A corrida
da história nos coloca, cotidianamente, diante de uma diversidade de caminhos,
alguns dos quais representam um distanciamento dos principais valores e
objetivos que temos, outros, porém, indicam e levam ao alcance de nossas metas,
além de favorecerem o cultivo de nossa essência. É necessário que saibamos nos
perguntar sobre tais destinos, a fim de termos uma vida mais suave.
O
dinamismo é um modo eficiente para tratar com as encruzilhadas da vida. A pessoa
dinâmica desenvolve condições para lidar com a diversidade e com as
adversidades. A vida é dinâmica; a mudança é uma constante, por isso nós também
precisamos mudar para não ficarmos anacrônicos.
Quem não
muda fica fora do compasso; perde o ritmo, sai do tom. A estagnação existencial
gera a incompatibilidade entre o sujeito e as circunstâncias. A falta de
flexibilidade inibi a visão de mundo e leva a pessoa a não perceber-se como
parte de um processo complexo.
Por outro
lado, desde os antigos, existe o receio de aceitar a mutabilidade como única
regra da existência, ou seja, o devir constante cria uma insuportável
insegurança e conduz à inacessibilidade da essência do ser, logo, a saída é
compreender que há algo que não muda e algo que muda; há uma dimensão do ente
que precisa permanecer e outra que precisa mudar.
O que não
muda pode ser chamado de identidade, de essência, de núcleo da pessoa ou ser e
pode ser definido, superficialmente, como o conjunto de características que
permitem identificar a pessoa como sendo quem ela é; são os elementos que fazem
de cada pessoa alguém diferente das demais.
Quanto à
essência, o ideal é que cada um busque conhecer-se o suficiente para perceber
aqueles pontos que constituem o núcleo de seu ser. Em relação a esses aspectos,
deve haver um cuidado especial a fim de que a pessoa viva de modo coerente e
estável.
Para
haver boa relação entre o imutável e o mutável, entre outras coisas, é
fundamental que exista equilíbrio: mudar naqueles aspectos que nos colocam de
frente com os avanços ou retrocessos típicos da história (pessoal ou coletiva)
e manter fidelidade (a nós mesmos e aos outros) frente aos pontos que desafiam
nossa identidade, nossos valores, nossa essência. Portanto, para permanecermos
os mesmos precisamos mudar e devemos mudar para conseguirmos permanecer.
Fazendo
jus a dois grandes Filósofos Antigos (Heráclito e Parmênides), um homem não
toma banho duas vezes no mesmo rio; mas para tomar banho outras vezes,
necessariamente, há algo de permanente tanto no homem, como no rio.
Podemos
nos perguntar: que elementos são constitutivos de nossa essência? Quais são os
valores e princípios que por estarem gravados em nosso ser, não podemos
ignorar? E ainda: em que precisamos mudar? Quais são os comportamentos que
devemos alterar para nos relacionarmos melhor com as pessoas e com o mundo?