Os ditados populares podem esconder sabedorias
profundas e, mais que isso, podem nos permitir elaborar boas reflexões sobre
diversos temas. Sem a pretensão de tornar absoluta qualquer verdade presente
num simples ditado, mas partindo dele como pretexto para pensar, podemos nos
perguntar: o boi a ser engordado com os olhos do dono pode ser a boa política?
Respondamos afirmativamente à
pergunta e pensemos em algumas implicações que isso teria.
O ditado em questão nos estimula a
pensar que as coisas melhoram, progridem, avançam quando estão acompanhadas
pelo dono, pelo responsável. É como se a presença atenta, cuidadora e proativa
do dono contribuísse para o bom desenvolvimento do projeto. De certo modo
entende-se que que ninguém cuida tão bem, ninguém tem tanto poder para fazer
com que as coisas funcionem adequadamente quanto o dono. Aqueles que cuidam no
lugar do dono, por melhor que sejam, não o substituem nessa tarefa
absolutamente intransferível de fazer com que “o boi” engorde!
Um grupo de filósofos chamadas de
contratualistas concluíram, entre os séculos XV e XVIII, que o povo é o
verdadeiro dono do poder político; a ele pertence a soberania. A Constituição
da República de 1988 – a Lei Maior do Estado Brasileiro, afirma algo semelhante
logo em seu artigo 1º. Usando nossa metáfora podemos dizer que o povo não pode
tirar os olhos do poder!
Precisamos mudar a forma de pensar
acerca das questões políticas. De um modo geral tratamos a política como algo
que não nos pertence e transferimos aos candidatos eleitos a responsabilidade
total de fazer com que as coisas deem certo. Desenvolvemos a falsa sensação de
que o voto encerra nosso compromisso com a política. Perdemos a clareza de que
os eleitos exercem um poder que não lhes pertence; esquecemos que o voto é uma
procuração que outorgamos ao eleito para que nos represente, para que cuide por
nós de um bem precioso... mas se não mantivermos os olhos vigilantes, nosso
“boi” não vai engordar.
Devemos ficar permanentemente
atentos aos temas que envolvem a política. Acompanhar as ações dos
parlamentares e governantes; alimentar nossa memória com os acontecimentos que
são contrários aos nossos interesses; buscar informações mais detalhadas e
profundas fora dos meios de comunicação dominantes; desconfiar dos
representantes que não apresentam resultados concretos e sempre manter viva a
certeza de que os candidatos eleitos exercem um poder que não é deles, mas
nosso, pois somos nós os verdadeiros donos do poder.
Por fim, sejamos inteligentes: como
podemos continuar confiando em quem não dá demonstração de eficiência no trato
com nosso melhor patrimônio? Não renove a procuração de quem só te dá
prejuízos!
Pense bem! Coloque o olho no boi de
todos nós para que ele engorde.