Tudo bem com você?
Thomas Hobbes, filósofo inglês do século
XVI-XVII, defendeu, que o ser humano em estado de natureza, isto é, sem os
controles que a vida social impõe, é mau, egoísta, individualista e, portanto,
violento quando precisa defender seus interesses ou satisfazer seus desejos e
necessidades. Para este filósofo contratualista a violência é contida quando há
a celebração de um pacto social entre os indivíduos e quando se cria um Estado com
poder para enquadrar, no ambiente coletivo, as vontades individuais.
Tratando apenas da primeira parte da
teoria – daquela que concerne ao pacto social – os indivíduos combinam entre si
que imporão limites para suas vontades originárias, ou seja, viverão em um
tecido social aceitando que não podem invadir o espaço do outro; que não podem
atentar contra a integridade física e a vida do outro; que não podem, enfim, fazer
qualquer coisa que desrespeite o semelhante. Pactuam limites para a liberdade.
No ambiente social, no qual valem as
regras do pacto, ninguém tem o direito de agir violentamente para conseguir o
que quer; ninguém pode se valer da brutalidade para conformar a vontade de
outra pessoa ou da sociedade a seu querer ou a seu modo de pensar, agir ou
sentir. Os indivíduos estão subordinados a regras que são maiores que suas
vontades individuais e precisam se esforçar para manter isso a fim de viverem
em paz: um dos principais ganhos que a celebração do pacto oferece em
contrapartida ao cerceamento da liberdade plena do estado de natureza.
Quando se opta pela barbárie,
produz-se os efeitos contrários à paz: medo e insegurança – sensações típicas
do estado de natureza. As ações hostis, ao invés de promoverem a evolução e o aperfeiçoamento,
levam ao retrocesso. Implicam desumanização e criam clima de pavor e hesitação.
A vida social não é gratuita, ao
contrário, cobra um alto preço dos indivíduos, mas a inteligência deixa claro
que é sempre mais benéfica que a caótica experiência do estado de natureza. Em
outras palavras: é sinal de inteligência e sabedoria pagar o preço pelo
cumprimento das regras que garantem a estabilidade da vida civilizada; é ruim optar
pela violência como estratégia que garante a sobreposição da vontade de um (ou
de alguns!) sobre os demais.
Por fim, é bom deixar claro: a quebra
das regras do pacto social só interessa (na improvável hipótese de interessar a
alguém!) a quem tem força, pois o forte tem maior chance de levar vantagem
quando se ignoram os limites do contrato. A parte mais frágil, que apoia ou
estimula a inobservância das regras do jogo, é obtusa ou está sendo usada como
fantoche. Algumas dicas:
- Desconfie de quem incita ou
estimula a violência: verifique se é alguém forte, que levará vantagem; se é
alguém tolo, que não entendeu as regras do jogo; se é alguém marionete, que
segue manobrado por outros.
- Lembre-se: violência gera
violência. A escolha por atos de violência leva à criação de uma rede cada vez
mais violenta. É isso mesmo que você deseja para si e para a sociedade?
- A liberdade de cada pessoa termina
onde começa a liberdade da outra pessoa. O respeito à liberdade não deve valer
apenas enquanto tudo está de acordo comigo, mas deve valer também quando as
coisas estão diferentes de minha forma de pensar.
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