O período
de chuvas passou e muitos reservatórios do Brasil continuam abaixo do nível
razoável para abastecerem as necessidades das cidades. Na prática, os governos
não conseguiram apresentar soluções convincentes para o problema e a
possibilidade de não termos água é como um fantasma que nos amedronta.
Algumas
propostas são interessantes: propagandas educativas sugerindo economia de água;
descontos na conta para quem consegue diminuir o gasto; multas para quem gasta
mais que a média ou para quem for flagrado desperdiçando o líquido precioso. Contudo,
essas medidas são paliativas e não resolvem o problema, apenas minimizam seus
efeitos.
Precisamos
buscar soluções mais radicais e duradouras, soluções capazes de afastar
definitivamente a ameaça da falta de água (e, por que não dizer: de outros
recursos naturais), afinal, viver sem água ou com água de má qualidade nos
desumaniza, além de gerar males físicos e emocionais.
Desde o
surgimento da Modernidade, o homem, baseado em certas concepções científicas e
econômicas, vem torturando a natureza para extrair dela todos os seus segredos
e para explorá-la de modo extremo. Nutre-se da certeza de que a natureza existe
para atender, sem quaisquer limites, às necessidades imediatas dos indivíduos.
Não há neste paradigma a noção de preservação dos recursos para as próximas
gerações.
As
concepções modernas referidas anteriormente são percebidas ainda hoje em
diversas situações práticas: muitos agricultores (inclusive pequenos!) lançam
todo tipo de agrotóxico no solo, desmatam ou degradam regiões próximas a
nascentes de rios: visam o aumento da produtividade e do lucro sem se preocuparem
com as consequências destas atitudes.
No âmbito
residencial, há uma baixa consciência acerca da necessidade de uso racional dos
recursos: torneiras abertas sem necessidade; banhos demorados; lavagem de calçadas
e ruas; máquina de lavar roupa sem qualquer reaproveitamento de água... os
exemplos se multiplicam!
A questão
é, portanto, mais profunda. Vai além da adoção de estratégias momentâneas
fundadas no medo que a falta de água gera em todos nós. Precisamos mudar o
paradigma para entender que os recursos naturais (todos e não somente a água)
devem ser tratados de outro modo, pois a natureza não é uma escrava que nos
atende sem cobrar um alto preço de nós mesmos e das gerações vindouras. Se não
for tratada de modo razoável e adequado a natureza cobra seu preço e não há
rota de fuga: temos que pagar!
O grande
desafio passa pela superação da ideia de que somos apenas consumidores que
pagamos pelos produtos que consumimos e pronto! Esse pressuposto não vale para
lidarmos com o mundo em um novo paradigma. Não basta que tenhamos dinheiro para
pagar; não importa que alguma situação não esteja nos atingindo aqui e agora. O
mundo é a casa de todos e tudo o que fizermos a essa casa, de algum modo,
retornará para nós... não há um ‘lá fora’
para onde possamos transferir os problemas... não há outro tempo! Querendo ou
não, somos confrontados com essa realidade e desafiados a oferecer nossa parte
de contribuição para que uma nova forma de lidar com a natureza surja entre
nós.
Mude!
Comece por você e por sua família. Reformule a forma de lidar com os recursos
naturais (EM ESPECIAL COM A ÁGUA). Mude hábitos. Abra menos a torneira;
reaproveite a água da máquina de lavar roupas; evite lavar calçadas com água da
mangueira e jamais águe a rua! Vai dar trabalho ser exigente, mas é a melhor
saída.