem que marcou decisivamente a história do mundo por ter proposto uma leitura das relações humanas de modo radicalmente diferente de tudo aquilo que existia até então. Do ponto de vista antropológico e humano, ou seja, sem priorizar a fé como instrumento de interpretação, que implicações tem o nascimento desse homem para nós hoje?
O nascimento de Jesus pode nos fazer pensar na importância da dignidade humana. Na simplicidade e na fragilidade de uma vida humana recém-nascida, esconde-se um grande mistério: a humanidade inteira está presente na pequena e indefesa vida que desabrocha para o mundo e precisa de amparo para crescer e desenvolver. Nesse sentido somos cúmplices no cuidado com a vida humana e isso implica em nos sentirmos responsáveis pela preservação dessa vida e da dignidade presente nela. Nossas ações precisam preservar a vida e a dignidade, a fim de contribuir com a exaltação da humanidade, afinal, a mesma humanidade (essência!) está presente em todos.
O contexto do nascimento do aniversariante em questão, nos faz lembrar também das diversas condições de vulnerabilidade nas quais nascem e vivem diversas pessoas. A rigor, podemos dizer que o humano é vulnerável por essência, mas há situações de vulnerabilidade que precisam ser denunciadas e convertidas, pois fazem perecer a dignidade e a vida. As crianças precisam de carinho e amor (antes de presentes de natal); os idosos demandam paciência e cuidado; as mulheres são dignas de tratamento respeitoso; os trabalhadores fazem jus a seus direitos; as pessoas precisam de acesso à moradia, comida, água tratada, atendimento médico, remédios etc. Aquele bebê nasceu em condições vulneráveis e, ao lembrarmo-nos de seu nascimento, precisamos combater as precariedades à nossa volta, independentemente de termos fé ou não na divindade, pois as mencionadas condições de vulnerabilidade afetam a humanidade, antes de ofenderem à divindade.
Por fim, o cenário do nascimento daquela criança pode nos fazer refletir acerca do permanente e do transitório. Há coisas que indicam a essência; há outras que, embora interessantes ou até importantes, podem não existir sem comprometer a dignidade e a vida. O afeto, o cuidado e o calor humano são permanentes; a marca dos presentes, o glamour da “maternidade” e as formalidades são transitórios. Se for possível ter o transitório, tudo bem, mas não temos direito de negar o que permanece por não termos condições de oferecer o que é passageiro, ou seja, as relações humanas, simbologia do que permanece, é algo que todos são capazes de oferecer e receber.
Celebrar ou comemorar o natal é, portanto, se ocupar do cuidado com a dignidade humana que se encontra ferida em nós mesmos ou em pessoas próximas de nós; é perceber situações vulneráveis que ferem a vida e lutar contra elas; é optar por aquilo que o tempo e a ferrugem não são capazes de corroer. FELIZ NATAL!

07 novembro 2014

Vivendo um ‘não’ à corrupção!



A corrupção não é algo que existe somente fora dos homens, mas antes e acima de tudo, dentro.
            Cada vez mais vemos as pessoas ficarem indignadas com os escândalos de corrupção. Na verdade, eles vêm de toda parte: das empresas públicas; dos órgãos da administração pública direta; do poder judiciário e do legislativo; das delegacias e quartéis; das empreiteiras e bancos... enfim, das instituições em geral. Somos tomados pela nítida sensação de termos instituições essenciais e estruturalmente corruptas.
            Pior fica a análise quando nos confrontam com a tese de que tais traços de corrupção se explicam por nossa herança histórica. Nesse sentido afirmam que os primeiros colonizadores e exploradores que vieram para o Brasil eram gente da pior espécie.
Atribuir as causas da corrupção às instituições ou a supostas leituras pejorativas da história pode promover um conformismo que contribui para mascarar a realidade a respeito deste assunto, pois, cria uma separação entre a teoria e a prática, ou seja, as pessoas ficam tentadas a pensarem que a corrupção está sempre fora delas; que apenas os outros praticam atos corruptos; que a corrupção consiste em atos gigantescos... as pessoas perdem a capacidade de perceberem a importância de atos corruptos praticados por elas.
Precisamos nos perguntar, com franqueza, sobre a forma como nos comportamos quando somos confrontados com a possibilidade de escolher alguma coisa ou com a necessidade de arcarmos com a consequência de nossas ações. Devemos colocar nossas práticas diante de um espelho a fim de avaliarmos em que medida agimos corruptamente, mesmo que nas pequenas coisas do cotidiano.
O motorista que oferece suborno ao guarda de trânsito e o guarda que aceita ou pede o suborno praticam corrupção; o aluno que “cola” na prova ou que coloca seu nome em um trabalho que não participou, pratica corrupção; o profissional que não cumpre adequadamente com sua função e deixa de produzir quantitativa e/ou qualitativamente como deveria e poderia, pratica corrupção; o empregador que faz vistas grossas para não pagar ao empregado seus direitos, pratica corrupção; o candidato que compra o voto do eleitor (com qualquer tipo de moeda, inclusive com promessas irrealizáveis) e o eleitor que vende o voto, são igualmente corruptos...
É urgente ampliarmos nossa leitura sobre o sentido da corrupção. Não é possível desejarmos uma sociedade melhor e menos corrupta sem levar em conta que os pequenos atos de corrupção praticados no dia a dia ferem e inviabilizam a construção de relações sociais justas, respeitosas e equilibradas.
O discurso a respeito da importância da honestidade e as críticas contra os atos corruptos que vemos noticiados todos os dias nos meios de comunicação precisam nos fazer refletir sobre nossas ações. Precisamos ser cada vez mais honestos e isso deve ser uma atitude pessoal. Não haverá mudança se apenas esperamos a honestidade no comportamento do outro; se julgarmos que nossas ações, por serem pequenas e sem repercussão externa, são aceitas e justificáveis.
Dificilmente veremos um grande escândalo de corrupção praticado por alguém que tenha começado sua “carreira” de corrupto em algo grande. O “grande corrupto” começa devagar. Treina anonimamente nas pequenas coisas da vida. E isso é um alerta: o político desvia milhões de reais por ter condição para isso! Proporcionalmente falando, nas condições em que você se encontra, que pequenas coisas poderiam representar os grandes atos de corrupção dos quais você já ouviu falar e que acha absurdos?

28 outubro 2014

Ser moderado é diferente de ser morno

Um importante filósofo grego, Aristóteles, afirmou que a virtude está no meio, isto é, os comportamentos extremistas (sinalizados pelo excesso ou pela falta) nos distanciam da virtude e de seus frutos, assim, fugir dos extremos aumenta nossa chance de agirmos de modo virtuoso, ou seja, quanto mais equilibrados somos, maior nossa chance de sermos virtuosos e verdadeiramente felizes.
Para efeito de uma breve reflexão podemos entender que somos mais felizes quando conseguimos ser equilibrados, moderados. A vida é um imenso canteiro de escolhas e, por isso mesmo, a todo instante somos confrontados com reais possibilidades de agirmos de modo equilibrado.
Os extremos ou exageros, ao contrário, nos conduzem, quase inevitavelmente, a consequências danosas e indesejadas. Há inclusive um sábio ditado popular que diz: "tudo em exagero faz mal". Até coisas boas e necessárias como comer, beber, divertir; trabalhar, namorar, rezar, estudar... se forem vivenciadas de modo desequilibrado e em detrimento de outras atividades indispensáveis, acabam produzindo efeitos colaterais e algumas vezes sequelas terríveis.
Muitas vezes, para se esquivarem de enfrentamentos importantes da vida, algumas pessoas supervalorizam certa atividade e acabam não percebendo que fazer demais uma coisa para não se ocupar oportunamente de outra é criar mais problemas. Isso se comprova quando uma pessoa come demais para compensar uma saudade ou uma perda; quando uma pessoa trabalha demais para superar uma decepção familiar ou amorosa etc. Exceder numa coisa não resolve o problema.
Por outro lado, é fundamental que tomemos cuidado para não associarmos a noção de equilíbrio à neutralidade. Ficar em cima do muro não é ser equilibrado, mas inerte, apático.
A apatia e a inércia não são sinônimas de equilíbrio, ao contrário, podem significar até covardia. A vida é exigente e espera de nós posturas decisivas e claras. "Ficar em cima do muro" é escolher não viver; é declarar que aceitamos qualquer coisa que a vida nos dê; é abrir mão de ser sujeito da própria história. Isso nada tem a ver com viver virtuosamente e feliz.
Há pessoas que, por confundirem equilíbrio com falta de posicionamento, deixam a vida passar sem registrarem suas marcas. Há profissionais em todas as áreas que se pautam pela mediocridade sob a desculpa de serem equilibradas. Ficar na média ou se contentar com o mínimo é diferente de ser equilibrado, aliás, nesse sentido, muitas vezes, "média" é sinal de desequilíbrio.
Precisamos aceitar os desafios e nos posicionarmos diante deles; precisamos estabelecer metas e nos empenharmos para realizá-las; precisamos ir ao encontro de nossos ideais; não podemos ser mornos, passivos, sem opinião; não podemos ser conformados ou insensíveis diante dos estímulos que a vida nos oferece.
Olhar a vida de cabeça erguida: aguerrido, mas não agressivo; pacífico, mas não passivo; participativo sem ser invasivo; cuidador sem ser controlador... Ter consciência de que a vida já é o espetáculo e não o ensaio. De modo ponderado viver intensamente cada instante na certeza de que a vida nos cobra caro pelos excessos cometidos bem como pelas inércias.
Ser equilibrado sem ser mediano. Ser quente ou frio, jamais morno!

11 setembro 2014

Eleições: quais são as funções dos cargos que preencheremos?

Estamos nos preparando para mais um importante momento na vida política de nosso país. Iremos às urnas no início do próximo mês para escolhermos ocupantes para os cargos de Presidência da República, Senador, Deputado Federal, Governador do Estado e Deputado Estadual. Antes de reafirmar que o eleitor precisa ser responsável e consciente no momento de fazer sua escolha, é indispensável relembrarmos, mesmo que superficialmente, as funções de cada um dos cargos que iremos preencher.
A principal função do Presidente da República é administrar os interesses do Estado e da sociedade. Está sob sua responsabilidade montar a equipe de trabalho que irá estabelecer a escolha das ações que interferirão diretamente na vida dos indivíduos, tais como: valor da taxa de juros; quantidade de recursos que serão investidos nas políticas sociais etc.
O Senador é um defensor dos interesses do Estado que ele representa. Cada Estado da Federação (Minas Gerais, Acre, Paraíba, Tocantins, Paraná etc.) tem 03 senadores. Seu papel é cuidar para que não sejam estabelecidas escolhas políticas que deixem seu Estado em desvantagem. A boa atuação dos Senadores proporciona equilíbrio e igualdade entre os Estados e Regiões do Brasil.
O Deputado Federal é um representante direto dos interesses da sociedade. É aquele que deve estabelecer o link entre a expectativa do povo e o parlamento (lugar da fala!). Sua principal função é elaborar leis que garantirão a estabilidade social e a materializarão dos direitos individuais e sociais previstos na Constituição da República. É também um importante fiscalizador das ações do Governo Federal (Presidência da República e sua equipe).
A função do Governador do Estado assemelha-se à função do Presidente da República. O Governador deve montar a equipe de Governo e, tanto quanto o Presidente da República, ser responsável pelas escolhas que faz. É a partir do trabalho de sua equipe que serão definidos os salários e a forma de tratamento com os servidores públicos; a qualidade da educação pública e da merenda escolar; a manutenção ou não das rodovias estaduais etc.
O Deputado Estadual é o legislador e o fiscalizador no âmbito estadual. Deve propor projetos de lei que representem as expectativas dos cidadãos. O Deputado Estadual é um porta-voz mais próximo das necessidades do povo e deve levar as principais carências de seu povo para o debate na Assembleia Legislativa.
Além das qualidades específicas para o cargo que pretende exercer, há algumas características que precisam ser encontradas em toda pessoa que pretende exercer uma das funções públicas acima mencionadas. Assim, seguem algumas dicas:
O Candidato precisa ter envolvimento com o povo; precisa ter o cheiro do povo, ser alguém com envolvimento nas questões sociais. Não pode ser alguém que aparece de tempo em tempo só para ganhar o voto e se eleger.
Para exercer quaisquer das funções acima, a pessoa precisa ter ficha limpa, não só do ponto de vista jurídico, mas também do ponto de vista moral. Gente que não é de confiança não deve ser exercer cargo público, pois tem maior probabilidade de praticar corrupção.
Por fim, é muito bom ter cuidado com o político profissional. Esse pessoal que nunca está fora do poder, que sempre dá um jeito para ganhar alguma coisa com a política. Geralmente esse tipo de gente está preocupado mesmo é com seus próprios interesses.

Pesquise sobre o tema; converse com alguém de sua confiança; pense bem! Faça bem feito para não ficar com a sensação de "culpa" por ser representado por péssimos políticos. 

14 agosto 2014

A distância nos atalhos nem sempre é menor

            Em uma canção chamada "vaqueiros urbanos" o compositor Zé Geraldo afirma: "nossos filhos vão saber que a distância nos atalhos nem sempre é menor". É sobre essa ideia que se pretende refletir neste artigo.
            De um modo geral o ser humano tem uma tendência natural pela escolha de atalhos. É a lei do menor esforço. Por que gastarmos mais energia para alcançar um alvo quando é possível alcançá-lo com menor esforço? Para que andar muito se é possível chegar ao destino andando menos?
            Muitas vezes, evitar o desgaste de energia é saudável, natural e recomendável. O problema surge quando o atalho é sinônimo de tomar o caminho aparentemente mais fácil como forma de não enfrentar de modo honesto os desafios que a vida nos apresenta. Os atalhos, nesse sentido, significam a satisfação imediata de interesses ou necessidades que deveriam ser vivenciados ou alcançados de maneira mais trabalhosa ou complexa; atalho, nesse sentido, seria uma espécie de fuga mal sucedida.
            É muito comum nos depararmos com discursos favoráveis à tomada de atalhos falsos que levam seus caminhantes para longe de seus objetivos:
As campanhas publicitárias (propagandas) fomentam o consumismo irresponsável baseadas na promessa de que consumir é ser feliz: atalho; Drogas (lícitas e ilícitas) garantem que a sensação momentânea que causam é mais benéfica que os prejuízos e perdas que proporcionam: atalho; pregações religiosas mercantilizam a fé sob o pretexto de que Deus é solução manipulável, instantânea e substitutiva da ação humana: atalho; convicções pessoais garantem que o "jeitinho", o não cumprimento do dever (especialmente da lei), a corrupção em pequenas coisas, a omissão... não gerarão impactos negativos para a vida social: atalho.
As escolhas que nos eximem de responder (pagar o preço) pelas consequências do que fazemos ou nos isentam de enfrentar o inevitável representam atalhos. O bom senso nos indica que os caminhos "mágicos" nos distanciam da realidade e paradoxalmente nos conduzem para longe do alvo almejado: caminhamos com a sensação de que estamos indo na direção de nosso objetivo, mas nos afastamos dele.
O ser humano não nasceu para sofrer ou para buscar os caminhos mais difíceis, porém é inegável que a vida exige enfrentamentos sérios e disposição para arcar com os preços das escolhas que nos conduzem de modo estável aos objetivos mais significativos da existência.
Os atalhos podem ser opção por caminhar com menos eficiência na direção daquilo que realmente buscamos ou pior: por caminhar para longe ou até para o sentido contrário daquele que queremos chegar.
            Fugir de atalhos que não nos levam aos destinos que realmente buscamos é sinal de colocar em prática uma vida pautada em valores e virtudes que não promovem a satisfação rápida das vontades e interesses, mas garantem significados mais consistentes para a vida.

Ao contrário do que parece, a vida se torna mais leve para quem caminha pelas estradas que conduzem ao destino que almejam, pois os passos não são desperdiçados e o esforço é recompensado com a certeza de que estamos cada vez mais próximos do que buscamos.

03 julho 2014

Que tal falar o que for verdadeiro, bom e útil?

Segundo uma conhecida parábola, quando vamos fazer algum comentário acerca de alguém ou de algum movimento social, devemos submeter nossa fala a três peneiras: peneira da verdade, da bondade e da utilidade.
Precisamos ter certeza ou muita segurança a respeito da veracidade daquilo que vamos falar para não exercermos injustiça com relação ao ouvinte, que seria vítima de um comentário mentiroso ou sem fundamento, nem com relação à pessoa de quem falamos.
É importante praticarmos muita sinceridade na utilização dessa primeira peneira, pois optar por falar a verdade não é sinônimo de se comprometer com uma verdade própria; não basta que você acredite em algo para garantir a veracidade. A questão aqui é mais ampla, pois a veracidade deve ser medida de modo objetivo e expressar adequação (muita aproximação, pelo menos!) entre o que se fala e o fato.
Mas a veracidade é apenas a primeira peneira. Há coisas (e muitas!) que embora verdadeiras, precisam passar pelo crivo das outras avaliações: nem tudo que é verdade precisa ou deve ser falado, por isso devemos nos perguntar sobre a bondade daquilo que iremos falar.
Comentar o tal assunto é uma coisa boa? Ou ainda: a quem farei o bem ao comentar sobre esse assunto? Eu me torno uma pessoa melhor quando falo com alguém determinado assunto sobre alguma pessoa? A pessoa que me ouve se torna melhor ao tomar conhecimento do assunto que irei comentar?
A questão aqui é usar a palavra, as conversas, o tempo que temos com as pessoas para edificar, para fazer o bem, ao invés de usá-lo para denegrir e destruir. E vale lembrar: há coisas que são verdadeiras e que não passam pela peneira da bondade e se é assim, devemos não falar sobre elas para reafirmarmos nosso compromisso de sermos pessoas de bem e a serviço da bondade.
Enfim, se algo é verdadeiro e bom resta perguntar se é útil falar sobre ele. O que essa informação vai acrescentar na vida da pessoa que me ouve? Que utilidade tal informação terá para a pessoa que me ouve? Em que a vida ficará mais fácil – seja a minha ou a de meu ouvinte – quando eu falar aquilo que pretendo?
As conversas que não passam por esses três critérios de avaliação geralmente são danosas e maléficas; machucam as pessoas e perpetuam intrigas; abrem feridas ou as impedem de cicatrizar; semeiam a discórdia; sufocam as sementes da esperança e da reconciliação; expõem a dor e a vergonha de quem já se encontra sucumbido pelo peso de algum problema grave.
Há em todos os setores quem conversa demais: há líderes religiosos que manipulam fatos e palavras para potencializar as futricas; há professores que se acostumam a terem apenas (ou quase sempre) palavras negativas sobre seus alunos; há noticiários que não avaliam a qualidade de suas fontes ao divulgarem suas "verdades".
Por fim resta uma pergunta: o que devemos fazer quando somos vítimas de alguém que ignora a existência e o uso das três peneiras?
Se for uma pessoa próxima a nós devemos levá-la a perceber a importância de ser mais criteriosa quando for falar algo de alguém; se isso não for possível, devemos buscar rotas de fuga: sair de perto; mudar de assunto; demonstrar desinteresse...
Falar menos e ouvir mais, eis uma grande sabedoria a ser buscada com zelo e ternura. Afinal, é bom que toda pessoa seja rápida para ouvir e lenta para falar! 

04 junho 2014

Ser e Ter: outro enfoque

É comum vermos análises que partem desse binômio: ser/ter. De um modo geral, tais reflexões atribuem a questão da essência ao conceito de ser e ao ter são atribuídas as preocupações materialistas. É relevante essa metodologia.
Nesse artigo, todavia, busca-se fugir um pouco da visão clássica, especialmente no que diz respeito às associações realizadas em torno do ter, pois antes desse conceito vincular-se às expectativas financistas, expressa a forma como estabelecemos nossos relacionamentos com o mundo e com as pessoas.
Somos convencidos de que precisamos ter bons relacionamentos, ter bons amigos, ter pessoas de bem à nossa volta... Pouco se faz o discurso de que devemos ser tudo isso para as pessoas. Ser bons amigos, ser bom nos relacionamentos!
Os discursos promovidos pela cultura pós-moderna acabam nos convencendo a praticar um egocentrismo velado e perverso, pois continuam colocando o individuo no centro de todos os processos sociais e criando falsas sensações de êxito sob o pretexto de que devemos construir uma sociedade politicamente correta. Muitas vezes essas proposições são frágeis porque não indicam a responsabilidade pessoal e individual que cada um precisa assumir, ao contrário, permitem a falsa sensação de que apenas os outros devem fazer suas partes.
Por trás de slogans de grandes empresas, de certas manifestações religiosas, de tantas campanhas publicitárias esconde-se uma velha e macabra isenção do indivíduo por suas ações e uma equivocada percepção do papel de cada pessoa na construção de uma sociedade melhor.
Acreditamos que as pessoas precisam ter mais tolerância e educação no trânsito, muitas vezes, porém, não entendemos que isso implica que nós mesmos precisamos ser mais educados e tolerantes.
Compreendemos bem que o estado e a sociedade têm diversos deveres para com o cidadão, mas não nos percebemos como seres de deveres; ora, na medida em que tenho direitos, sou sujeito de deveres.
Sabemos que a lealdade é uma virtude importante e cara, por isso mesmo, queremos ter amigos leais; mas precisamos praticar essa mesma lealdade: preciso ser um amigo leal e não apenas querer ter um amigo leal.
Por uma questão de coerência e por fidelidade ao desejo de construirmos um mundo melhor, devemos empreender uma busca equilibrada do ser e do ter:
Quem quer ter o respeito das pessoas precisa ser respeitoso com todos: quem quer ter amigos leais, precisa ser leal amigo;
Quem quer ter um ambiente (trabalho, Igreja, casa) alegre e pacífico precisa ser pacífico e alegre nos lugares onde vive;
Quem espera ter representantes (políticos!) honestos e comprometidos precisa ser uma pessoa honesta e comprometida...

Faz parte de nossas responsabilidades assumirmos nossa parcela na construção daquilo que queremos ter. É imperativo, portanto, que nosso ser se aproxime o máximo possível daquilo que esperamos ter. É preciso ser para ter!

09 maio 2014

Uma busca por líderes capazes de contribuir com a história

Em nosso artigo anterior levantou-se uma polêmica acerca da existência de uma "crise de liderança" marcada pela adoção de pessoas sem trajetória de vida que justifique reconhecimento às mesmas: crianças e Jovens (artistas!) de comportamentos fúteis são eleitos como ícones a serem seguidos e ouvidos.
Toda deficiência é percebida em função de algum critério ou parâmetro, ou seja, para falarmos de crise de liderança é necessário que tenhamos um conceito-referência a partir do qual a crítica faz sentido.
O pressuposto aqui é: Os bons líderes são pessoas cuja vida, pensamento, produção e propostas são capazes de instigar as pessoas a serem melhores. Os líderes possuem capacidade para motivarem indivíduos e grupos a perceberem a vida de um modo melhor; desempenham, por aquilo que são e fazem, a função de despertarem a motivação que cada pessoa precisa para prosseguir e evoluir.
É possível encontrarmos bons líderes e é interessante pensarmos na hipótese de nós mesmos nos tornarmos bons líderes. Alguns possuem uma aptidão quase natural para liderar, outros desenvolvem e aprimoram essa habilidade. De todo modo, pessoas bem resolvidas e determinadas podem fazer muito bem para si mesmas e para os outros, na medida em que exercem liderança.
Muitas vezes os líderes são pessoas de destaque, reconhecidas por muitos como "modelo"; por outro lado, existem vários líderes mais discretos que estão próximos de nós e que contribuem de modo muito positivo com a vida das pessoas.
O ideal é que cada indivíduo seja autônomo na condução de sua história, mas essa autonomia não se opõe à possibilidade de vermos em algumas pessoas exemplos inspiradores. A lógica é: quando me inspiro em alguém que sabe o que quer e que tem uma vida compatível com aquilo que fala, aumento minhas chances de me fortalecer na busca de meus ideais; quando me espelho em frágeis figuras que ganham visibilidade sem justificativa plausível, fico mais propenso a me nivelar por baixo.
De certo modo a escolha desse caminho é pessoal, mas é importante sabermos que há escolha, isto é, podemos optar por investir nossa admiração em pessoas com conteúdo; a nutrirmos respeito por aqueles que têm algo para oferecer.
A história nos oferece bons nomes, não há dúvida; porém, nosso desafio é encontrar entre nossos contemporâneos nomes capazes de despertar em nós o desejo de admirá-las. É um exercício exigente, pois de um modo geral a mídia não nos ajuda muito, mas é importante que o façamos.
Há bons professores que merecem nossa admiração; há excelentes líderes religiosos que pela coerência e consistência podem despertar nosso respeito; há bons artistas (em todos os seguimentos) com os quais podemos construir visões muito especiais da realidade que nos cerca; há pais e mães (anônimos!) que labutam todos os dias e que são exemplos incríveis de fidelidade e de doação; há voluntários construindo um mundo alternativo e diferente em tantos lugares... definitivamente, se não quisermos, não precisamos ficar submissos ao império da futilidade que emana de "líderes" vazios. 

12 abril 2014

Crise de liderança e inversão de valores

A existência de líderes capazes de despertar a admiração, especialmente dos jovens, parece estar em crise. Temos acompanhado a situações questionáveis e preocupantes, pois cresce entre nós a idealização de pessoas cuja liderança funda-se em uma história incapaz de justificar a influência que tais líderes exercem sobre as pessoas.
Crianças, adolescentes ou jovens que manuseiam bem certas ferramentas tecnológicas tornam-se grandes referenciais. Tornam-se ídolos de número expressivo de seguidores. Passam a exercer domínio sobre seus admiradores; a serem citados e invocados como líderes. Tornam-se heróis; figuram como paradigmas a serem imitados ou representam a síntese da pessoa que "todos" gostariam de ser; uma espécie de ideal a ser alcançado, mesmo que por meio de grandes sacrifícios!
De um modo geral, a consagração desses líderes dos novos tempos se dá por meio do crescimento do número de seguidores. Quando avaliamos as razões que levaram à promoção de tais lideranças temos muita dificuldade de entender, efetivamente, o que ocorreu, pois na maioria dos casos (por amor e respeito ao debate não vou dizer todos!) as justificativas são fúteis e desprovidas de quaisquer fundamentos plausíveis.
Alguns compõem versos de pouquíssima qualidade; outros usam roupas ou adereços extravagantes; outros ainda dão dicas – meras opiniões subjetivas – sobre coisas que desconhecem e jamais vivenciaram.
A crítica não se direciona ao direito – fruto da liberdade de expressão – que todas essas pessoas têm de se manifestarem do modo como acham mais conveniente. De fato, todos têm liberdade de se expressarem como julgam melhor. Essa é uma sagrada garantia assegurada pelo Estado Democrático de Direito em que vivemos.
Para ser claro, a crítica está voltada para os seguidores. O que tem levado as pessoas a depositarem suas expectativas em líderes tão fracos? Por que tanta gente deixa de seguir sua própria razão, de construir sua autonomia para fazerem de suas vidas uma reprodução de perfis tão vazios?
Quando atribuímos a esses líderes um valor que eles não têm estamos nos nivelando por baixo e optando pela estagnação de nosso ser. Isso é grave, pois nossa existência adquire sentido, entre outras coisas, quando somos autônomos na condução das escolhas de nossa vida.
Por força da lógica que rege a internet, por influência do mercado ou por diversas outras razões muitas pessoas se deixam levar por propostas que são incompatíveis com sua identidade e com sua verdadeira forma de pensar.
Precisamos ficar atentos e nos perguntar: Que valores estamos defendendo quando nos tornamos seguidores de certos líderes? O que estamos construindo para nossa vida ao escolhermos como paradigmas líderes vazios e superficiais? Em que sociedade esperamos viver, no futuro, ao reconhecermos em comportamentos fúteis um valor muito superior ao que tem?
Não se trata de sermos conservadores ou fechados às novas tecnologias. Muito menos de defendermos que somente no passado existiam coisas boas, mas trata-se de atribuirmos a cada coisa, inclusive às inovações, o valor que de fato elas têm.

As futilidades ou brincadeiras devem ser tratadas como tais. O uso de certa figura como referência é coisa séria e precisa decorrer da reflexão e da crítica. 

13 março 2014

É para liberdade que Cristo nos libertou


                              A Campanha da Fraternidade é promovida pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – e no ano de 2014 a CF se propõe a enfrentar um grande desafio: "identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus" (objetivo geral).
                              O tráfico de pessoas é um crime que aniquila a liberdade, fere e mata a dignidade da pessoa humana. Não é possível exercer a dignidade humana na condição de traficado, pois a pessoa que se encontra nessa situação perde a identidade humana por ser tratado como coisa ou animal.
                              O Texto-base da CF-14 chama a atenção para a existência de quatro modalidades de tráfico: 1) tráfico para exploração no trabalho; 2) tráfico para exploração sexual; 3) Tráfico para extração de órgãos; 4) tráfico de crianças e adolescentes. Em todas elas o ser humano é instrumentalizado para atender ao interesse de outras pessoas e isso é escandaloso, pois a pessoa humana jamais pode ser transformada em coisa usada para satisfazer o interesse dos outros.
                              crime organizado – há uma rede complexa que oferece suporte para a operacionalização do crime; usa rotas previamente planejadas e muito estratégicas; é um crime invisível e silencioso – as vítimas não denunciam e muitas vezes sequer têm consciência do que lhes ocorre; as vítimas são seduzidas por meio de aliciamento e, posteriormente são coagidas; os aliciadores, de modo geral, não levantam suspeitas por serem do rol de amizades das vítimas ou por representarem boas propostas de emprego.
O crime de tráfico de seres humanos tem algumas características que precisam ser conhecidas e combatidas pelo Estado e pela Sociedade: é praticado pelo
                              O tráfico humano não pode ser confundido com o livre direito de migração. O foco da análise do tráfico é a exploração e a instrumentalização do ser humano para o atendimento do interesse de outras pessoas: a migração é um direito, o tráfico é um crime.
                           Uma das grandes dificuldades no combate ao crime é que "o tráfico conta com a conivência de pessoas influentes em importantes postos privados e públicos atrelados a outros tráficos (narcotráfico, tráfico de armas)", o que faz da proposta da Igreja uma profecia para os tempos atuais.
                              Faz parte de nossa Missão denunciar toda e qualquer forma de exploração do gênero humano. Onde houver um ser humano traficado, Jesus é crucificado nele. Cristo libertou o gênero humano de modo universal. Ninguém tem legitimidade para instrumentalizar qualquer ser humano, independente para que fim seja.
       

08 março 2014

08 de Março: DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Senhor,
No aconchego deste momento especial em que nos reunimos para homenagear as mulheres,
Queremos transformar nossos objetivos em uma singela oração...

De modo simples, Senhor,
Queremos te falar sobre essas criaturas tão maravilhosas,
E te recomendar cada uma delas, que revela em suas particularidades
O jeito incondicional de amar algo que o Senhor conhece tão bem!

Tantas são as mulheres que oferecem suas vidas para tornar a nossa vida melhor.
Tantas são as martirizadas nos calvários de nossa história preconceituosa e machista.
Tantas são as que, no silencio de seu coração quieto e humilde, já nos recomendaram  ao Senhor.

O que dizer dessas criaturas?
O que nosso jeito limitado de ser poderia dizer dessas especialistas na arte de viver?
Dizer que são doces? Dizer que são meigas, românticas ou sensíveis?
Isso é pouco. Muito pouco.

Não seria tudo, mas é fundamental que se diga que são de fibra. Que são fortes.
É urgente que se proclame que são criaturas que precisam de mais respeito e reverencia.

Ó Senhor, ajude-nos a fazer uma história diferente.
Ajude-nos a cuidar melhor desse ser que divide conosco a aventura da existência.
Abra nossos olhos para ver o invisível, abra nossos ouvidos para ouvir o inaudível. Aguce nossa sensibilidade e despe-nos do machismo, do egoísmo e da falsa idéia de superioridade. Faze-nos próximos!

E por falar em proximidade, Senhor, queremos te recomendar algumas mulheres especiais, que se destacam em nosso meio e que merecem nossa gratidão e homenagem:

Lembramos das mulheres de nossas famílias que nos acompanham no dia-a-dia: de modo especialíssimo nossas amadas!
Lembramos das Irmãs de nosso Colégio que transformam suas vidas em oferenda.
Lembramos das supervisoras, das professoras, das funcionárias e das outras mulheres que, mesmo escondidas, contribuem pare que nosso Colégio caminhe bem...

Senhor, obrigado pelas mulheres, companheiras nossas. Cuide de todas elas e ensina-nos a respeitá-las e a homenageá-las como merecem. Aceite nosso obrigado pela vida das mulheres e nos conceda licença para dizer a elas em alto e bom som:
VOCÊS SÃO MARAVILHOSAS! VOCÊS DÃO SENTIDO À VIDA!
NÓS AMAMOS MUITO CADA UMA DE VOCÊS!
PARABÉNS PELO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, BEIJO PARA TODAS!
                                                                    

05 março 2014

A vontade do indivíduo e a pressão do meio externo

            É comum haver um conflito entre o olhar individual e os imperativos sociais. Muitas vezes o sujeito sente-se "forçado" a agir de um modo pouco confortável para comportar-se da forma mais desejada pelo grupo social.
            As divergências entre a vontade própria e as opiniões alheias são fáceis de serem percebidas no campo da moda, da preferência musical, na escolha de tecnologias e na forma de se comportar, entre tantas outras situações.
            Muitas pessoas perdem de tal modo a autonomia, que vivem à sombra das determinações sócio-culturais, e o pior: sofrendo por terem que se comportar de modo diferente daquele que achariam certo ou que lhes daria maior alegria e satisfação. A vida torna-se pesada demais para quem carrega essa sina e não consegue descobrir caminhos que levem a outras possibilidades.
            Quantas vezes não nos deparamos com pessoas vestindo roupas que não combinam com elas (e que no fundo não gostariam de vestir); comprando produtos que não são compatíveis com sua condição econômica; ouvindo ou cantando músicas das quais não gostam; escolhendo ou aceitando comportamentos moralmente distantes de suas convicções ou princípios... não são poucas as situações capazes de oprimir e até aniquilar a individualidade.
            Não desejamos defender o outro extremo como modo de sobrevivência nessa seara, ou seja, não é o caso de propormos uma vida totalmente alheia ao olhar do outro ou às exigências culturais que nosso grupo social impõe; isso, provavelmente, seria mais danoso à felicidade e à preservação da identidade do indivíduo. O que podemos apontar como alternativa para o risco da opressão do coletivo passa por dois caminhos, entre outros: consciência e equilíbrio, sendo que este decorre daquela.
            Consciência ou autoconsciência remete-nos à busca de conhecimento de nós mesmos. Quanto mais nos conhecemos, mais somos capazes de perceber o impacto que as influências externas exercem sobre nós, isto é, o autoconhecimento nos permite ter maior clareza daquelas situações que nos deixam insatisfeitos e geram sofrimento. Quanto menor essa percepção, maiores as chances de sofrermos, muitas vezes sem saber muito bem o porquê, com as escolhas que fazemos.
            Equilíbrio é a provocação para estabelecermos um bom diálogo entre as demandas internas e as propostas externas. Precisamos buscar esta interface entre o que somos e desejamos e aquilo que esperam de nós, pois o atendimento de apenas uma dessas expectativas gerará algum tipo de agressividade a nós ou ao (s) outro (s). Essa dinâmica do equilíbrio gera a possibilidade de pensar no bem-estar de modo mais amplo, considerando a individualidade e a coletividade. Essa interação pode ser muito saudável.
            Evidentemente há situações que exigem posturas mais rigorosas, há propostas que desafiam nossos valores e princípios, isso é verdade. Nelas é possível que tenhamos que ser mais enérgicos e não negociarmos, mas enquanto for possível vivenciarmos o diálogo entre o que a sociedade espera de nós e nossa vontade, parece recomendável que o façamos.

            Que escolhas você tem feito que te incomodam? Que pesos você tem carregado em função das convenções ou das exigências externas? O que você gostaria de fazer para atender mais à sua vontade?

01 fevereiro 2014

É preciso mudar para manter a essência

            A corrida da história nos coloca, cotidianamente, diante de uma diversidade de caminhos, alguns dos quais representam um distanciamento dos principais valores e objetivos que temos, outros, porém, indicam e levam ao alcance de nossas metas, além de favorecerem o cultivo de nossa essência. É necessário que saibamos nos perguntar sobre tais destinos, a fim de termos uma vida mais suave.
            O dinamismo é um modo eficiente para tratar com as encruzilhadas da vida. A pessoa dinâmica desenvolve condições para lidar com a diversidade e com as adversidades. A vida é dinâmica; a mudança é uma constante, por isso nós também precisamos mudar para não ficarmos anacrônicos.
            Quem não muda fica fora do compasso; perde o ritmo, sai do tom. A estagnação existencial gera a incompatibilidade entre o sujeito e as circunstâncias. A falta de flexibilidade inibi a visão de mundo e leva a pessoa a não perceber-se como parte de um processo complexo.
            Por outro lado, desde os antigos, existe o receio de aceitar a mutabilidade como única regra da existência, ou seja, o devir constante cria uma insuportável insegurança e conduz à inacessibilidade da essência do ser, logo, a saída é compreender que há algo que não muda e algo que muda; há uma dimensão do ente que precisa permanecer e outra que precisa mudar.
            O que não muda pode ser chamado de identidade, de essência, de núcleo da pessoa ou ser e pode ser definido, superficialmente, como o conjunto de características que permitem identificar a pessoa como sendo quem ela é; são os elementos que fazem de cada pessoa alguém diferente das demais.
            Quanto à essência, o ideal é que cada um busque conhecer-se o suficiente para perceber aqueles pontos que constituem o núcleo de seu ser. Em relação a esses aspectos, deve haver um cuidado especial a fim de que a pessoa viva de modo coerente e estável.
            Para haver boa relação entre o imutável e o mutável, entre outras coisas, é fundamental que exista equilíbrio: mudar naqueles aspectos que nos colocam de frente com os avanços ou retrocessos típicos da história (pessoal ou coletiva) e manter fidelidade (a nós mesmos e aos outros) frente aos pontos que desafiam nossa identidade, nossos valores, nossa essência. Portanto, para permanecermos os mesmos precisamos mudar e devemos mudar para conseguirmos permanecer.
            Fazendo jus a dois grandes Filósofos Antigos (Heráclito e Parmênides), um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio; mas para tomar banho outras vezes, necessariamente, há algo de permanente tanto no homem, como no rio.

            Podemos nos perguntar: que elementos são constitutivos de nossa essência? Quais são os valores e princípios que por estarem gravados em nosso ser, não podemos ignorar? E ainda: em que precisamos mudar? Quais são os comportamentos que devemos alterar para nos relacionarmos melhor com as pessoas e com o mundo?

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