Alegria e paz!
A liberdade é um direito natural, ou
seja, cada ser humana, ao nascer, já traz consigo este direito. Como direito
natural, a liberdade não pode ser desconsiderada por nenhum sistema jurídico,
moral ou religioso, pois se assim acontecesse, tal sistema normativo estaria decotando
algo que compõe a integridade de cada pessoa.
Por outro lado, é importante
esclarecer o que se entende por liberdade. Seguramente, liberdade não consiste
no direito de fazer qualquer coisa ou tudo o que o sujeito tenha vontade, ao
contrário, um sujeito nesta situação seria escravo da insensatez. A verdadeira
liberdade implica o exercício das possibilidades de escolhas dentro de
situações concretas que respeitam algumas contingências ou limites, sendo,
portanto, falso, o conceito de liberdade que ignora a existência de limites.
O exercício de escolhas, por exemplo,
encontra o limite dado pela própria força da natureza, portanto, ignorar o
império das leis naturais não é exercer liberdade: pular de um prédio ignorando
que não tem habilidade natural para voar não é sinal de liberdade!
Outro limite importante é dado pelo direito
das outras pessoas. É válido o ditado que diz que a liberdade de uma pessoa
termina quando começa a liberdade da outra pessoa. Ora, se uma escolha pessoal
lesiona a vida de alguém, esta ação não denota liberdade, ao contrário, indica desrespeito.
Os limites dentro dos quais a
liberdade se estabelece, contudo, não são estáticos e frequentemente não é tão
fácil percebê-los. A vida é dinâmica; os seres humanos são únicos; as
circunstâncias da vida são incontáveis e a liberdade é exercida, na prática,
considerando uma gigantesca diversidade de possibilidades que se conjugam, por
isso é importante manter cautela quando se vai analisar a abrangência da
liberdade de uma pessoa.
Outrossim, não é possível afastar da
reflexão sobre liberdade o debate sobre responsabilidade, afinal, somos livres
para fazer escolhas, mas não somos liberados das consequências das escolhas
feitas. Uma liberdade que ignora a necessidade de responder pelos efeitos das
escolhas é incoerente e imatura.
A vida de cada sujeito está fadada ao
enfrentamento inevitável das implicações que decorrem do exercício da
liberdade. Não é possível, para ser honesto, terceirizar estes acertos de conta
que a própria história individual exige de cada pessoa, afinal, ainda que
alguém tente transferir a responsabilidade pelas escolhas que fez, de alguma
forma, está intimamente ligado aos fatos que levaram às consequências que tenta
negar. Insistir em não responder pelas escolhas é viver de forma inautêntica.
O que se pode concluir é que a
liberdade é um bem de valor inestimável e por isso mesmo deve ser respeitada e
tratada com muito zelo, pois a negligência no uso da liberdade ou seu
cerceamento injusto agridem a dignidade humana. Faz parte da essência humana
fazer escolhas nas diversas dimensões da vida e responder pelos resultados das
escolhas feitas. Quando isso ocorre de forma natural a liberdade está sendo
respeitada e a humanidade está pulsando com vivacidade.