Os
candidatos eleitos ou reeleitos em outubro do ano passado estão tomando posse
neste mês de janeiro. As últimas eleições trouxeram algumas especificidades,
principalmente no que se refere ao cargo de presidência da república: foi a
disputa mais rigorosa desde o processo de redemocratização do Estado
brasileiro.
Os
eleitores precisam ficar atentos para que as preocupações com a Política não
voltem apenas nas próximas eleições. É indispensável que acompanhem as ações dos
eleitos e empossados a fim de ter uma noção mais real e próxima daquilo que
eles estão fazendo ou deixando de fazer. Na democracia, o exercício da
cidadania não se exaure com o voto, ao contrário, estende-se por todo pleito,
por toda vida!
Além de
ficar atento às escolhas dos políticos, o eleitor-cidadão precisa ainda buscar
sempre mais amadurecimento em sua capacidade de interpretar e compreender o
cenário político que se delineia na sociedade; neste sentido, é indispensável
compreender que a democracia é um sistema de consagração da diversidade e essa
diversidade precisa ser vista como positiva.
O sistema democrático é a principal
tendência (teórica e prática) de nossos dias. Os Estados Modernos e Contemporâneos
consagram a democracia como a forma mais avançada de exercício do poder
político e de gestão da coisa pública e, mesmo que esse não seja um regime
perfeito, é o melhor que temos (Norberto
Bobbio).
A possibilidade de posições
diferentes e antagônicas coexistirem e debaterem entre si é elemento essencial
no universo democrático, afinal, se todas as pessoas tivessem que pensar do
mesmo modo teríamos algum tipo de totalitarismo. A existência de múltiplos
pontos de vista constitui a natureza da própria democracia e da vida social e
não pode ser obstáculo para construção de um Estado que respeite os direitos
fundamentais.
Aos eleitores-cidadãos compete
exercer, independentemente do candidato de sua preferência ter ganhando ou
perdido, uma postura de vigilância madura.
Vigia-se buscando proximidade com o mundo da coisa pública (república). Não é
possível contribuirmos com a boa política sem que estejamos razoavelmente
próximos dessa realidade. Aqui cabe inclusive um alerta quanto à filtragem das
informações veiculadas pela mídia: Precisamos aprimorar cada vez mais nosso
senso crítico para termos uma opinião melhor qualificada e maturidade no
sentido de não ficarmos restritos a interesses muito particulares.
A política deve ocupar-se
prioritariamente do bem comum. Há pessoas que só conseguem ver a política como
forma de levar vantagens pessoais ou familiares. Isto dificulta e até
inviabiliza a evolução do sistema republicano democrático.
Por fim é importante aplicarmos à
política uma regra básica das disputas: saber ganhar e saber perder. Não é
possível pensarmos um sistema democrático em evolução se os envolvidos não
sabem conviver com os resultados alcançados nas urnas. Mesmo reconhecendo que
existem contradições ou fragilidades no sistema eleitoral, precisamos acatar
sua legitimidade. Algumas pessoas, por não saberem perder, defendem o retorno
de posturas totalitárias. Isso leva a um lamentável risco, pois essas pessoas
ignoram a tragédia típica dos regimes ditatoriais e parecem desconhecer
episódios tenebrosos de nossa história recente.
Precisamos evoluir e não retroceder.
Combater a corrupção deve ser uma meta de todos nós, mas isso implica em nos
dispormos a exercer de modo mais autêntico nossa cidadania. Seja um cidadão
participativo. Interesse-se por política. Pratique uma democracia vigilante e
madura.