Alegria e paz!
A pessoa humana é dotada de uma
dignidade inviolável e inafastável, cujo fundamento é o próprio fato de ser
pessoa, ou seja, a dignidade da pessoa humana não vem de fora; não nasce por
causa de uma lei ou de uma filosofia; não se limita a uma fé religiosa. A
dignidade, isto é, o valor natural e inseparável de cada pessoa, existe a
partir do instante que a pessoa é concebida.
A clareza de que a pessoa tem uma
dignidade intocável deve ser o ponto de partida para as interpretações sobre a
vida e sobre a sociedade, de tal forma que sempre se pregunte: esta situação
fere a dignidade da pessoa humana? Esta decisão – individual,
comunitária, social, governamental – coloca em risco ou gera prejuízos
irreparáveis ou de difícil reparação para uma pessoa ou para um grupo de
pessoas? Toda vez que a resposta for sim para estas e outras perguntas
semelhantes, vale a pena auto avaliar ou avaliar os pensamentos, sentimentos e
ações.
A dignidade da pessoa, todavia, não é
apenas um discurso teórico ou um princípio abstrato a ser usado em discursos ou
textos reflexivos, ao contrário, a dignidade humana deve ser garantida nas
situações concretas da vida cotidiana; deve ser assegurada na efetivação dos
direitos de cada pessoa, de cada indivíduo. Não tem sentido reconhecer a
dignidade da pessoa humana nas declarações jurídicas, filosóficas e teológicas
e deixá-la perecer na vida das pessoas, pois é exatamente aí, na vida de cada
ser humano, que sobrevive ou morre a dignidade humana.
A preservação e a valorização da
dignidade humana acontecem, de forma mais eficiente, quando as redes de
relações sociais compreendem seu papel e se tornam territórios favoráveis ao
desenvolvimento integral da pessoa. Redes de proteção saudáveis e honestas
representam ambiente fértil para o cultivo da dignidade humana e mecanismos de
fiscalização que coíbem as ameaças.
A primeira rede social importante é a
família. A família precisa ter as condições necessárias para fazer com que seus
membros – desde quem está na vida intrauterina até os que estão na velhice –
sejam respeitados como pessoas, sintam a força do amor que os une e tenham as
condições materiais, emocionais e espirituais para o crescimento e o bem viver.
A família precisa cultivar práticas que estimulem respeito e valorização de
cada membro.
A segunda rede importante é a
comunidade. O ser humano que tem laços comunitários possui maiores condições de
realização como pessoa. A comunidade é o espaço onde as pessoas experimentam o
sentimento de pertença a um grupo maior que a família e descobrem que suas
angústias e dores, suas alegrias e tristezas são comuns a mais pessoas; na
comunidade nasce o espírito de solidariedade, de voluntariado, de partilha;
nascem os laços que fortalecem para os desafios da vida.
A terceira rede é a escola,
território da educação formal que deve preparar para a vida adulta, para a
convivência social equilibrada e para o mercado de trabalho. A escola deve
cuidar para que seus processos jamais sejam excludentes; deve se levantar
contra os privilégios que perpetuam as desigualdades. A escola deve estimular a
criatividade e o respeito à diversidade; deve garantir que alunas e alunos tenham
as condições necessárias para serem aquilo que são e para que se desenvolvam na
direção que sonharam.
Pessoas respeitadas e empoderadas na
família, na comunidade e na escola se tornam mais conscientes de seus papeis na
sociedade – quarta rede de relações sociais. Uma sociedade é tão melhor e mais
justa quanto mais consegue desenvolver compromisso com a dignidade de cada
pessoa.