Conviver é quase sempre um desafio. Os relacionamentos –
desde familiares e íntimos até formais e mais distantes – geram situações conflituosas
e divergentes. Muitas vezes os choques causam mal-estar, incômodos ou feridas
mais profundas.
Os conflitos podem ser encarados de várias formas. Há
pessoas que lidam com eles sem se afetarem tanto; há outras que se abatem e
carregam por mais tempo as consequências; mas uma coisa é certa: viver e conviver
sem choques é impossível.
Quando as divergências envolvem pessoas que não convivem
diariamente é mais fácil lidar, pois a distância e o lapso de tempo entre um
encontro e outro amenizam os impactos negativos, mas quando os embates envolvem
pessoas muito próximas (familiares, colegas de trabalho ou amigos que se
encontram com muita frequência), é necessário pensar em estratégias capazes de
suavizar os efeitos dos conflitos e de promover melhorias no relacionamento.
A melhor estratégia é a mudança dos comportamentos que
levam aos desentendimentos, ou seja, quando as pessoas envolvidas mudam seu
jeito de agir, as causas dos problemas diminuem bastante. Pedir desculpas,
prometer mudar, fazer planos diferentes para o futuro são sinais interessantes,
mas a melhor estratégia é a mudança.
Mudar hábitos e comportamentos não é tarefa fácil; há
situações em que não é possível fazer grandes mudanças, mas também não é
possível fingir ou tapar o sol com a peneira, pois muitas vezes a única coisa
capaz de trazer harmonia aos relacionamentos é a mudança, ainda que parcial,
das ações. Vale aqui o velho ditado: fazendo
sempre as mesmas coisas chega-se sempre aos mesmos resultados, portanto, se
queremos resultados diferentes é necessário fazer coisas diferentes.
A saída mais comum diante dos conflitos interpessoais é
pedir desculpa. Claro que isso é importante e saudável, mas o pedido de
desculpas, desacompanhado de ações concretas de mudança, soa como estratégia de
prorrogação da dor. No fundo alimenta o risco de manter vivas e operantes as
situações geradoras de desentendimentos. O pedido de desculpas, para ser
porta-voz de boa noticia, precisa estar acompanhado por imediatos sinais de
mudança no comportamento.
As mudanças daquilo que pode ser mudado, embora possa
parecer muito difícil (até impossível e desastroso!) é sinal de força e de
capacidade de renovação. Somente pessoas fortes e bem resolvidas são capazes de
reelaborar aspectos de seu comportamento a fim de viver relacionamentos mais
saudáveis.
Por fim, jamais se pretende dizer que a proposta desta
reflexão significa mudar aquilo que não pode ser mudado. Não se trata de anular
a própria personalidade simplesmente para agradar alguém, mas de compreender
que os bons relacionamentos exigem importantes adequações.
@joselucianogabriel