As
relações humanas precisam passar pelo filtro do respeito para ser equilibradas.
Quando se tem respeito é possível abrir espaços de convivência na diversidade e
administrar as discordâncias. O respeito gera humanização, suaviza a vida e nos
torna capazes de fazer diferença nos lugares por onde passamos.
Por
outro lado, a falta de respeito é degradante, pois além de diminuir a vítima
revela a pequenez de quem pratica a ação ou omissão desrespeitadora. Faltar com
o respeito a alguém é sempre um fidedigno auto-retrato de uma personalidade
marcada pela baixa sensibilidade, pela inversão de valores ou até mesmo por
algum grau de perversidade.
O
respeito passa pelo cultivo da noção ética de que as dores que doem em mim
doerão também nas demais pessoas e de que os gestos que aliviam meus
sofrimentos ou geram bem estar para mim, farão o mesmo com relação às outras
pessoas. Não se trata de mercantismo fundado em barganhas nas quais se faz ao
outro tão somente pela motivação de receber o mesmo em troca, mas de perceber
que a mesma humanidade pulsa dentro de todas as pessoas.
Não se trata também de fazer uma discussão
retórica de defesa: ‘nem tudo que dói em mim, dói também no outro, pois cada
pessoa é diferente’. Aqui não conta o que nos faz diferentes, mas semelhantes. Há
uma incontável quantidade de situações que simbolizam desrespeito e somos
capazes de saber disso com o simples exercício de nos colocarmos no lugar da
outra pessoa. Pode ser que situações mais complexas exijam algum raciocínio melhor
elaborado, mas de modo geral, basta colocar-se no lugar do outro.
Precisamos encarar o desafio de
retomar o respeito como estratégia de convivência e saber que nossas ações ou
omissões produzem impactos. Vivemos em sociedade, não estamos em estado de
natureza com a liberdade de fazer qualquer coisa que tenhamos vontade. Pagamos
um preço pelos benefícios da vida social.
Olhar para as pessoas que estão dirigindo
a palavra a nós (professor, pastor, padre, cliente, amigo etc.) é uma questão
de respeito; oferecer o lugar para um idoso, gestante ou portador de
necessidade especial é uma questão de respeito; licença, desculpa e obrigado
são ‘palavrinhas’ mágicas que devemos ter sempre à mão, ou melhor, na ponta da
língua.
Por fim, é importante lembrar
que as faltas de respeito não podem ser tratadas com indiferença sob pena de
gerar desrespeito por omissão. Se, por exemplo, um aluno finge que o professor
não está em sala ministrando sua aula, o professor precisa dar sinais de que
isso o desrespeita, pois ficar indiferente pode significar uma omissão tão
desrespeitosa quanto a ação do aluno que dissimula e finge.
Respeitar a si e aos outros é
escolha. Cada pessoa precisa escolher ser mais humano e, consequentemente mais
respeitoso com a humanidade de cada semelhante. É preciso pagar o preço; é
urgente buscar, não cairá do céu de graça!