Na mitologia grega a ninfa Eco era conhecida por tagarelar demais e por querer dar a última
palavra em todas as conversas. A tagarelice associa-se à prática de falar sem
pensar e sem a consciência de que o conteúdo das falas retorna, de algum modo,
para quem os emite e foi exatamente esta a maldição da ninfa helênica: conviver
eternamente com o retorno de sua fala, ou seja, com o eco de si própria.
Usando a construção mítica como metáfora para nossos
tempos vale pensar que existe a possiblidade de recebermos de volta tudo aquilo
que emanamos. Mais que possibilidade, há boa probabilidade de sermos
destinatários daquilo que pensamos, falamos, sentimos e desejamos. O mito,
antes de ser uma história sem sentido, revela algo do cotidiano carrega
ensinamentos atuais e úteis.
Para além dos clichês das “filosofias superficiais”,
parece bastante razoável acreditar que nossas escolhas diárias contribuem
fortemente para determinação de nossa vida, isto é, as escolhas que fizemos no
passado, consciente ou inconscientemente, geraram grande parte do que somos no
presente. Ouvimos hoje, de algum modo, o eco daquilo que emanamos ontem.
Trazemos a marca da ninfa Eco em
nossa natureza!
Mas é preciso ter otimismo! Se temos a oportunidade de
perceber que ouvimos ao longo da vida o eco dos conteúdos que emanamos cabe-nos
emanar aquilo que queremos receber de volta. A mudança está em nossas mãos e
depende de pequenas decisões a serem assumidas no cotidiano.
O que você acha de começar a pensar, sentir, crer, agir e
falar de forma que tais manifestações tenham a ver com o que você deseja
receber como retorno?
Se quer receber palavras positivas e incentivadoras, emita
tais palavras em seu dia a dia; se deseja ser tratada (o) com respeito trate as
pessoas com respeito; se sonha ser amada (o) de forma especial ame alguém de
modo especial; se quer um mundo melhor para viver faça o necessário para que o
mundo à sua volta seja melhor. A lei do eco é inegociável, portanto, já que não
pode mudar o fato de que as coisas retornam, mude o que você pode mudar: o que
você emana!
Por fim, é indispensável fazer um alerta: esse processo de
recebermos o que emanamos não é matemático. Em dada situação podemos ser
vítimas de algo que não emanamos – como ouvir o eco de um grito dado por outra
pessoa –, mas isso não está em nossa governabilidade, logo, cuidemos daquilo
que está sob nosso controle.
Persistência e disciplina são as palavras de ordem. Às
vezes não ouviremos de modo imediato o eco do grito que demos, mas isso não
deve ser servir de desânimo, pois a médio e longo prazo o eco se fará ouvir;
falta de constância produz retornos incompatíveis com o que queremos receber.
Grite bem alto e firme aquilo que você quer ouvir de volta. O eco virá!