Voluntariado,
solidariedade, boas ações... Cada vez mais, estas práticas são trazidas à tona
em nossos dias. Alguns dizem que tais experiências servem para agradar a Deus e
levar à salvação. Outros afirmam que elas têm a função de purificar a pessoa
tornando-a melhor.
Afinal,
qual a importância das boas obras para a vida humana?
Não há dúvida de que praticar boas
ações seja uma excelente opção para qualquer pessoa. De qualquer modo que se raciocine,
fazer o bem é um caminho recomendado pela maior parte das filosofias e
religiões.
Diversas são as justificativas ou
motivações que sustentam o incentivo das boas práticas em prol dos semelhantes,
todavia, quando essa temática é enfrentada pelas teologias, pode haver
divergências significativas.
Na tradição cristã, por exemplo, a
importância das obras para a salvação do homem já rendeu diversos debates e até
mesmo divisões.
De um lado há, em vários ensinamentos
do Segundo Testamento (para não dizer que isso constitui elemento central do
mistério salvífico de Cristo), a indicação de que a Salvação do homem vem pela
Fé em Jesus Cristo (Romanos 3, 28; 5,1; 10,4. Gálatas 2, 16; 2,21 etc);
Por outro lado, desde o inicio das
comunidades cristãs já existia, provavelmente por herança judaica, a tese de
que a salvação do homem vem pelas obras que realiza. Muito se usou a
fundamentação bíblica de Tiago para demonstrar isso, já que este autor fala da
impossibilidade de demonstrar a fé sem a prática de obras.
O conflito se torna insuperável toda
vez que essas teses são confrontadas com o objetivo de que uma substitua a
outra.
Dizer que o homem chega à Plenitude da
Presença do Criador somente por suas obras é desmerecer o Sacrifício perfeito
celebrado por Deus na paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Dizer que a fé não tenha que produzir
frutos, podendo ou devendo o cristão ficar inerte diante das diversas demandas
que a vida e o mundo lhe colocam, é desmerecer o desejo de Deus de que seus
filhos colaborem com a construção de um mundo melhor.
As boas obras não são responsáveis
pela salvação do homem. A salvação é garantida pelo sacrifício perfeito
realizado na cruz e o ser humano toma parte dessa garantia através da fé. Mas a
fé cristã é operante. É uma fé que impulsiona e responsabiliza o cristão a
assumir os compromissos sociais, de modo que o cristão que tem fé dispõe-se à
prática de boas obras.
Um comentário:
Luciano, ficou perfeito sua exposição, a fé sem a obra é morta assim como a obra sem fé. Parabéns pelo artigo.
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