Debater sobre liberdade é experiência
antiga na história da humanidade. De certo modo, direta ou indiretamente, o
homem tem grande anseio pela sensação de liberdade. O homem, especialmente após
as mudanças promovidas pela Modernidade, tem necessidade de sentir-se livre e
de estabelecer sua vida a partir de suas escolhas.
A
liberdade, contudo, não pode ficar no plano da vida privada ou no mundo interno
do indivíduo apenas, precisa alcançar o âmbito da esfera pública e se
materializar em escolhas concretas dos indivíduos; é lá, nos assuntos de
interesse público, que os indivíduos precisam de espaço para exercer suas
convicções, opiniões, vontades e expectativas.
Há
duas forças que precisam dialogar com o intuito de se produzir indivíduos
efetivamente livres: Condições externas (a economia, o estado, a sociedade, a
educação, o direito etc.) e movimentos individuais em busca do exercício da
liberdade. A existência de anseio dos indivíduos pela liberdade sem o
reconhecimento estrutural por parte das instituições ou ainda o reconhecimento
externo da liberdade sem que os indivíduos ajam como seres livres, geram
esquizofrenias dramáticas.
O
sistema jurídico brasileiro consagra a liberdade como garantia (inviolabilidade
à liberdade, art. 5º), mas é absolutamente indispensável que cada indivíduo
tome posse dessa liberdade e sinta-se responsável pela condução de sua própria
vida e, consequentemente, pela construção do modelo de sociedade que deseja par
si e para os demais. Sem que os indivíduos assumam a própria liberdade nas mãos
e arquem com as responsabilidades típicas de pessoas livres, a garantia jurídico-constitucional
ou qualquer voz externa proclamando que os indivíduos são livres não passará de
mera formalidade; não produzirá frutos; não transformará a vida e jamais gerará
um modelo melhor de sociedade.
Tomar
posse da liberdade passa por ações concretas, por atitudes práticas vivenciadas
no cotidiano. Cada pessoa é convidada a fazer escolhas a partir de sua própria
interpretação da vida e não agir pela cabeça dos outros. Assim, no campo da
política, do consumo, da religião; na escolha de quais programas serão
reproduzidos pela televisão de casa; na seleção dos alimentos e da forma de se
alimentar; na quantidade de tempo que será dedicado às redes sociais; na
importância que terão as etiquetas e marcas; no conteúdo das mensagens que são
reencaminhadas via whatsapp ou facebook; se serão tratadas com um sorriso ou
com uma ‘cara feia’ as pessoas com as quais se encontrará ao longo do dia e em
incontáveis outras situações, sempre existirá grande probabilidade de que o
indivíduo possa estabelecer algum grau de escolha. Haverá liberdade!
É
desafiante assumir a responsabilidade pelo tipo de vida que se pretende viver,
mas nisso consiste, ao mesmo tempo, o preço e a vantagem da liberdade. Essa
deve ser nossa escolha: Escolher sempre!