Cada vez
mais nossa sociedade lida com preços. Tudo tem um preço! Para alguns, até mesmo
as pessoas têm preço.
Essa
lógica de precificar tudo pode levar a um esvaziamento das relações e a um
processo de coisificação da vida; conduz a uma inevitável sensação fragilidade
e insegurança; promove o sentimento de que não podemos contar com as pessoas
pelo valor intrínseco de nossa dignidade.
A
experiência do serviço nos permite superar a ideia de que a qualidade do
serviço que prestamos está ligada à quantidade de dinheiro que as pessoas podem
pagar direta ou indiretamente. As pessoas que entenderam e experimentam, no seu
dia-a-dia, a beleza do serviço, testemunham que há ganhos superiores ao
dinheiro disponíveis a alcançáveis por intermédio da relação serviçal.
Evidentemente
não se trata de defender que todo serviço tenha que ser gratuito. O pagamento por
serviços é uma importante questão de justiça social e de moralidade. O que se questiona
aqui é o equívoco de medir a importância das pessoas que receberão os serviços
prestados pelo tanto de dinheiro que elas têm.
Duas
possibilidades são interessantes nesse contexto: a primeira é a de prestação
voluntária de serviço e a segunda é a de assumir uma atitude de servidor,
inclusive quando se recebe para prestar o serviço.
A
prestação voluntária de serviços não precisa necessariamente estar ligada a uma
instituição ou a algum projeto, mas pode ser uma atitude livre e autônoma. A
ideia é que exerçamos o serviço em nossos relacionamentos cotidianos, tanto com
as pessoas mais próximas de nós como com as mais distantes. Servir pelo prazer
de saber que o serviço ao outro é uma forma de humanização e de construção de
uma vida melhor para nós mesmos e para as pessoas com as quais nos encontramos
na estrada de nossa existência.
O Serviço
abre portas e quebra barreiras; aproxima-nos uns dos outros e permite relações
menos artificiais; promove a possibilidade de entrarmos no mundo do outro e de aceitar
que entrem em nosso mundo. Integra quem serve e quem é servido numa saudável
relação de interdependência e de partilha, de modo que cada um contribui com
algo indispensável para o crescimento e a felicidade do outro.
Uma
segunda possibilidade é praticar uma atitude de serviço, mesmo estando na
condição de prestador oficial do serviço. Quem entende isso faz de sua
profissão ou ofício algo que extrapola a prática burocrática das funções do
cargo que exerce.
Servidores
públicos, atendentes em consultórios, secretárias de faculdades, escolas e
igrejas, policiais e agentes de trânsito, professores, líderes religiosos etc.
podem tornar a vida das pessoas mais suave se assumem uma atitude de servidores
e extrapolam o mero cumprimento frio de suas funções.
Ter boa
vontade para contribuir com a resolução dos problemas das pessoas; considerar
que do outro lado há uma vida que pode tornar-se melhor em decorrência de uma
postura proativa daquele que serve; ter coragem de se sensibilizar e agir como
quem ajuda a humanizar são modos eficientes de construir uma humanidade melhor.
Seja você
também um servidor! Ajude alguém! Permita-se o prazer de servir gratuitamente.