A ciência fotografou no mês de Abril/2019, por intermédio
de um satélite, um buraco negro. O cientista Albert
Einstein já havia previsto, por meio de cálculos matemáticos, a existência
de tais buracos, mas é a primeira vez que se consegue provar.
As medidas do buraco negro fotografado são gigantescas:
vinte e sete mil vezes maior que o sol; trinta e oito bilhões de quilômetros de
diâmetro, situado a trinta e quatro bilhões de anos-luz da terra! Proporções e
dimensões inimagináveis para quem não lida cotidianamente com a astrofísica.
O buraco negro é capaz de engolir tudo o que se aproxima
dele: planetas, poeira cósmica, gazes e até a luz, por isso são chamados de
negros, designando a escuridão absoluta que caracteriza estes buracos.
Aproveitando esta importante descoberta da ciência para
refletir um pouco, é possível, metaforicamente, perguntar: será que dentro das
pessoas pode existir algum “buraco negro”? Será que nas relações interpessoais
há “buracos” capazes de engolir tudo, até a luz?
Há atitudes que são capazes de engolir qualquer coisa que
se aproxima delas. Há o risco de cultivarmos, dentro de nós, buracos
assustadores e vorazes. Entre outras possibilidades sugiro refletir sobre duas situações.
A primeira é o pessimismo, entendido como a convicção de
que as coisas tendem a dar errado; que o pior sobressairá ao melhor; que o
negativo vencerá – inevitavelmente – o positivo. O pessimismo possui força para
destruir os sinais de luz e de esperança que teimam aparecer na vida individual
e comunitária/coletiva. É forte o suficiente para engolir inciativas capazes de
transformar a realidade para melhor.
A segunda possibilidade é o preconceito, compreendido como
a certeza com relação a temas que desconhecemos de verdade. O preconceito deixa
o preconceituoso acomodado e com a sensação de superioridade com relação aos
assuntos e pessoas que desconhece, mas acredita conhecer; mata a possibilidade
de evolução de quem é preconceituoso e sufoca a chance de aperfeiçoamento; o
preconceito escurece tudo à sua volta; engole o respeito autêntico com relação
às pessoas; cria uma falsa sensação de normalidade ao considerar as diferenças
como poeira que pode ser sugada e desaparecer.
Com relação aos buracos negros presentes no universo não
há nada que possamos fazer. Eles continuarão engolindo tudo o que se aproximar
deles. Mas com relação aos buracos presentes dentro de nós há o que fazer.
Primeiro é necessário tomar consciência da existência de tais buracos dentro de
nós. Sem assumir isso com seriedade não é possível dar outros passos. Depois
devemos buscar com honestidade a mudança. A luta honesta (às vezes com ajuda
profissional!) é condição para eliminar ou controlar a força que certo buraco negro
exerce sobre nós. Os buracos negros que temos dentro de nós não sumirão
sozinhos. Temos que agir! Que tal começar?