Olá! Espero que você esteja bem!
O substantivo discernimento vem do
verbo discernir e significa a habilidade para avaliar e separar uma coisa da
outra. A palavra pode ainda remeter à ideia de tirar as camadas que encobrem o
cerne das coisas, ou seja, remover aquilo que dificulta ver a essência de
alguma situação qualquer.
Aplicando o conceito à vida, podemos
dizer que o discernimento é constituído de um conjunto de atitudes que nos
permitem julgar as coisas e separá-las a partir de alguns critérios que, individual
e socialmente, são considerados válidos. Discernir é perceber os prós e
contras; o certo e o errado; o justo e o injusto; o real e o imaginário; o
possível e o impossível; o plausível e o patético; o razoável e o ridículo etc.
No uso de nossas faculdades mentais
‘normais’, todos temos a capacidade de discernimento. Nossa racionalidade
garante as condições necessárias para exercer, nas diversas situações da vida,
a possibilidade de analisar e julgar o que está à nossa volta. Em grande parte,
é isso que nos faz humanos e é nisso que consiste nossa festejada inteligência.
Há atitudes que potencializam e há
atitudes que fragilizam nossa capacidade de discernimento. Há escolhas que favorecem
e há escolhas que dificultam o exercício autônomo do discernimento. Embora a
capacidade para discernir seja comum a todas as pessoas, as habilidades de
discernimento podem ser ampliadas ou atrofiadas; aperfeiçoadas ou degradadas.
Estas habilidades são como os músculos: se ficarem inertes ou forem mal-usadas,
atrofiam e lesionam; se forem estimuladas e bem-usadas, crescem e ficam fortes.
A título de ilustração, é possível
dizer que ler livros, assistir a documentários, procurar notícias em fontes
diferentes, conversar com pessoas estudiosas e especialistas nos assuntos e manter
a mente aberta para opiniões e pontos-de-vista diferentes são estratégias
favoráveis ao fortalecimento das habilidades de discernimento.
Por outro lado, transformar em
verdade inquestionável tudo o aparece para nós no Instagram, Telegram, Facebook,
TikTok ou grupos de WhatsApp; acreditar em teorias da conspiração (aquelas que
acham que há um complô para destruir a nação, a família, a religião, os bons
costumes etc.); idolatrar pessoas ou ideias como se fossem dignas de nossa
total confiança são caminhos de esvaziamento e até de sequestro da capacidade
de discernimento.
O sequestro do discernimento leva ao
fanatismo, estágio no qual se perde o senso de realidade e a pessoa fica numa
situação similar à drogadição. O sujeito passa a ter comportamentos que só
fazem sentido na realidade paralela (bolha!) dentro da qual está inserido; dispensa
a necessidade de conexão entre o que ela acredita e os fatos, ou seja, a pessoa
acredita em fantasias; apresenta comportamentos absurdos, ridículos e ilógicos.
A pessoa fanatizada não consegue ser facilmente
acessada pelo canal racional, pois o sequestro da capacidade e da habilidade de
discernimento leva a um bloqueio quase intransponível. A pessoa sente-se
absolutamente segura com suas crenças fantasiosas e trata como ameaça qualquer
tentativa de diálogo provoque questionamento sobre sua infundada forma de
interpretar as coisas. Em regra, a pessoa fanatizada se isola do grupo social
para convier apenas com quem pensa como ela e pode apresentar sinais de
violência.
Cuide de si e de quem você ama. Fique
vigilante para manter o fanatismo longe!
Nenhum comentário:
Postar um comentário