A crise que assola nosso país é
cruel e dramática em diversas dimensões: afeta a economia, gera desempregos e
machuca principalmente os mais pobres e menos qualificados para o mercado de
trabalho; afeta a educação e expõe a prejuízos irreversíveis especialmente
crianças e adolescentes de escolas públicas; afeta as relações sociais criando
um clima de rivalidade, desconfiança e revanchismo entre as pessoas; afeta a
agenda política e jurídica das instituições que precisam investir demasiada
quantidade de energia e tempo para responder a problemas “novos” surgidos a
cada dia; afeta a vida individual e coletiva e gera enjôo, nojo e desespero...
desperta indignação.
A ousadia dos atores principais das
cenas de corrupção insiste em reafirmar que ainda estamos longe de superar as
páginas de nossa tragédia nacional. As reincidentes práticas ilícitas e/ou
imorais, protagonizadas por pessoas que estão sob investigação ou até
condenadas, dão conta de que nossos “representantes” não têm medo de qualquer
punição: não temem os juízes togados (poder judiciário) nem temem o soberano
juiz (povo, voto popular). Agem como se fossem donos do país. Depredam e roubam
um patrimônio de valor inestimável de todos nós: a esperança.
Além dos tantos prejuízos que o povo
tem sofrido no plano material, perder a esperança é lamentável. Os pais
precisam ter coragem para dizer a seus filhos e filhas que é possível construir
um país melhor e digno; aos professores é necessário acreditar que seu trabalho
contribui com uma nação que respeita seus membros. A esperança, a despeito de
não resolver todos os problemas do mundo, faz com que o olhar das pessoas para
o futuro seja positivo. Matar a esperança é um “crime” bárbaro e imperdoável. Ninguém
tem direto de fazê-lo, nem mesmo os mais despudorados da nação.
Sem esperança a auto-estima das
pessoas e da sociedade fica baixa; o brilho da vida fica opaco e cinzento; os
desafios se agigantam e os sonhos se esvaziam; o orgulho de ser brasileiro (e
até de ser gente!) se apequena; a força para lutar diminui e a confiança no ser
humano se esvai na atmosfera da absoluta falta de sentido. A esperança precisa
permanecer viva.
Mesmo
estando extremamente difícil manter a esperança, não temos outra escolha. Somos
desafiados e convidados a levantar nossa voz contra toda forma de desânimo.
Ergamos a cabeça, enchamos o peito e digamos: Viva a esperança em dias
melhores!