Casa comum, nossa responsabilidade
A Campanha da
Fraternidade Ecumênica 2016 – CFE-16 – promove amplo debate sobre saneamento
básico, partindo do referencial ético de que a vida deve ser cuidada em todos
os seus aspectos.
Motivada pelo versículo do profeta Amós, a CFE-16
atualiza a esperança de “ver o direito como fonte e correr a justiça qual
riacho que não seca” (5, 24) e aponta para a função social da fé cristã (que
não pode ficar restrita a cultos e templos) conclamando a sociedade a se
responsabilizar pela Casa Comum.
Segundo o texto-base da Campanha, é necessário “instaurar
processos de diálogo que contribuam para a reflexão crítica dos modelos de
desenvolvimento que têm orientado a política e a economia” (8), isto é,
o debate específico sobre o problema do saneamento básico busca enfrentar o
paradigma desenvolvimentista que, para satisfação do consumo e do lucro, tem
levado Nossa Casa à exaustão.
Os enfrentamentos dos problemas mexem com as competências
do Estado, da sociedade civil e dos indivíduos. Não há como buscarmos saídas
razoáveis sem que todos assumam suas parcelas de responsabilidades.
Ao Estado, compete promover programas de infra-estrutura
(em sentido amplo) capazes de garantir qualidade de vida para as pessoas: água
potável de qualidade, tratamento e destinação do esgoto, manejo adequado e
sustentável dos resíduos sólidos, limpeza urbana eficiente, combate e controle
dos meios transmissores de doenças, drenagem e utilização viável de águas
pluviais... entendendo que “a implantação do saneamento básico torna-se
essencial à vida humana e à proteção ambiental” (34).
À sociedade civil, cabe tomar consciência dos temas que
envolvem saneamento básico, conhecer as legislações pertinentes ao assunto,
organizar-se para cobrar do Estado que cumpra seus deveres, promover debates que
ajudem as pessoas à perceber a necessidade de refazer suas opiniões e ações,
investir em estratégias de educação que despertem comportamentos baseados em um
novo paradigma... termos “a responsabilidade, enquanto cidadãos e cidadãs, de
cuidarmos do espaço onde moramos...” (54).
Às pessoas, no plano individual e familiar, destinam-se
as mais importantes ações, pois é na família, na escola, nas relações
interpessoais mais próximas que se aprendem os valores que precisam nortear as
novas ações; assim, é urgente praticar e ensinar que o lixo deve ser colocado
na lixeira e jamais jogado no chão, os banhos devem ser rápidos e os dentes
escovados com a torneira fechada, que o consumismo alimenta uma lógica que
tortura o planeta em nome do lucro, os bens coletivos devem ser tratados com
cuidado e respeito, que devemos participar das discussões de interesse coletivo,
a corrupção é eticamente absurda... enfim, que “cada indivíduo deve fazer a sua
parte” (25).
Somos convidados a sair da comodidade e a permitir que
esse tema nos sensibilize. Abrir nosso coração e nosso intelecto para sentir e
perceber que somos co-responsáveis pelo cuidado com a Casa Comum. Não há lugares
para fugas, as distâncias são aparentes; estamos todos no mesmo ambiente. É
preciso mudar (converter, convergir!) o rumo; é necessário ser, aqui e agora,
diferente do que fomos. Devemos cuidar já da “Casa Comum, nossa
responsabilidade” para vermos “correr a justiça qual riacho que não seca”.
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