
Com o firme propósito de continuar
chamando a atenção dos católicos, da sociedade brasileira e da classe política
para a importância de revermos os modelos exploratórios das riquezas naturais,
a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, provoca, por meio da
tradicional Campanha da Fraternidade, reflexão, debate e desafios em torno dos
‘Biomas brasileiros e defesa da vida”.
O texto-base da cf-17 faz uma apresentação das
características dos cinco biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampa e Pantanal), apontando a localização, a biodiversidade, a
sociodiversidade, a beleza, as fragilidades, os desafios, a contextualização
política e a contribuição eclesial já encontrada em cada um dos biomas.
No exercício de sua missão profética
a Igreja levanta-se mais uma vez (afinal esta não é a primeira Campanha da
Fraternidade que trata desta temática) para denunciar e apontar caminhos de
saída. Não o faz de forma leviana ou solitária, ao contrário, pisa no chão da
história e fundamenta suas análises e propostas em estatísticas oficiais, dados
científicos confiáveis e renomados estudiosos do assunto. Torna-se, uma vez
mais, uma porta-voz corajosa em favor da vida e contra os sinais e sintomas da
cultura de morte.
O objetivo principal que os Bispos
do Brasil colocam para essa Campanha é o de “cuidar da criação, de modo
especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas
com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”, buscando aprofundar o
conhecimento de cada bioma e se comprometer com suas populações originárias;
reforçar o compromisso com a biodiversidade, as águas, o solo; comprometer as
autoridades públicas; motivar uma conversão ecológica e contribuir com a
construção de um paradigma econômico que preserve a vida em todas as suas
dimensões.
É bom deixar claro que a preocupação
desta campanha não se limita à preservação ambiental com valor exclusivamente
dado pela importância da natureza. A Igreja Católica, por intermédio da cf-17,
almeja despertar a sensibilidade social para perceber que em cada bioma existem
pessoas padecendo de males terríveis decorrentes de modelos econômicos
exploratórios que sugam impiedosamente as riquezas e, além de matarem a
biodiversidade, matam também a sociodiversidade: Povos originários desses
biomas sofrem históricos atentados que vão desde sua cultura e religiosidade
até o quase-extermínio da população.
Entre os inimigos a serem conhecidos
e enfrentados estão o desmatamento descontrolado e permanente das matas
nativas; o avanço indiscriminado do agronegócio, especialmente voltado para a
criação de gado e para monoculturas; a utilização de agrotóxicos fortes e
agressivos que já apresentam sinais de contaminação de lençóis freáticos e de
aquíferos. Tudo isto, é claro, motivado por um espírito de dominação que
diviniza o lucro e sucumbe todas as formas vida biológica, sociológica,
religiosa, cultural etc.
É necessário parar com os
desmatamentos (desmatamento zero); recompor as degradações dos biomas; ampliar
a utilização de sementes crioulas; criar debates locais, regionais e nacionais
que possibilitem melhor conhecimento da biodiversidade e da sociodiversidade
brasileiras; organizar grupos que exijam dos parlamentares e administradores
públicos leis e ações favoráveis à vida...
Todos podemos fazer algo, ainda que
pequeno e simples! Vamos nos mexer. Vamos cultivar e guardar a criação com
renovado espírito evangélico.
Um comentário:
Sensacional... Claro... Objetivo. Uma síntese do manual da CF2017. Parabéns!
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