Nossos dias presenciam mudanças nas mais
diversas áreas. É preciso ter cautela: nem todas as são negativas ou ruins. Há
mudanças que sequer devem ser analisadas como boas ou ruins, diferentemente,
exigem que assumamos um comportamento diferente do tradicional e, portanto,
compatível com provocações que a respectiva mudança apresenta.
Uma
dessas questões pode ser identificada na forma de cuidar dos filhos. Há algum
tempo, cuidar dos filhos era sinônimo de não deixar faltar alimento e roupas;
as boas mães e os bons pais eram aqueles que supriam as necessidades básicas e
que, por manterem uma relação muito rígida com os filhos e filhas, acabavam
gerando um certo tipo de educação moral. Não se esperava, de modo geral, que
tais pais e mães oferecessem qualquer coisa além desse padrão básico.
As
mudanças sociais apontam para novas exigências neste quesito. As crianças, por
serem percebidas de outro modo, demandam outras formas de cuidado e atenção.
Ser pai e mãe, diante das atuais exigências, requer uma releitura das
estratégias de cuidado. É inevitável ir além dos modelos tradicionais.
Evidentemente
não se trata de focar em bens materiais. As novas exigências e estratégias não
se confundem com velhos equívocos de pensar que as crianças se satisfazem a
médio e longo prazo com o recebimento de presentes materiais, aliás, tudo tem
indicado que é a realidade é contrária a tudo isso: os filhos e filhas clamam
por presença, por companhia.
Entre as
possibilidades que se apresentam está a de brincar com as crianças. Brincar de
coisas que aproximem pais e filhos. Brincar sentado no chão; brincar fora do
mundo virtual; brincar, simplesmente brincar!
Quando os
pais criam tempo para brincar com os filhos ocorre uma magia quase
indescritível, pois nesses momentos as crianças se sentem visitadas em seu
mundo particular. Os adultos, sem usar palavras, demonstram que prestigiam as
crianças ao entrarem e interagirem naquela realidade tão importante para elas.
O ato de
brincar diminui de modo saldável as hierarquias que impedem o trânsito dos
afetos; as brincadeiras potencializam a confiança e a admiração que os filhos
sentem com relação a seus pais e fazem com que os pais aproveitem o que seus
filhos têm de melhor.
É
interessante observar ainda que não são apenas as crianças que demandam cuidado
em forma de brincadeira. Os adolescentes e jovens também andam carentes desse
tipo de cuidado.
O convite
é esse: rever a forma de cuidar dos filhos/filhas. Há muita coisa fácil e
simples a nosso dispor. Na maior parte das vezes, as coisas mais importantes e
significativas da vida não são compradas com dinheiro, ao contrário, são de
graça: Graça!