É
muito comum encontrarmos pais vivenciando intermináveis crises quando precisam
conceder aos filhos tratamentos diferentes. Há uma crença (crendice, talvez!)
instituída em nossa sociedade, segundo a qual o verdadeiro amor dos pais se
manifesta em um tratamento absolutamente igualitário aos filhos, ou seja, os
pais dão testemunho de amor quando trata os filhos de forma uniformizada, dando
exatamente os mesmos benefícios a todos.
Ocorre,
porém, que critérios exatos não são plenamente válidos para as relações
humanas. As pessoas são diferentes, precisam de coisas diferentes, demandam
atenção em quantidade e qualidade distintas, logo, não é possível manter um
tratamento idêntico na educação das crianças, adolescentes e jovens que estão
sob a responsabilidade direta ou indireta dos pais.
Nas
relações com os filhos não pode prevalecer um critério de justiça que oferece
de modo objetivo os mesmos benefícios para todos, pois isso não geraria justiça
efetiva, pois os filhos necessitam de coisas diferentes e o justo é oferecer,
na medida certa, aquilo que cada um precisa a fim de que se minimize o risco de
ser excessivo para um e escasso para o outro na oferta da mesma
quantidade/qualidade do bem oferecido.
Duas
observações se fazem necessárias: a primeira é que essas ofertas perpassam bens
materiais e não materiais. As demandas das pessoas não se diferem apenas no que
tange à necessidade de coisas materiais, mas também nos chamados bens
imateriais (afeto, conversas, modo de lidar, percepção do estado emocional,
elogio, palavra de estímulo etc.). Os pais precisam ficar atentos para oferecer
a quantidade certa de bens imateriais que cada filho precisa.
A
segunda observação liga-se à transparência. A justiça que se faz tratando as
necessidades de cada filho de modo personalizado não pode jamais ser vivida às
escondidas ou de forma velada. Aos poucos os pais precisam transformar essa
prática em algo natural e bem resolvido para si mesmos e deixar isso claro para
os filhos. Há pais que se sentem traidores quando percebem que oferecem algo a
mais para um filho e a menos para o outro. Isso não pode ser motivo de vergonha
nem sinal de que não são bons pais. Os filhos devem aprender que na vida as
pessoas são diferentes e demandam bens (materiais ou imateriais) distintos.
Pai
e mãe devem, enfim, observar bem as características de cada filho a fim de
conseguirem ser bons pais para cada um deles. Conhecer bem as especificidades
de cada filho possibilita aos pais tornaram-se mais próximos e serem mais
significativos nas relações com os filhos.
Todas as pessoas são diferentes,
inclusive os irmãos. Não é justo tratar pessoas diferentes com estratégias
idênticas.