Estamos sempre desejando que alguma
mudança importante aconteça em nossa sociedade. Todos somos capazes de sugerir
que alguma coisa mude em nossa família, em nossas instituições ou na política.
Mas é necessário que nos perguntemos: Onde começam as mudanças? As mudanças
precisam ocorrer fora de nós ou as mudanças precisam se materializar a partir
de nosso interior? É necessário que a realidade mude ou que mude apenas meu
modo de ver a realidade?
A princípio podemos achar fácil
responder a estas perguntas, mas é interessante fazermos uma análise mais geral e profunda. É bom nos
darmos a oportunidade refletir um pouco sobre o tema das mudanças.
É mais fácil trabalharmos com a
ideia de que a mudança não deva ser nossa; muitas vezes a vida se torna aparentemente
menos pesada quando afastamos para longe de nós a responsabilidade de efetuar
mudanças em nossa forma de ver a vida ou até mesmo em nossa forma de viver.
Muitas vezes projetamos a necessidade de mudança nos outros e ficamos apenas
aguardando...
A vida vai melhorar quando os
políticos deixarem de ser corruptos; a Igreja será melhor quando o líder for
mais amável e dinâmico; a felicidade chegará quando a esposa (ou o marido!)
mudar o jeito de ser... enfim, tudo depende de uma transformação externa ao
indivíduo, em nenhum momento a autocrítica o aponta como sujeito que deve
protagonizar a mudança.
Esta prática nos impede de agir no
melhor momento e cria uma falsa sensação de que as coisas não estão melhores
porque alguém está deixando de fazer sua parte e, é claro, esse “alguém” nunca
somos nós!
Precisamos ter coragem de encarar de
modo maduro as circunstâncias da vida. Precisamos ter ousadia para assumir as
“rédeas” de nossa história e de definir de modo autônomo e decidido as
consequências das escolhas que fazemos. Não é compatível com um comportamento
maduro e adulto acalentar a convicção de que as mudanças devam ser sempre dos
outros.
Outro ponto relevante é discernir
acerca daquilo que precisa ser mudado: a realidade ou nosso olhar sobre ela?
Muitas vezes precisamos ter
habilidade para mudar nossa forma de ver as cosias e não esperar que elas
mudem. Nossa visão de mundo usa “lentes” que nos possibilitam ver a realidade
em certa tonalidade. Há situações que exigem de nós substituir as “lentes” por
outras e ver as coisas com cor diferente, ou seja, mudar nosso ponto de vista.
Ter consciência de que a realidade à nossa volta muda quando mudamos a forma de
vê-la é indispensável, pois há situações que não precisam mudar, senão nosso
modo de percebê-las.
De qualquer modo precisamos nos ver
como responsáveis ou corresponsáveis pelas mudanças importantes, sejam aquelas
muito próximas de nós ou as mais distantes. Jamais podemos viver como se a responsabilidade
pelo nosso presente e nosso futuro dependesse somente do que acontece a nossa
volta e não de nós mesmos.
Por fim, a prece da serenidade é uma
indicação muito sábia quando o assunto é mudança: “Senhor dá-me coragem para
mudar as coisas que podem ser mudadas; serenidade para aceitar as coisas que
não podem ser mudadas e sabedoria para distinguir umas das outras”.
Querer mudar o que não muda ou o que
não precisa ser mudado é tão grave quanto pensar que a mudança depende somente
dos outros.
Que mudanças dependem de você? O que
em seu modo de ver pode ou precisa ser mudado?
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