A
diversidade é o maior sinal da riqueza que a humanidade é capaz de produzir.
Cada indivíduo é único e, portanto apto para fazer de si próprio e do mundo à
sua volta algo diferente e inédito. A expectativa na uniformidade é irracional
e fere a lógica que determina a natureza humana.
As
possibilidades das diferenças seguem, entre outros dois caminhos interessantes:
uma autoconstrução singular a partir dos contextos vivenciados por cada pessoa;
uma interpretação do mundo embasada nos pensamentos, valores e crenças que cada
pessoa desenvolve ao longo da vida.
No
que se refere à autoconstrução percebe-se que cada pessoa se define a partir
das escolhas que faz e das circunstâncias nas quais está inserido, ou seja, cada
um de nós tem liberdade para se fazer do modo como deseja. O humano não é
predestinado ser deste ou daquele modo. É legítimo que, no plano individual, as
pessoas façam suas escolhas e determinem suas vidas por intermédio de tais
escolhas.
Esta
autoconstrução justifica e legitima as tantas diferenças encontradas entre os
seres humanos. Demonstra que não há um padrão único ou uma forma absolutamente
correta que define os seres humanos, diferentemente, o que há de mais humano em
nós é exatamente essa real possibilidade de não sermos predeterminados,
engessados ou padronizados.
Por
outro lado, além de nos determinarmos, construímos também nossa visão de mundo.
Em cada situação concreta vamos determinando nosso modo de pensar sobre as
inúmeras realidades que nos circundam e aqui também se deve presumir a validade
da diversidade, afinal, um mesmo fato desperta interpretações completamente
diferentes em sujeitos que o testemunharam.
Ao
interpretarmos o mundo à nossa volta, criamos a cultura, a moda, a culinária;
ao buscar compreender os mistérios da vida fazemos diferentes experiências
religiosas; inventamos ciências, filosofias e ritos e todas estas construções
estão disponíveis aos indivíduos a fim de que possam se valer delas para criar
sua própria forma de pensar sobre a realidade.
Não
é razoável querer que as pessoas sejam parecidas demais ou que pensem de modo
muito unívoco, pois há muitos motivos para que sejam diferentes e que tenham
visões diferentes sobre o mundo, aliás, as diferenças são mais naturais, neste
sentido, que as semelhanças.
Por
fim, é bom esclarecer que não se pretende defender, com estas ideias, que inexiste
erro, equívoco, imoralidade; não se defende o relativismo que serve à
conveniência. Em tudo é preciso ter bom senso e equilíbrio. Em tudo é
indispensável considerar e respeitar o direito do outro de ser do jeito que é e
de pensar do jeito que desejar pensar. Ninguém está autorizado a impor nada a
ninguém com base no legítimo direito de ser diferente!