22 julho 2018

Identificar as opções: condição para boas escolhas na política


            É difícil imaginarmos que alguém consiga escolher bem alguma coisa sem conhecimento das opções disponíveis. Na verdade, o ato de escolher requer, por força de sua natureza, a existência de opções e o conhecimento destas apresenta-se como condição absolutamente indispensável para escolhas bem feitas.
            No campo da política (em especial das eleições) o adequado conhecimento das opções disponíveis reveste-se de muita importância, pois as pessoas eleitas pelas escolhas dos eleitores passarão a ter prerrogativas, poderes e funções capazes de interferir direta e indiretamente na vida das diversas coletividades e individualidades. Escolher sem identificar bem as opções é sinal de irresponsabilidade e pouca inteligência.
            Há ainda outro elemento que torna a escolha eleitoral mais grave que outras escolhas: a escolha da pessoa é sempre feita para um cargo específico, portanto, além de saber bastante sobre a pessoa que está sendo escolhida pelo voto é necessário saber o suficiente sobre o cargo para o qual se está escolhendo. Não se pode correr o risco de escolher uma pessoa boa que não tenha as habilidades necessárias para o desempenho das funções do cargo para o qual se candidatou.
            Nas eleições de 2018 votaremos em Presidente e Vice-presidente da República; Senador; Governador e Vice-Governador do Estado e Deputados estaduais. Estes cargos possuem funções específicas e exigem pessoas capazes de atuar neles de modo eficiente. Pode ser que um candidato tenha boas condições para deputado estadual e não tenha para govenador... o eleitor precisa identificar isso, portanto, votar é coisa muito séria e exigente.
            Além de conhecer as funções de cada cargo e de buscar pessoas capazes de representar o interesse do povo de forma competente, ao eleitor cabe ainda considerar que  os candidatos devem levar consigo um perfil de vida pública compatível com os valores que os eleitores desejam ver consagrados no campo da política. Algumas dicas são bastante universais, ou seja, válidas de forma ampla e geral no momento de pensar em quem votar. Vejamos.
            Candidato que está envolvido com alguma notícia de corrupção, mesmo que não tenha ainda sido condenado pela justiça, deve despertar nossa desconfiança. O princípio da presunção de inocência deve ser relativizado, pois é melhor deixar de votar em alguém que pode ter culpa a correr o risco de descobrir, despois da eleição, que esta pessoa estava envolvida com ilegalidade ou imoralidades públicas.
            Candidato que transformou a política em carreira profissional; que não tem histórico de defesa dos interesses da sociedade; que sempre foi patrocinado por dinheiro da iniciativa privada; que é figurinha repetida com aparência de novo; que herda o legado político de seus antepassados (avô, pai etc.); que aparece apenas em período de eleições deve nos deixar muito desconfiados, pois representa verdadeira ameaça ao interesse público e à necessidade de renovação no campo da política.
            Candidato que se destacou na vida privada como administrador de seu patrimônio pessoal (ou do patrimônio de sua família!), mas que nunca esteve envolvido com questões ligadas aos interesses públicos e milagrosamente se apresenta como alternativa para renovação da política deve despertar a curiosidade do eleitor e da eleitora... será que esta pessoa agora tornar-se-á defensora dos interesses da população ou transformará o cargo público em um instrumento em prol de seus interesses?
            Votar não é tarefa fácil! Na prática, pouquíssimos candidatos (e em alguns casos nenhum candidato!) merece a confiança e a aposta do eleitor. Tenha consciência da gravidade deste ato e pesquise. Procure saber sobre as funções de cada cargo e busque informações sobre a história do candidato. Seja honesto e corajoso. Se sua consciência te diz que certa pessoa não merece seu voto. Faça outra escolha.

O velho vestido de novo: oportunismo e manipulação na política


            No campo da política a novidade sempre atrai e seduz. A expectativa de que algo de melhor possa acontecer é sempre real e desejada. Alguns políticos se valem desse desejo e terminam por manipular as pessoas. É preciso ficar atento para não levar o velho transvestido de novo ou pior: o conservadorismo disfarçado de inovação; o repetitivo envolto em nova embalagem; a mesmice transmitida com palavras que fazem bem aos ouvidos e mal à vida.
            O mais comum é que os políticos que disputarão as eleições neste ano de 2018 tragam consigo propostas aparentemente inovadoras e discursos que traduzem uma aparente possibilidade de transformar a realidade; quase impossível imaginarmos um político dizendo que fará no próximo mandato as mesmas coisas que fez nos mandatos anteriores, ao contrário, prometerão que salvarão a pátria e resolverão os problemas de toda a sociedade além, é claro, de se autoproclamarem inocentes e de acusarem os adversários atuais de terem desgraçado o país.
            O eleitor precisa ficar mais esperto. O cidadão precisa deixar de ser bobo (com o perdão da grosseria!) e parar de cair em historinhas sem fundamento. Esta no momento certo para lembramos que a maioria da classe política brasileira atual encontra-se envolvida em escândalos de corrupção; muitos estão respondendo a processos e outros tantos se encontram condenados pela Justiça. Não é possível que votemos em gente que responde a processo por envolvimento em corrução ou que esteve (ou está!) enrolado em esquemas de desmanche do Estado e desrespeito aos direitos das pessoas, especialmente dos pobres e trabalhadores. Não importa de qual partido político seja o candidato: se está enrolado, não merece nossa confiança, pelo menos até que prove sua inocência.
            É preciso também muita atenção com aquele candidato que é oportunista; que aproveita do momento de desespero da sociedade para falar o que as pessoas querem ouvir. Se uma pessoa exerce cargo político há vários mandatos e nunca se destacou em defesa dos interesses da sociedade e/ou jamais foi visto como alguém que lutasse contra os esquemas de corrução, não dá para acreditar que seja diferente (farinha que vive no mesmo saco da outra farinha é farinha do mesmo saco!), logo, até que se prove o contrário, esse tipo de pessoa, de alguma forma, é coparticipante daquilo que estão fazendo com o Brasil.
            Votar em alguém é assinar uma procuração, ou seja, é conceder a alguém poderes para nos representar nos espaços de decisão; de defender nossos interesses em temas que dizem respeito à nossa vida. Se a pessoa que recebeu a procuração não nos representa de modo digno, honesto e respeitoso; se a pessoa eleita não é fiel ao que precisamos e queremos, é sinal de inteligência não renovar a procuração.
            A renovação é fundamental para a democracia. A alternância no poder é fundamento de uma sociedade respeitosa e equilibrada. Procuremos pessoas e propostas realmente novas. Rejeitemos o velho disfarçado de novo, o lobo em pele de cordeiro. Façamos de nosso voto uma declaração de que queremos pessoas e propostas que nos representem de verdade. Sua vontade é sagrada não a entregue a usurpadores.

Intervenção social: projeto de inclusão social e assistência


O Estado tem, entre ouras atribuições, a função de promover equilíbrio social, sendo seu dever interferir no jogo econômico-social a fim de que as pessoas tenham a maior igualdade possível de condições de sobrevivência e desenvolvimento individual, familiar e social. Ao Estado, neste sentido, compete planejar e intervir na organização social com o intuito de reparar processos históricos de exclusão ou simplesmente prestar socorro (humanitário!) a pessoas que se encontrem em situação de extrema vulnerabilidade e não tenham perspectiva de superação ou sobrevivência com as próprias forças.
            Entre as diversas formas de intervenção que o Estado dispõe para cumprir seu papel estão os projetos de inclusão social e a assistência. Em ambas, o Estado promove algum tipo de apoio que permite às pessoas saírem da condição de sub-oportunidade ou de risco extremo de sub-humanidade para um patamar mínimo de respeito à dignidade vilipendiada ou ameaçada.
            Os projetos de inclusão social são aqueles nos quais o Estado cria oportunidades para que as pessoas tenham possibilidade de entrar em “territórios” que não acessariam sem esta intervenção do Estado. De certa forma, algumas pessoas, fadadas à exclusão em decorrência de um histórico processo de tratamento injusto e desigual, conseguem se incluir por força destas políticas de inclusão social.
            Um bom exemplo de inclusão social são as cotas sociais em universidades públicas. O Estado, por meio de uma lei que destina parte das vagas do ensino superior público a estudantes de escolas públicas, promove a inclusão social de um grande número de alunos e alunas que não teria acesso às universidades públicas em função das deficiências do ensino público.
Se tivesse que disputar a vaga com uma pessoa que estudou nos melhores colégios, participou de variadas excursões e viagens e frequentou cursos de idiomas particulares, o estudante de escola pública estaria, flagrantemente, em desvantagem, então o Estado, por meio das cotas, promove esse indivíduo, dando a ele a oportunidade de disputar a vaga com as pessoas que se encontram na mesma condição que ele. Esta é uma forma de inclusão social, responsabilidade do Estado.
As assistências, por sua vez, são ações do Estado que visam amenizar um problema mais imediato. O Estado, dada condição vulnerabilidade da pessoa ou família, destina um apoio, pecuniário ou não, que minimiza a dificuldade. No caso de ação assistencial, o Estado não visa, primariamente, promover ou incluir a pessoa a fim de que ela, incluída, caminhe autonomamente no futuro.
            O exemplo de assistência pode ser visto nos benefícios de prestação continuada definidos e disciplinados pela lei orgânica de assistência social: a concessão de um salário mínimo para uma família que tenha um idoso que não tem direito a benefício previdenciário e cuja renda per capta da família é inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do salário mínimo, por exemplo. Na intervenção assistencial o Estado oferece um substrato básico para que a pessoa não perca, ao menos por completo, sua dignidade.
O Estado e a sociedade não podem confundir a natureza destas duas intervenções. Transformar programa de inclusão em assistencialismo é criar gaiolas-jaulas que aprisionam as pessoas (inclusive em época de eleições); esperar que a assistência se reverta em transformação e produtividade é romantismo desumano e cruel. Pense nisto!

Labor, trabalho, ação e o processo de humanização


A filósofa Hannah Arendt, ao tratar da condição humana, defende que o ser humano relaciona-se com o mundo a partir de três possibilidades: labor, trabalho e ação.
            Por labor a filósofa entende o universo da sobrevivência. Todo esforço realizado pela natureza humana para garantir a subsistência física do ser humano sobre a terra. No exercício do labor é precário o grau de humanidade e pequena a distância que separa o ser humano dos demais animais.
            No plano do trabalho ocorre uma evolução, os seres humanos, no uso de sua racionalidade, alteram o mundo natural e criam novos mundos para si. O esforço humano, neste caso, torna a vida mais suave e confortável; os mundos criados interagem com as pessoas e contribuem com a construção de sentidos para a vida.
            A ação, terceiro estágio de relação do homem com o mundo, é diferenciada. Por meio da ação o ser humano se reconhece, não somente como criador de cultura, mas se percebe como ser capaz de gestar os melhores significados para a existência. É na ação que efetivamente ocorre o desvendar do que há de melhor no humano.
            No mundo da ação há espaço para o exercício da criatividade: característica decisivamente humana. As pessoas saem da condição de meros sobreviventes e de simples reprodutores de mundos criados previamente para o lugar de protagonismo de suas próprias histórias. As pessoas que agem são, neste sentido, compreendidas como capazes de criar mundos novos.
            Nossa época vive o constante risco de evolução para o lado contrário do processo, ou seja, o risco de regredir ao invés de evoluir. Quando a relação com o mundo impede e inviabiliza a criatividade – mundo da ação – e faz com que o trabalhador tenha, na experiência do trabalho-labor, apenas (esse ‘apenas’ aqui deve ser visto como exclusivo) o meio de subsistência; quando a possibilidade de exercer a criatividade é completamente negada ao trabalhador, pode estar havendo um processo de desumanização das pessoas.
            A correria exagerada de nossa época; o viver praticamente para trabalhar – entendido como o fazer aquilo que o patrão manda -; a impossibilidade de exercer, no trabalho, qualquer capacidade relacional e criativa, fazem com que gestemos uma sociedade menos humana. A lógica liberal-capitalista, sob a desculpa da evolução humana, segura uma grande parte da população no plano do labor.
            Há alguns caminhos capazes de minimizar os riscos de desumanização que nos rodeia, entre os quais, dois se destacam: o primeiro é recolocar no centro da vida a importância das relações pessoais. Relacionar-se à moda antiga com as pessoas, ou seja, pessoalmente e não virtualmente; bater papo, trocar informações, contar/relembrar alguma história do passado e até debater algum assunto polêmico são formas de humanização que fortalecem contra os efeitos da lógica do labor que desumaniza.
            Outro caminho consiste na busca de melhor consciência do processo de mecanização e controle definido pelo mundo do labor. Quem percebe que é tratado como máquina no local de trabalho; quem se dá conta que não passa de um repetidor de ações; que a vida no trabalho o aprisiona no mundo da subsistência começa a se libertar para o mundo da ação.
            É preciso acordar: laborar, trabalhar e agir... subsistir, usufruir dos confortos que a cultura produz e se relacionar como gente.

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