30 dezembro 2015

Política e dinheiro: relações perigosas

                Para deixar de ser governado por certas oligarquias (se é que isso aconteceu de fato!) o Brasil precisou estabelecer a ideia de que o dinheiro não poderia ser usado para fazer política, ou falando de outro modo, a política não poderia servir somente aos detentores do dinheiro, mas deveria comprometer-se com outros valores e objetivos.
                Usar o dinheiro para fazer política não é visto com bons olhos nos regimes democráticos, pois os interesses financistas levam o Estado e a classe política para rumos diferentes daqueles que interessam os cidadãos. A utilização de dinheiro para fazer política é vista pelos donos do capital como investimento que gerará, no momento oportuno, lucros exorbitantes.
                Quando o sistema jurídico-político não consegue estabelecer critérios claros, fiscalização rígida e eficiente que impeçam o uso do dinheiro no campo da política, assistimos a uma inversão catastrófica: passa-se a usar a política para fazer dinheiro. O que é, afinal, pior: usar dinheiro para fazer política ou usar a política para fazer dinheiro?
                O trocadilho não pretende ser demasiado lógico, ao contrário, deseja nos permitir refletir acerca da inevitável relação das duas situações. O ciclo é, evidentemente, vicioso, mas precisamos perceber os malefícios que provoca, afinal, atrelar os ideais e sonhos políticos de uma nação aos interesses do dinheiro é sinônimo de transformar em mercadoria os valores e anseios que garantem sentido à vida.
                O que temos visto no Brasil é a utilização da política como principal forma de fazer dinheiro. Com raríssimas exceções, os políticos brasileiros ocupam cargos públicos com objetivo de aumentarem seus patrimônios, de tornarem-se mais ricos e terem mais recursos pecuniários para gastarem nas próximas campanhas eleitorais. Ser político é estar mais próximo dos mecanismos capazes de fazer com que se consiga ganhar mais dinheiro, ainda que tais mecanismos sejam sórdidos, iligais, imorais e completamente distantes dos interesses republicanos e democráticos.
                A política usada para fazer dinheiro, no sentido que estamos utilizando aqui, é uma forma de neutralizar o verdadeiro sentido da política. É um modo de fechar os olhos para a necessidade de tornarmos a sociedade um lugar adequado e confortável para o maior número possível de pessoas. É contraditório e eticamente inaceitável.

                É fundamental que fiquemos atentos a fim de não contribuirmos com essas práticas. É necessário pensarmos nas estratégias que alimentam o ciclo vicioso entre política e dinheiro: reeleições, dinheiro de empresas particulares para campanhas políticas, profissionais da política etc. enquanto o dinheiro estiver sendo usado para fazer política, a política será usada para fazer dinheiro. Essa é uma consequência praticamente inevitável.          

26 novembro 2015

O que você tem compartilhado nas redes sociais?

                Você geralmente lê com atenção as mensagens que repassa nas comunidades sociais? Procura averiguar a fonte? Pergunta sobre a confiabilidade da fonte? Faz um juízo de valor a respeito dos efeitos positivos ou negativos das mensagens que você encaminha?
                As redes sociais, especialmente em função da facilidade gerada pela possibilidade de se fazer tudo pelo telefone celular (smartphone), têm potencializado a produção de uma quantidade exagerada de informações. Ao longo do dia são incontáveis as vezes que enviamos e recebemos mensagens, mas é importante perceber que os aparelhos e aplicativos não nos isentam das responsabilidades pelo que enviamos, ou seja, quando encaminhamos uma mensagem, ainda que via whatsapp ou facebook, de algum modo, transformamos o conteúdo retransmitido em nossa opinião. Já pensou nisso?
                Muitas pessoas simplesmente encaminham ou compartilham! Contribuem para virilizar ideias sem fundamento! Engrossam a estatística de perfis ou comunidades completamente descomprometidas com os conteúdos que veiculam. Geram angústias... ansiedades... falsas esperanças. Em casos mais graves promovem mal-estar coletivo ou brincam com a sensibilidade bem intencionada das pessoas. Um grande número de pessoas nem imagina que as várias mensagens que reenviam ou compartilham fazem mal aos outros e até estão a serviço de ideias que elas mesmas não defenderiam de modo consciente... mas compartilham, afinal, para compartilhar não precisa discernir, nem pensar... é só clicar!
                Precisamos ser mais atentos no uso dessas novas tecnologias. Nossa capacidade de análise e crítica não pode encolher inversamente proporcional à grande oferta de produtos tecnológicos. Nossa racionalidade deve manter-se como um filtro capaz de viabilizar os melhores pontos de vista. Devemos usar os novos recursos e não sermos usados por eles. Uma atenção maior nos capacita a uma melhor percepção das intenções, muitas vezes veladas, presentes nas mensagens que recebemos e enviamos sem pensar. O desafio é vencer o automatismo: nem toda mensagem que nos chega precisa ser reencaminhada.
                O uso adequado das novas tecnologias é capaz de nos fazer contribuir com a amplificação das informações e de dar maior publicidade a situações que antes ficavam escondidas; a rapidez da tecnologia proporciona oportunidade de maior politização e transparência das informações de interesse público.

                Por outro lado, o mau uso é dramático e produz diversos efeitos negativos. Com o que você quer contribuir? O que você QUER compartilhar de fato? Que ideia você quer encaminhar como sendo sua opinião? Pense antes de compartilhar!

29 outubro 2015

Cuidado com os filhos: sinais de mudanças

 Nossos dias presenciam mudanças nas mais diversas áreas. É preciso ter cautela: nem todas as são negativas ou ruins. Há mudanças que sequer devem ser analisadas como boas ou ruins, diferentemente, exigem que assumamos um comportamento diferente do tradicional e, portanto, compatível com provocações que a respectiva mudança apresenta.
Uma dessas questões pode ser identificada na forma de cuidar dos filhos. Há algum tempo, cuidar dos filhos era sinônimo de não deixar faltar alimento e roupas; as boas mães e os bons pais eram aqueles que supriam as necessidades básicas e que, por manterem uma relação muito rígida com os filhos e filhas, acabavam gerando um certo tipo de educação moral. Não se esperava, de modo geral, que tais pais e mães oferecessem qualquer coisa além desse padrão básico.
As mudanças sociais apontam para novas exigências neste quesito. As crianças, por serem percebidas de outro modo, demandam outras formas de cuidado e atenção. Ser pai e mãe, diante das atuais exigências, requer uma releitura das estratégias de cuidado. É inevitável ir além dos modelos tradicionais.
Evidentemente não se trata de focar em bens materiais. As novas exigências e estratégias não se confundem com velhos equívocos de pensar que as crianças se satisfazem a médio e longo prazo com o recebimento de presentes materiais, aliás, tudo tem indicado que é a realidade é contrária a tudo isso: os filhos e filhas clamam por presença, por companhia.
Entre as possibilidades que se apresentam está a de brincar com as crianças. Brincar de coisas que aproximem pais e filhos. Brincar sentado no chão; brincar fora do mundo virtual; brincar, simplesmente brincar!
Quando os pais criam tempo para brincar com os filhos ocorre uma magia quase indescritível, pois nesses momentos as crianças se sentem visitadas em seu mundo particular. Os adultos, sem usar palavras, demonstram que prestigiam as crianças ao entrarem e interagirem naquela realidade tão importante para elas.
O ato de brincar diminui de modo saldável as hierarquias que impedem o trânsito dos afetos; as brincadeiras potencializam a confiança e a admiração que os filhos sentem com relação a seus pais e fazem com que os pais aproveitem o que seus filhos têm de melhor.
É interessante observar ainda que não são apenas as crianças que demandam cuidado em forma de brincadeira. Os adolescentes e jovens também andam carentes desse tipo de cuidado.

O convite é esse: rever a forma de cuidar dos filhos/filhas. Há muita coisa fácil e simples a nosso dispor. Na maior parte das vezes, as coisas mais importantes e significativas da vida não são compradas com dinheiro, ao contrário, são de graça: Graça!

29 setembro 2015

Com quem está o controle?

Imagine a seguinte cena: um grupo de amigas e amigos está reunido na sala em frente à televisão. Alguém pergunta: com quem está o controle? As pessoas, concentradas na programação, não ouvem a pergunta; ninguém responde, pois naquela situação ninguém tinha o controle...
O trocadilho é proposital: quem tem “o controle” controla a TV; quem não tem “o controle” é controlado!
Não estamos falando do eventual sumiço do controle-remoto do aparelho de televisão, mas de perder o controle sobre influência que a televisão e outras tecnologias desempenham na vida pessoal e familiar. Se as pessoas e famílias não tiverem controle sobre a televisão, serão “controladas” por ela e pagarão o preço de terem pensamentos, sentimentos e comportamentos planejados pelos outros.
A capacidade de pensar por si e de escolher o que é melhor para a vida é uma das características mais marcantes do ser humano. Diferentemente dos animais, nossos comportamentos não devem seguir uma lógica programada, ao contrário, as respostas que apresentamos aos estímulos da vida precisam passar pelos filtros de nossa racionalidade, isto é, devemos refletir e avaliar as informações que recebemos antes de agir ou de não agir. Cada ser humano vai formando ao longo da vida um conjunto de critérios racionais, emocionais, valorativos, religiosos que agem como referências para julgar o mundo que está à volta.
A tecnologia não é má em si mesma, ao contrário, pode contribuir muito para a qualidade de vida sendo uma poderosa aliada na efetivação de bens e serviços que tornam a vida mais suave e prazerosa. Mas o ser humano não pode perder-se nos emaranhados tecnológicos: o controle da vida (até onde isso é possível) deve manter-se em suas mãos.
Cada pessoa e, de certo modo, cada família, precisa fazer uma autocrítica acerca da forma como tem lidado com a tecnologia. Cresce o número de pessoas que ficam dependentes da conexão e desencadeiam intensas crises de ansiedade quando estão desconectadas; é recorrente a queixa de pais que percebem seus filhos nervosos, ansiosos e angustiados quando não estão praticando algum jogo ou “mexendo” em algum aparelho eletrônico; tem sido comum vermos pessoas sentadas em mesas de bares mexendo em seus avançados aparelhos de celulares ao invés de estabelecerem conexões físicas com os amigos ali presentes!

Tudo aquilo que rouba do sujeito sua capacidade de ser autor consciente de sua própria história o aliena e, consequentemente, o desumaniza. É preciso termos cuidado para não nos submetermos a práticas que sutilmente negam nossa essência. Por isso é importante perguntar: Com quem está o controle?Imagine a seguinte cena: um grupo de amigas e amigos está reunido na sala em frente à televisão. Alguém pergunta: com quem está o controle? As pessoas, concentradas na programação, não ouvem a pergunta; ninguém responde, pois naquela situação ninguém tinha o controle...
O trocadilho é proposital: quem tem “o controle” controla a TV; quem não tem “o controle” é controlado!
Não estamos falando do eventual sumiço do controle-remoto do aparelho de televisão, mas de perder o controle sobre influência que a televisão e outras tecnologias desempenham na vida pessoal e familiar. Se as pessoas e famílias não tiverem controle sobre a televisão, serão “controladas” por ela e pagarão o preço de terem pensamentos, sentimentos e comportamentos planejados pelos outros.
A capacidade de pensar por si e de escolher o que é melhor para a vida é uma das características mais marcantes do ser humano. Diferentemente dos animais, nossos comportamentos não devem seguir uma lógica programada, ao contrário, as respostas que apresentamos aos estímulos da vida precisam passar pelos filtros de nossa racionalidade, isto é, devemos refletir e avaliar as informações que recebemos antes de agir ou de não agir. Cada ser humano vai formando ao longo da vida um conjunto de critérios racionais, emocionais, valorativos, religiosos que agem como referências para julgar o mundo que está à volta.
A tecnologia não é má em si mesma, ao contrário, pode contribuir muito para a qualidade de vida sendo uma poderosa aliada na efetivação de bens e serviços que tornam a vida mais suave e prazerosa. Mas o ser humano não pode perder-se nos emaranhados tecnológicos: o controle da vida (até onde isso é possível) deve manter-se em suas mãos.
Cada pessoa e, de certo modo, cada família, precisa fazer uma autocrítica acerca da forma como tem lidado com a tecnologia. Cresce o número de pessoas que ficam dependentes da conexão e desencadeiam intensas crises de ansiedade quando estão desconectadas; é recorrente a queixa de pais que percebem seus filhos nervosos, ansiosos e angustiados quando não estão praticando algum jogo ou “mexendo” em algum aparelho eletrônico; tem sido comum vermos pessoas sentadas em mesas de bares mexendo em seus avançados aparelhos de celulares ao invés de estabelecerem conexões físicas com os amigos ali presentes!
Tudo aquilo que rouba do sujeito sua capacidade de ser autor consciente de sua própria história o aliena e, consequentemente, o desumaniza. É preciso termos cuidado para não nos submetermos a práticas que sutilmente negam nossa essência. Por isso é importante perguntar: Com quem está o controle?

28 agosto 2015

Dualidades e dualismos: o poder dos rótulos

Por heranças de antigas escolas filosóficas e teológicas, a sociedade ocidental aprofundou e até exagerou um modelo dualista de interpretar a realidade. Dois conceitos são interessantes para nós nessa reflexão: dualidade e dualismo. A dualidade tem a ver com a aceitação de que certa situação é melhor compreendida quando se considera a existência de duas dimensões que se inter-relacionam, ou seja, ao invés de se considerar isoladamente um evento, leva-se em conta suas conexões diretas ou indiretas com outra realidade a ele vinculado, assim, uma realidade conduz à outra de modo dialógico. Por exemplo, a relação entre o professor e o aluno: entende-se melhor a função do professor analisando-o na relação com o aluno, afinal, o que poderia ser compreendido acerca do professor se não existissem alunos?
O dualismo, por sua vez, também considera a existência de duas realidades para a compreensão, porém o faz de modo bem diferente, pois no dualismo exerce-se uma grande força no sentido de desqualificar uma das realidades para garantir validade ao aspecto que se quer compreender ou defender como legítimo, ou seja, o dualismo não trabalha com a possibilidade de existirem integrações, ao contrário, as realidades são vistas como excludentes. Por exemplo, visão medieval sobre corpo e alma: o corpo é ruim, propenso ao pecado etc, a alma é boa, voltada para a graça... um exclui o outro! Ou o indivíduo atende aos desígnios da alma ou aos infortúnios do corpo.
A princípio, podemos dizer que uma leitura dual (de dualidade, sem o “ismo” que indica exagero!) não representa grande ameaça, contudo, as leituras marcadas pelo dualismo são perigosas e impedem de enxergar, de modo mais equilibrado, diversas nuances das realidades que nos rodeiam, apesar de tais posicionamentos gerarem uma atraente sensação de segurança.
O grande desafio é superar a ideia de que o mundo está dividido em dois grupos radicalmente bem definidos: de um lado os bons; do outro, os maus. De um lado os justos, os heróis, os abençoados, os verdadeiros, os escolhidos... do outro, os injustos, os bandidos, os amaldiçoados, os mentirosos, os renegados. De um lado, aqueles que pensam como nós: pessoas admiráveis e bem quistas, do outro, os que pensam de modo diferente: dignos de pena e indesejáveis.
Será que as pessoas e realidades se encaixam de modo tão exato dentro dos conceitos que criamos? Perguntando de outro modo: os conceitos seriam capazes de exprimirem exatamente o que são as coisas ou as ações das pessoas? É confiável enquadrar as pessoas em rótulos rígidos? Considerando-se a suposta divisão mencionada no parágrafo anterior, temos fundamentos para dizer que umas pessoas são boas (só boas!) e outras ruins (só ruins!) ou seria mais razoável dizer que as pessoas apresentam comportamentos bons e outros ruins? Têm qualidades e defeitos?

Os rótulos destroem quem rotula e quem é rotulado, ainda que por razões diferentes.

17 julho 2015

Nas sombras do não-dito

                De um modo geral as experiências da vida podem ter mais que uma leitura. As situações com as quais nos deparamos guardam a possibilidade de serem interpretadas de modos diferentes.
                Primeiro é importante que superemos a lógica de tratar o diferente como errado ou como ofensivo. A forma de pensar dos outros não é equivocada somente porque é diferente daquela que julgamos correta; a interpretação que a outra pessoa tem de algum aspecto da vida não está absolutamente desviada simplesmente pelo fato de termos tido a respeito daquela mesma situação uma interpretação diferente. O diferente não é sinônimo de errado!
                Uma segunda observação vincula-se ao fato de que os temas que envolvem opiniões pessoais adotam um padrão de veracidade diferente daquele utilizado pelas ciências naturais, que, diga-se de passagem, não goza em nossos dias da absoluta credibilidade de outrora, como alguns pensam.
                Nas ciências naturais trabalha-se com a noção de prova, assim, uma coisa é verdadeira porque pode ser provada. A prova material, nesse sentido, cria a segurança de veracidade que possibilita dizer que certa coisa é verdadeira: as leis da física, as experiências da química, as explicações da biologia etc. Nesses campos os cientistas fazem certa afirmação e a validam por meio das provas que produzem.
                Mas nos aspectos da vida que não produzem esse tipo de prova é necessário trabalhar com outros critérios, logo, o verdadeiro e o falso; o certo e o errado; o bem e o mal; o justo e o injusto etc. se constroem a partir de outros padrões discursivos e interpretativos e não é possível, ou pelo menos não é prudente, que se adote o padrão das ciências naturais para avaliar, julgar ou validar as “verdades” dessas áreas.
                Por fim é indispensável esclarecer que a possibilidade de existirem interpretações diferentes e legítimas a respeito de certas situações não é o mesmo que estimular que toda e qualquer interpretação seja válida, ou seja, abrir-se para existência de percepções diferentes não é abrir mão do sentido ou da racionalidade; não é o mesmo que dizer que qualquer coisa está certa ou é legítima. É necessário que as interpretações que queiram participar legitimamente dos debates interpretativos tenham o mínimo de coerência e traduzam interpretações razoáveis e discutíveis. O relativismo é um mal tão danoso quanto o fundamentalismo absolutista.

                O grande exercício passa, portanto, pela leitura daquilo que é o não-dito. Antes de julgar como equivocada uma opinião diferente da sua, tente ler para além daquilo que está explícito na sua interpretação e na interpretação do outro. Há diversas coisas não-ditas; há interesses e ideologias que alimentam os discursos e que não estão explícitos nos enunciados. Mas atenção: isso vale para avaliar a interpretação do outro e a sua, afinal, essas são características das interpretações de um modo geral e não apenas das interpretações dos outros!

17 junho 2015

O olho do dono engorda o boi – pensando sobre a boa política

             Os ditados populares podem esconder sabedorias profundas e, mais que isso, podem nos permitir elaborar boas reflexões sobre diversos temas. Sem a pretensão de tornar absoluta qualquer verdade presente num simples ditado, mas partindo dele como pretexto para pensar, podemos nos perguntar: o boi a ser engordado com os olhos do dono pode ser a boa política?
            Respondamos afirmativamente à pergunta e pensemos em algumas implicações que isso teria.
            O ditado em questão nos estimula a pensar que as coisas melhoram, progridem, avançam quando estão acompanhadas pelo dono, pelo responsável. É como se a presença atenta, cuidadora e proativa do dono contribuísse para o bom desenvolvimento do projeto. De certo modo entende-se que que ninguém cuida tão bem, ninguém tem tanto poder para fazer com que as coisas funcionem adequadamente quanto o dono. Aqueles que cuidam no lugar do dono, por melhor que sejam, não o substituem nessa tarefa absolutamente intransferível de fazer com que “o boi” engorde!
            Um grupo de filósofos chamadas de contratualistas concluíram, entre os séculos XV e XVIII, que o povo é o verdadeiro dono do poder político; a ele pertence a soberania. A Constituição da República de 1988 – a Lei Maior do Estado Brasileiro, afirma algo semelhante logo em seu artigo 1º. Usando nossa metáfora podemos dizer que o povo não pode tirar os olhos do poder!
            Precisamos mudar a forma de pensar acerca das questões políticas. De um modo geral tratamos a política como algo que não nos pertence e transferimos aos candidatos eleitos a responsabilidade total de fazer com que as coisas deem certo. Desenvolvemos a falsa sensação de que o voto encerra nosso compromisso com a política. Perdemos a clareza de que os eleitos exercem um poder que não lhes pertence; esquecemos que o voto é uma procuração que outorgamos ao eleito para que nos represente, para que cuide por nós de um bem precioso... mas se não mantivermos os olhos vigilantes, nosso “boi” não vai engordar.
            Devemos ficar permanentemente atentos aos temas que envolvem a política. Acompanhar as ações dos parlamentares e governantes; alimentar nossa memória com os acontecimentos que são contrários aos nossos interesses; buscar informações mais detalhadas e profundas fora dos meios de comunicação dominantes; desconfiar dos representantes que não apresentam resultados concretos e sempre manter viva a certeza de que os candidatos eleitos exercem um poder que não é deles, mas nosso, pois somos nós os verdadeiros donos do poder.
            Por fim, sejamos inteligentes: como podemos continuar confiando em quem não dá demonstração de eficiência no trato com nosso melhor patrimônio? Não renove a procuração de quem só te dá prejuízos!
            Pense bem! Coloque o olho no boi de todos nós para que ele engorde.

13 maio 2015

Desafiando a obesidade emocional

            Estar fora da medida certa é um fantasma que amedronta a muitos. As pessoas não gostam de ficar acima do peso. O padrão estético que impera em nossos tempos exige uma certa magreza, contudo não é da “gordura” física que se pretende falar nesse breve artigo, mas de outro sobrepeso, o emocional.
            Metaforicamente, há muitas pessoas pesadas do ponto de vista emocional e psicológico; alguns sofrem até de certa obesidade mórbida e são incapazes de movimentos bruscos porque gozam de pouquíssima mobilidade.
            Assim como o corpo precisa reter uma quantidade adequada de energia para sobrevivência e, para ser saudável, não pode ficar pesado demais, o sistema psicoemocional também deve ter certos cuidados para permanecer mais leve. Somos bombardeados emocionalmente, todos os dias, por muitos alimentos que não nos fazem bem, por isso é indispensável que nos preocupemos com os exageros das calorias emocionais que ingerimos, sem cair no outro extremo, pois a desnutrição emocional geraria tantos problemas como a obesidade.
            Muitas coisas nos fazem ficar obesos do ponto de vista emocional: muitas programações às quais assistimos na TV – destaque para certas novelas e alguns noticiários focados em desgraças; as mensagens que circulam pelo facebook e  WhatsApp – destaque para as pornografias e para as correntes que geram sentimento de culpa; a forma como lidamos com a opinião das pessoas a nosso respeito etc.
            É preciso ter cuidado para que se crie uma rotina saudável. Aquilo a que assistimos na televisão, no teatro ou no cinema, ouvimos e vemos constituem alimento para o sistema emocional. Ora, se nos alimentamos de muita coisa que não presta aumentamos a chance de ficarmos gordos do ponto de vista psíquico-emocional, afinal, as “porcarias” são de digestão mais difícil e se acumulam com facilidade.
            Merece atenção especial, nesse sentido, a educação das crianças que estão em fase de crescimento, inclusive emocional e, por isso, estão mais vulneráveis à ingestão de alimentos emocionais indigestos e que fazem mal.
            Uma boa receita é se perguntar: isto que estamos levando para dentro de nossa cabeça é algo que edifica ou algo que destrói? Faz bem a médio e longo prazo ou é uma forma de atender à comodidade e à satisfação momentâneas? Está em harmonia com nossos valores pessoais ou está a serviço de algo que, em última análise, é diferente de nossa forma de pensar?
            A medida certa emocional é uma forma de curtir o melhor da vida e das relações com a percepção de que nem sempre devemos escolher o que tem aparência mais atraente; às vezes precisamos escolher o que é melhor, mesmo que menos atraente.
            Sua medida emocional está adequada para seu tamanho? Sente-se com boa mobilidade e disposição para o enfrentamento dos desafios da vida?

            Reeduque-se! Alimente-se de coisas boas! Invista em uma boa saúde emocional! 

08 abril 2015

O serviço gratuito como forma de humanização

            Cada vez mais nossa sociedade lida com preços. Tudo tem um preço! Para alguns, até mesmo as pessoas têm preço.
            Essa lógica de precificar tudo pode levar a um esvaziamento das relações e a um processo de coisificação da vida; conduz a uma inevitável sensação fragilidade e insegurança; promove o sentimento de que não podemos contar com as pessoas pelo valor intrínseco de nossa dignidade.
            A experiência do serviço nos permite superar a ideia de que a qualidade do serviço que prestamos está ligada à quantidade de dinheiro que as pessoas podem pagar direta ou indiretamente. As pessoas que entenderam e experimentam, no seu dia-a-dia, a beleza do serviço, testemunham que há ganhos superiores ao dinheiro disponíveis a alcançáveis por intermédio da relação serviçal.
            Evidentemente não se trata de defender que todo serviço tenha que ser gratuito. O pagamento por serviços é uma importante questão de justiça social e de moralidade. O que se questiona aqui é o equívoco de medir a importância das pessoas que receberão os serviços prestados pelo tanto de dinheiro que elas têm.
            Duas possibilidades são interessantes nesse contexto: a primeira é a de prestação voluntária de serviço e a segunda é a de assumir uma atitude de servidor, inclusive quando se recebe para prestar o serviço.
            A prestação voluntária de serviços não precisa necessariamente estar ligada a uma instituição ou a algum projeto, mas pode ser uma atitude livre e autônoma. A ideia é que exerçamos o serviço em nossos relacionamentos cotidianos, tanto com as pessoas mais próximas de nós como com as mais distantes. Servir pelo prazer de saber que o serviço ao outro é uma forma de humanização e de construção de uma vida melhor para nós mesmos e para as pessoas com as quais nos encontramos na estrada de nossa existência.
            O Serviço abre portas e quebra barreiras; aproxima-nos uns dos outros e permite relações menos artificiais; promove a possibilidade de entrarmos no mundo do outro e de aceitar que entrem em nosso mundo. Integra quem serve e quem é servido numa saudável relação de interdependência e de partilha, de modo que cada um contribui com algo indispensável para o crescimento e a felicidade do outro.
            Uma segunda possibilidade é praticar uma atitude de serviço, mesmo estando na condição de prestador oficial do serviço. Quem entende isso faz de sua profissão ou ofício algo que extrapola a prática burocrática das funções do cargo que exerce.
            Servidores públicos, atendentes em consultórios, secretárias de faculdades, escolas e igrejas, policiais e agentes de trânsito, professores, líderes religiosos etc. podem tornar a vida das pessoas mais suave se assumem uma atitude de servidores e extrapolam o mero cumprimento frio de suas funções.
            Ter boa vontade para contribuir com a resolução dos problemas das pessoas; considerar que do outro lado há uma vida que pode tornar-se melhor em decorrência de uma postura proativa daquele que serve; ter coragem de se sensibilizar e agir como quem ajuda a humanizar são modos eficientes de construir uma humanidade melhor.
            Seja você também um servidor! Ajude alguém! Permita-se o prazer de servir gratuitamente.

05 março 2015

Refazendo a forma de lidar com os recursos naturais: o drama da falta de água

            O período de chuvas passou e muitos reservatórios do Brasil continuam abaixo do nível razoável para abastecerem as necessidades das cidades. Na prática, os governos não conseguiram apresentar soluções convincentes para o problema e a possibilidade de não termos água é como um fantasma que nos amedronta.
            Algumas propostas são interessantes: propagandas educativas sugerindo economia de água; descontos na conta para quem consegue diminuir o gasto; multas para quem gasta mais que a média ou para quem for flagrado desperdiçando o líquido precioso. Contudo, essas medidas são paliativas e não resolvem o problema, apenas minimizam seus efeitos.
            Precisamos buscar soluções mais radicais e duradouras, soluções capazes de afastar definitivamente a ameaça da falta de água (e, por que não dizer: de outros recursos naturais), afinal, viver sem água ou com água de má qualidade nos desumaniza, além de gerar males físicos e emocionais.
            Desde o surgimento da Modernidade, o homem, baseado em certas concepções científicas e econômicas, vem torturando a natureza para extrair dela todos os seus segredos e para explorá-la de modo extremo. Nutre-se da certeza de que a natureza existe para atender, sem quaisquer limites, às necessidades imediatas dos indivíduos. Não há neste paradigma a noção de preservação dos recursos para as próximas gerações.
            As concepções modernas referidas anteriormente são percebidas ainda hoje em diversas situações práticas: muitos agricultores (inclusive pequenos!) lançam todo tipo de agrotóxico no solo, desmatam ou degradam regiões próximas a nascentes de rios: visam o aumento da produtividade e do lucro sem se preocuparem com as consequências destas atitudes.
            No âmbito residencial, há uma baixa consciência acerca da necessidade de uso racional dos recursos: torneiras abertas sem necessidade; banhos demorados; lavagem de calçadas e ruas; máquina de lavar roupa sem qualquer reaproveitamento de água... os exemplos se multiplicam!
            A questão é, portanto, mais profunda. Vai além da adoção de estratégias momentâneas fundadas no medo que a falta de água gera em todos nós. Precisamos mudar o paradigma para entender que os recursos naturais (todos e não somente a água) devem ser tratados de outro modo, pois a natureza não é uma escrava que nos atende sem cobrar um alto preço de nós mesmos e das gerações vindouras. Se não for tratada de modo razoável e adequado a natureza cobra seu preço e não há rota de fuga: temos que pagar!
            O grande desafio passa pela superação da ideia de que somos apenas consumidores que pagamos pelos produtos que consumimos e pronto! Esse pressuposto não vale para lidarmos com o mundo em um novo paradigma. Não basta que tenhamos dinheiro para pagar; não importa que alguma situação não esteja nos atingindo aqui e agora. O mundo é a casa de todos e tudo o que fizermos a essa casa, de algum modo, retornará para nós... não há um ‘lá fora’ para onde possamos transferir os problemas... não há outro tempo! Querendo ou não, somos confrontados com essa realidade e desafiados a oferecer nossa parte de contribuição para que uma nova forma de lidar com a natureza surja entre nós.

            Mude! Comece por você e por sua família. Reformule a forma de lidar com os recursos naturais (EM ESPECIAL COM A ÁGUA). Mude hábitos. Abra menos a torneira; reaproveite a água da máquina de lavar roupas; evite lavar calçadas com água da mangueira e jamais águe a rua! Vai dar trabalho ser exigente, mas é a melhor saída.

17 fevereiro 2015

Campanha da Fraternidade 2015 - CF-2015: Eu vim para servir

A Igreja católica, por meio da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, resolve lançar um desafio de renovação para os cristãos e católicos: recuperar a identidade de uma Igreja que se coloca a serviço.
            Ser serviçal não é uma característica adjetiva da Igreja de Jesus Cristo, diferentemente, servir é substancial. A Igreja é essencialmente serviço; é instrumento; é meio e não fim. Podemos afirmar que a Igreja encontra sua razão de ser e existir quando exercita a dimensão do serviço ao projeto de Jesus Cristo, especialmente no cuidado das questões humanas indispensáveis para a salvação integral (e não somente espiritual) da pessoa. O sentido de existência da Igreja é ser uma servidora sempre atenta e aberta aos desafios que cada momento da história apresenta a homens e mulheres.
            O mais eficiente modelo dessa dimensão servidora da Igreja é o próprio Jesus Cristo, que fez de sua experiência terrena uma permanente celebração de serviço, todavia, a lógica implementada pelo nazareno é bem específica: um serviço que prioriza os mais frágeis e humildes; que promove e inclui; que liberta para a autonomia. Essas devem ser, entre outras, as características da Comunidade-Igreja servidora. Não se trata de prestar serviços apenas, mas de ser serviço para quem precisa.
            Para cumprir sua vocação serviçal, a Igreja precisa fazer-se próxima. Não é possível servir de longe. Essa proximidade é uma forma de falar da necessidade da Igreja de quebrar as barreiras que a distanciam das pessoas para as quais foi instituída. As estruturas de poder, os interesses econômicos, os posicionamentos morais intransigentes, a ostentação, o diálogo pautado na representação institucional de papéis precisam ceder lugar ao contato próximo e direto com aqueles a quem a Igreja irá servir.
            Como modo de exercitar concretamente mais um serviço à sociedade brasileira, a Igreja propõe, entre outras, duas linhas de intervenção: estimular a sociedade a propor, por meio de iniciativa popular, projeto de lei que implemente a Reforma Política e estimular os católicos a valorizarem as Pastorais Sociais.
            O Projeto de Lei de Iniciativa Popular para reforma política vai permitir um melhor equilíbrio nas disputas eleitorais e uma menor influência do poder econômico na definição das eleições; uma maior participação nas Pastorais Sociais promoverá mais proximidade dos católicos com as pessoas que mais precisam de cuidado e serviço.
            A Igreja conclama os católicos e demais cristãos a se tornarem servidores especialmente da porta dos templos para fora; um serviço que testemunhe a força transformadora do Evangelho; que tenha efeitos práticos na vida das pessoas e da sociedade, demonstrando que ser cristão-católico é praticar uma fé operante, atual, viva e atenta às dificuldades reais que o povo vivencia.

            Participe. Informe-se sobre o Projeto de Lei de iniciativa popular que proporá a Reforma Política. Assine e convide outras pessoas para assinarem! Abra espaço em sua vida para alguma pastoral ou trabalho social. Aproxime-se dessas realidades, conheça mais de perto as condições de quem você poderá servir. Afinal, servir é a vocação fundamental do cristão e do ser humano de bem. 

05 fevereiro 2015

Consumo: o necessário e o supérfluo

            Estamos ouvindo dizer da necessidade de reajustes nas contas públicas; os governos estão prometendo gastar menos e melhor; a população está ansiosa por serviços de educação, segurança e saúde de melhor qualidade; os economistas alertam para a necessidade de boa gestão dos recursos. Não é novidade: O Brasil precisa tomar algumas providências para retomar os rumos e reencontrar a estabilidade.
            Tendo como princípio a noção de que o mundo é um sistema ou rede no qual todas as realidades estão interligadas e são interdependentes, é muito importante que cada um avalie os impactos que as mudanças mencionadas precisam gerar em sua vida e no contexto de sua família, pois não podemos cometer o equívoco de imaginar que os problemas não têm a ver conosco, ao contrário, cada um, querendo ou não, arca com sua parcela, paga seu preço nos momentos de crise e de reordenamento das questões econômicas.
            A análise da situação pessoal e familiar tem como objetivo a tomada de decisões a respeito de como conduziremos nossa vida financeira ao longo dos próximos meses ou anos, ou seja, entendendo que o país passa por um momento especial, devemos estabelecer estratégias que nos permitam sobreviver melhor. Há resultados que não temos como evitar, pois decorrem das movimentações da macroeconomia, mas há outros que estão em nossas mãos e podem ser controlados, pois refletem as escolhas que fazemos.
            Entre outros critérios que podem ser adotados, está o de medir se aquilo de que “precisamos” é necessário ou supérfluo, contudo é importantíssimo esmiuçarmos esses conceitos para que nossa avaliação seja eficiente.
            A princípio, podemos dizer que necessário é tudo aquilo que não pode esperar e supérfluo é aquilo que não faz falta de modo imediato, mas não podemos tomar esses conceitos de modo estático, ao contrário, o necessário e o supérfluo são relativos e flexíveis e precisam levar em conta a condição financeira de cada família, afinal, algo necessário poderá tornar-se supérfluo se há outra prioridade ou se não há recurso disponível para sua garantia.
            Uma armadilha que se deve evitar é a de misturar o acessório ao essencial, tornando ambos necessários. O acessório acompanha, agrega valor, pode gerar mais conforto e status, mas se não podemos pagar por ele, torna-se supérfluo. Uma família pode ter necessidade de um carro e até se sacrificar um pouco para comprá-lo, mas precisará refletir qual valor pode investir neste bem! Se investe valor superior ao que pode em função da marca, modelo, potência, acessórios etc... estes elementos podem ser supérfluos, embora o carro em si seja necessário.
            O aparelho de celular pode ser necessário... a marca ou o modelo de última geração podem ser supérfluos; a roupa é necessária... a etiqueta pode ser supérflua; a viagem de férias com a família pode ser necessária... o destino, a acomodação, a quantidade que se gastará... podem ser supérfluos. Quem desrespeita essa lógica corre o risco de ter com fartura o que é supérfluo e de enfrentar a falta do necessário.
            Por fim, duas indicações: cuidado com as compras parceladas, pois as parcelas constituem um passivo dramático na somatória das despesas mensais e escondem juros muitas vezes exorbitantes. A segunda é saber conviver com a poupança, ou seja, se sobrar algum dinheiro guardar para alguma eventualidade ou emergência.

            Faça uma autocrítica e tenha coragem de tomar as decisões necessárias para que sua vida financeira seja saudável, assim você contribuirá com sua parte para a economia do país e não sofrerá além do razoável com a crise. 

21 janeiro 2015

A exaltação da diversidade como expressão da democracia

            Os candidatos eleitos ou reeleitos em outubro do ano passado estão tomando posse neste mês de janeiro. As últimas eleições trouxeram algumas especificidades, principalmente no que se refere ao cargo de presidência da república: foi a disputa mais rigorosa desde o processo de redemocratização do Estado brasileiro.
            Os eleitores precisam ficar atentos para que as preocupações com a Política não voltem apenas nas próximas eleições. É indispensável que acompanhem as ações dos eleitos e empossados a fim de ter uma noção mais real e próxima daquilo que eles estão fazendo ou deixando de fazer. Na democracia, o exercício da cidadania não se exaure com o voto, ao contrário, estende-se por todo pleito, por toda vida!
            Além de ficar atento às escolhas dos políticos, o eleitor-cidadão precisa ainda buscar sempre mais amadurecimento em sua capacidade de interpretar e compreender o cenário político que se delineia na sociedade; neste sentido, é indispensável compreender que a democracia é um sistema de consagração da diversidade e essa diversidade precisa ser vista como positiva.
O sistema democrático é a principal tendência (teórica e prática) de nossos dias. Os Estados Modernos e Contemporâneos consagram a democracia como a forma mais avançada de exercício do poder político e de gestão da coisa pública e, mesmo que esse não seja um regime perfeito, é o melhor que temos (Norberto Bobbio).
A possibilidade de posições diferentes e antagônicas coexistirem e debaterem entre si é elemento essencial no universo democrático, afinal, se todas as pessoas tivessem que pensar do mesmo modo teríamos algum tipo de totalitarismo. A existência de múltiplos pontos de vista constitui a natureza da própria democracia e da vida social e não pode ser obstáculo para construção de um Estado que respeite os direitos fundamentais.
Aos eleitores-cidadãos compete exercer, independentemente do candidato de sua preferência ter ganhando ou perdido, uma postura de vigilância madura. Vigia-se buscando proximidade com o mundo da coisa pública (república). Não é possível contribuirmos com a boa política sem que estejamos razoavelmente próximos dessa realidade. Aqui cabe inclusive um alerta quanto à filtragem das informações veiculadas pela mídia: Precisamos aprimorar cada vez mais nosso senso crítico para termos uma opinião melhor qualificada e maturidade no sentido de não ficarmos restritos a interesses muito particulares.
A política deve ocupar-se prioritariamente do bem comum. Há pessoas que só conseguem ver a política como forma de levar vantagens pessoais ou familiares. Isto dificulta e até inviabiliza a evolução do sistema republicano democrático.
Por fim é importante aplicarmos à política uma regra básica das disputas: saber ganhar e saber perder. Não é possível pensarmos um sistema democrático em evolução se os envolvidos não sabem conviver com os resultados alcançados nas urnas. Mesmo reconhecendo que existem contradições ou fragilidades no sistema eleitoral, precisamos acatar sua legitimidade. Algumas pessoas, por não saberem perder, defendem o retorno de posturas totalitárias. Isso leva a um lamentável risco, pois essas pessoas ignoram a tragédia típica dos regimes ditatoriais e parecem desconhecer episódios tenebrosos de nossa história recente.
Precisamos evoluir e não retroceder. Combater a corrupção deve ser uma meta de todos nós, mas isso implica em nos dispormos a exercer de modo mais autêntico nossa cidadania. Seja um cidadão participativo. Interesse-se por política. Pratique uma democracia vigilante e madura.

UM ESPAÇO A MAIS!!!

Blog dedicado à partilha de informações e materiais de apoio das disciplinas que leciono e à publicação dos artigos que escrevo. Espaço virtual de democratização da busca pelo saber. "Espaço" reservado à problematização e à provocação! Um potencializador das indagações nossas de cada dia. Um Serviço!

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QUE O AMOR SEJA NOSSO ALIMENTO COTIDIANO;

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PENSE, AVALIE-SE, PLANEJE...

VAMOS CONSTRUIR UM ANO CHEIO DE CONQUISTAS:

"Quem não tem jardins por dentro não planta jardins por fora e não passeia por eles" (Rubem Alves).

Invista, antes de tudo, em seus jardins interiores, para ser capaz de ver a beleza dos jardins de fora.

ESCOLHA COMO VOCÊ QUER SER:

"Existem pessoas que choram porque as rosas têm espinhos...

existem outras que dão gargalhadas porque os espinhos têm rosas" (Confúcio).

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