Por serem dotadas da mesma dignidade, todas as pessoas são iguais, independentemente de sexo, religião, cor da pele etc. Os critérios que atestam e asseguram as diferenças entre as pessoas, não devem justificar tratamentos que gerem discriminação ou esvaziamento da igualdade, afinal, o que diferencia as pessoas não pode invalidar ou ignorar o que as iguala.
Pelo princípio da igualdade, fica
claro que as pessoas nascem dotadas de uma proteção capaz de protegê-las contra
todas as formas de tratamento discriminatório ou depreciativo. O simples fato
de ser pessoa proporciona a cada sujeito, o direito de ser igual a todos os
demais e de ter igualdade de oportunidades. Nenhum sistema normativo (jurídico,
ético, moral, religioso) pode propor ou legitimar uma forma de organização ou
de interpretação que se faça a partir da negação da igualde fundamental entre
as pessoas.
A igualdade fundamental, todavia, não
deve ser usada como pretexto para negar que existem diferenças entre as pessoas.
Embora pareça contraditório, a existência de uma igualdade essencial entre as
pessoas não é sinônima de uniformidade: somos iguais, não somos idênticos!
As diferenças, outrossim, precisam
ser respeitadas a fim de preservar a igualdade. As pessoas não precisam pensar
da mesma forma para que se cumpra o princípio da igualdade, ao contrário,
respeita-se a igualdade quando cada sujeito tem o legítimo direito de pensar
como desejar. As pessoas não precisam crer da mesma forma ou manifestar suas
crenças de maneira uniforme, pois é garantindo a liberdade de crença e de
vivência da crença que se respeita a igualdade.
A igualdade serve, portanto, como princípio
de organização das relações sociais e, neste sentido, as instituições
(sociedade civil organizada, estado, associações, escolas, religiões, famílias
etc.) são responsáveis pela efetivação de condições garantidoras da igualdade. Não
trata apenas de reconhecer, teoricamente, a existência de um princípio de
igualdade, mas de agir positivamente na criação de uma igualdade material que,
aliás, não é gratuita, mas construída historicamente por intermédio das
escolhas individuais e coletivas.
Não é possível falar de igualdade sem
considerar a ocorrência de oportunidades geradoras de igualdade, enfim. A rampa
de acesso é garantia de igualdade para quem usa uma cadeira para se locomover; a
preferência na fila é salvaguarda para a idosa que vai ao banco para receber
sua aposentadoria; o benefício de prestação continuada é proteção para a pessoa
com deficiência; quando o aluno da escola pública, disputa uma vaga na
universidade pública, apenas com alunos e alunas que tiveram a mesma formação
que ele teve, busca-se igualdade.
A igualdade não pode ser apenas uma
teoria bonita, uma ideia usada nos discursos, uma formalidade. A igualdade
precisa ser uma realidade efetiva e efetivada por cada pessoa, por cada grupo,
assim, a pergunta de milhões é: que escolha precisa ser feita, nesta situação concreta,
para que as pessoas envolvidas sejam realmente respeitadas como iguais?