A Festa do Corpo e Sangue de Jesus
Cristo é celebrada na Igreja Católica com a finalidade de realçar a beleza, a
profundidade e a força de todo o Mistério Eucarístico. É uma festa que exalta a
presença de Jesus Cristo, na simplicidade do Pão e do Vinho consagrados e
transformados no Corpo e Sangue do Senhor.
Do ponto de vista litúrgico e
celebrativo é uma Festa muito bonita e envolvente. Muitas das nossas comunidades
desenvolveram a tradição de enfeitar as ruas com lindos tapetes – verdadeiras
obras de arte – e o Santíssimo Sacramento, em meio a cantos, homenagens e
adorações, passa solenemente abençoando as ruas, o comércio, as famílias! É uma
experiência pública de adoração e de reconhecimento da Presença Real de Jesus
Cristo no meio dos homens.
Quando nos colocamos diante da
celebração do Corpo e Sangue de Cristo é importante que façamos o exercício de
aprofundar, a partir de toda essa experiência, algo acerca de nossa experiência
de fé. Precisamos aceitar o convite para irmos além do cansaço pelos trabalhos
realizados e da lembrança de que tudo foi lindo.
A presença de Jesus na Hóstia é uma
das tantas formas que Ele encontrou de estar perto de nós, mas não é a única
forma. Podemos até admitir que a presença de Jesus na Eucaristia – e na Hóstia
– seja um modo muito especial de encontro com Jesus, mas, por uma questão de
coerência, devemos estar atentos para a presença de Jesus Vivo em outras
maneiras de manifestação.
O mesmo Jesus que “anda” pelas
procissões da Festa de Corpus Christi está presente na Palavra – Bíblia – que
também nos alimenta e nos desafia a sermos seguidores e cumpridores do
Mandamento do Amor.
Tanto quanto “caminha” pelos tapetes
artisticamente bem feitos, Jesus caminha pelas ruas sujas, sem emprego e sem
teto, na carne sofrida de pessoas que ainda não encontraram um rumo para suas
vidas: estão perambulando econômica, social, religiosa e existencialmente nas
ruas enfeitadas pelo vazio e pelo anonimato.
Assim como nos aguarda silenciosamente
no Sacrário ou no Ostensório, “ansioso” por um pouco de nosso tempo e de nossa
dedicação, Jesus encontra-se em tantos semelhantes nossos esperando atenção,
compreensão, tolerância e serviço: Somos desafiados a “ajoelharmos” diante do
Jesus presente em nossos semelhantes para servi-los com nosso silêncio, com
nosso ouvido ou com nossa capacidade de compadecer.
Não é que nossa adoração ao Jesus
presente na Hóstia não seja legítima. É correta e, com toda certeza, está de
acordo com a vontade de Deus. Adorar Jesus Cristo na Hóstia Consagrada é sinal
de fé e alimenta nossa espiritualidade. Mas precisamos expandir essa crença e
experiência para as outras formas onde encontramos o mesmo Jesus presente.
Nossa fé se fortalece quando nossa
adoração e serviço ao Senhor se amplia: ouvir, ler e buscar praticar a Palavra
de modo intenso, cotidianamente, e não somente em dias de certa festividade
religiosa; ver que Jesus está presente nas pessoas que sofrem com a pobreza,
com a doença, com a exclusão; compreender que devemos ser pessoas do Amor e,
consequentemente, do perdão. Tudo isso são modos de tornar mais coerente nossa
fé em Jesus Cristo e em seu Corpo e Sangue, aliás, quando comungamos o Corpo e
o Sangue, estamos compactuando com a proposta do Reino de Deus que Jesus veio
estabelecer.
Aproveitemos essa oportunidade para
fazermos da Celebração de Corpus Christi uma experiência que nos amadureça na
fé. Deus abençoe ricamente a todos e conceda, pela presença do Espírito Santo,
entendimento e força às nossas comunidades.