25 maio 2020

Autoridade do argumento e argumento de autoridade


Olá! Alegria e paz! Desejo que tudo esteja bem com você!
Argumento é o nome que damos a um encadeamento de ideias destinadas a apresentar uma versão sobre alguma coisa. É uma organização de informações capaz de levar alguém a admitir a validade de determinado conhecimento sobre algo; de estimular e definir a forma de se comportar das pessoas.
O ideal é que os argumentos tenham sua própria autoridade; que carreguem consigo a força necessária para convencer os interlocutores; que transportem, em si mesmos, as razões que os tornam confiáveis e válidos. Os bons argumentos são, neste sentido, autônomos: têm em si as próprias razões de validade. Os bons argumentos portam autoridade.
Os argumentos ruins, por outro lado, se valem de força e subterfúgios. Em regra, as pessoas e instituições invocam argumentos ruins quando não possuem argumentos com autoridade. A falta de força e autoridade de um bom argumento leva ao uso de argumentos de força. A autoridade é substituída por algum tipo de autoritarismo; o fundamento das alegações não respeita a lógica e a ordem dos fatos; não guardam nexo com o que se alega.
Identificar argumentos de força não é tão difícil: o argumento que precisa ser gritado; que não pode ser questionado; que não dá ao interlocutor outra alternativa, senão obedecer, sem saber das razões... o argumento que invoca o famoso “você sabe com quem está falando?” exemplificam bem os argumentos de força e revelam pessoas que não possuem a força dos argumentos.
O uso do argumento de força está a serviço de garantir uma autoridade que a pessoa deseja (muito!) ter, mas não tem; ele, o argumento de força, mascara a trágica condição de alguém que deveria ter autoridade, mas, pela falta de habilidade e competência, não a tem e não pode admitir, pois isso implicaria deixar de ocupar lugar de suposta autoridade, então, maquia o argumento com a maquiagem barata da força e eventualmente de subterfúgios.
A substituição da força do argumento por argumentos de força acontece em todos os setores da vida social. No ambiente familiar os pais podem carecer de autoridade e isso leva-los a agir com argumentos de força; na educação os estudantes podem ser vítimas de mestres sem autoridade que invocam subterfúgios e força para coagir ou controlar; nas religiões há líderes despreparados que manipulam fieis ou subalternos com conteúdos de medo, líderes que não gozam de bons argumentos; na política há agentes eleitos (inúmeros!) que, pela absoluta incapacidade em desenvolver bons argumentos, se protegem e se projetam com base em argumentos vazios de legitimidade e cheios de força e subterfúgios.
Mas qual é o problema dos argumentos de força?
Eles estimulam crenças e comportamentos sem fundamento lógico! Desconsideram a capacidade racional das pessoas; nivelam por baixo e fomentam o espírito de manada. Os porta-vozes de argumentos de força (e logicamente aqueles que os defendem cegamente!) desenvolvem a equivocada mania de considerar bom somente quem ouve calado, bate palma, sente, pensa e age nos termos da coação do argumento de força.
Pense! Você tem facilidade para aceitar argumentos de força ou lida melhor com a força dos argumentos?

09 maio 2020

Fake News e pós-verdade


Olá!
Neste texto quero convidar você para refletir um pouco sobre dois conceitos bastante interligados: pós-verdade e fake news. A expressão pós-verdade é menos popular que a expressão fake News, mas é importante considera-la para melhor compreensão das fake news.
A inspiração para esta reflexão nasceu do podcast politiquês – Pós-verdade, fake news e as eleições no Brasil, publicado no dia 27 de maio de 2018.
O conceito de pós-verdade já é bem conhecido no ambiente acadêmico. Em tempos da pós-verdade as pessoas formam suas convicções dando valor e ênfase à subjetividade, sentimentos, crenças e opiniões para os quais não possuem qualquer fundamento objetivo. Pouco importa (e há casos que nada importa!) a objetividade dos fatos ou, falando de outra forma, a veracidade dos fatos. Vale somente o que a pessoa quer acreditar.
Na era da pós-verdade as pessoas se apegam a versões que satisfazem suas expectativas e frequentemente não estão abertas a qualquer diálogo franco e crítico que gere a possibilidade de outras versões sobre aquela ‘verdade’ já admitida como absoluta e inquestionável.
Observe que não se trata de um relativismo com relação à verdade, pois não se admite, na era da pós-verdade, a existência de múltiplas verdades, ao contrário, absolutiza-se uma ‘verdade’ mesmo que ela seja baseada tão-só na opinião e/ou em versões produzidas e distorcidas dos fatos, aliás, nem precisam existir os fatos para criação daquela ‘verdade’.
O conceito de fake news é bastante difuso no ambiente acadêmico. Ainda há debates em torno da abrangência e significado que os termos fake e news devem ter. será que todo boato dever ser considerado fake news? Quando um setor da imprensa resolve dar certa ênfase  a uma notícia, isso configura fake news? Um equívoco ou erro acidental em uma notícia a transforma em fake news?
Os questionamentos revelam que não é tão fácil caracterizar uma notícia como fake news, mas é possível trabalhar com indicações conceituais básicas: fake news são ‘conteúdos’ com aparência jornalística, não verificáveis, fraudulentos e carregados da intenção de enganar.
As fake news são fabricadas em grandes centros especializados, portanto, de modo geral, não são ingênuas e muito menos espontâneas ou acidentais. As empresas ou equipes que produzem fake news possuem capacidade de oferecer um ‘conteúdo’ que satisfaz as pessoas sedentas pela confirmação daquilo que acreditam. Olha o conceito de pós-verdade reaparecendo em nossa reflexão.
As fake news funcionam porque as pessoas não precisam de conteúdos fundados em fatos ou garantidos pela verificação. As pessoas valorizam as fake news porque na era da pós-verdade basta que algo confirme o que a pessoa acredita ou deseja acreditar. Não precisa ser verdade no sentido de ser verificável ou comprovável (verificado ou comprovado), se estiver de acordo com a opinião do sujeito, é suficiente.
Vale perguntar para encerrar: para onde caminha uma sociedade formada por pessoas que se sentem confortáveis com a pós-verdade e se embriagam com fake news? O que devemos fazer para não contribuir com a força das fake news?

Micropolítica: Uma alternativa.


Olá!
Desejo-te alegria e paz.
O filósofo Michel Foucault desenvolveu uma importante teoria sobre o poder, a qual chamou de microfísica do poder. Segundo essa visão as relações interpessoais estão sempre marcadas pelo poder. Em outras palavras, o poder não se manifesta apenas nas grandes relações estruturais/institucionais, mas perpassa as relações entre os indivíduos mesmo que isso não seja feito de modo ostensivo e consciente.
Tomo a liberdade neste artigo para parafrasear, respeitosamente, a ideia do filósofo Foucault trabalhando o conceito de micropolítica, entendendo por este conceito a presença de inevitáveis conteúdos de natureza política inerentes às relações que os indivíduos estabelecem entre si no dia a dia, nas relações informais, no comprimento das tarefas do cotidiano.
Duas situações justificam e motivam a consideração da micropolítica como proposta de reflexão: 1) o reconhecimento de que no contexto social tudo é política, ou seja, não é possível pensar qualquer ação social emanada do ser humano que não tenha conteúdo e repercussão política. 2) o cansaço, visível em nossos dias, quanto aos assuntos da política macro sistêmica.
Com relação ao cansaço generalizado com a política, basta conversar com as pessoas ou analisar dados de pesquisas que tratam sobre o tema. Há uma descrença coletiva no poder de transformação da sociedade por meio das estruturas e instituições políticas, bem como desconfiança e desprezo pelos políticos que atuam e representam tais instituições e estruturas. De modo geral as pessoas estão cansadas e descrentes quanto à possibilidade de serem tratadas com respeito pela política e pelos políticos.
Por outro lado, ainda é possível manter viva a esperança quando consideramos que cada indivíduo exerce atividade política, ou melhor, micropolítica. Não se trata, evidentemente, de uma esperança romântica ou fantasiosa, mas de compreender que cada indivíduo tem a oportunidade de fazer a diferença nas escolhas do dia a dia, sem a pretensão de transformar o país inteiro com suas pequenas ações, mas consciente de que, nas inúmeras experiências particulares ou dos pequenos grupos, as ações carregam conteúdos políticos que podem ser bons ou ruins.
Os indivíduos, ao compreenderem que suas ações individuais carregam conteúdos políticos, entendem que não é coerente esperar bons resultados da macro politica enquanto agem desconsiderando os efeitos negativos, ainda que menores, de suas ações individuais. Na verdade quem não se dispõe agir de forma justa e respeitosa nas oportunidades mais simples do dia a dia, perde a autoridade moral de exigir justiça e honestidade das pessoas e instituições.
O indivíduo se torna, portanto, bom político quando coloca em prática, nas ações do seu cotidiano, os valores morais e éticos. Lembrando que bons comportamentos no campo da micropolítica decorrem da escolha filme de cada indivíduo: são frutos de decisão pessoal. Não caem do céu.

UM ESPAÇO A MAIS!!!

Blog dedicado à partilha de informações e materiais de apoio das disciplinas que leciono e à publicação dos artigos que escrevo. Espaço virtual de democratização da busca pelo saber. "Espaço" reservado à problematização e à provocação! Um potencializador das indagações nossas de cada dia. Um Serviço!

SEJA BEM VINDA (O)!
______________________________________________

CONTATO:

Você pode entrar em contato comigo através do e-mail, por favor, identifique-se no assunto do e-mail a fim de que eu possa atender você rapidamente.

E-MAIL:
lugafap@yahoo.com.br

_________________________

CAROS AMIGAS E AMIGOS!

ESPERO E DESEJO:

QUE A ESPERANÇA SEJA NOSSA GUIA;

QUE A PERSEVERANÇA SEJA NOSSA COMPANHEIRA DE ESTRADA;

QUE O AMOR SEJA NOSSO ALIMENTO COTIDIANO;

QUE O BOM HUMOR SEJA NOSSO PAR INSEPARÁVEL NO BAILE GOSTOSO DA VIDA;

QUE OS RECOMEÇOS SEJAM SINAIS DE NOSSAS TENTATIVAS.

ARQUIVO DE ARTIGOS / POSTAGENS ANTERIORES

________________________________


PENSE, AVALIE-SE, PLANEJE...

VAMOS CONSTRUIR UM ANO CHEIO DE CONQUISTAS:

"Quem não tem jardins por dentro não planta jardins por fora e não passeia por eles" (Rubem Alves).

Invista, antes de tudo, em seus jardins interiores, para ser capaz de ver a beleza dos jardins de fora.

ESCOLHA COMO VOCÊ QUER SER:

"Existem pessoas que choram porque as rosas têm espinhos...

existem outras que dão gargalhadas porque os espinhos têm rosas" (Confúcio).

Seguidores