A liturgia da Igreja, no dia 25 de
Janeiro, nos propõe refletir e rezar em torno da Conversão de Paulo: uma
oportunidade especial para alimentarmos nossa fé e conversão permanente.
Saulo (nome de Paulo antes da
Conversão) seguia para Damasco com o objetivo de perseguir os cristãos; já
próximo à entrada da cidade, misteriosas ocorrências mudam completamente sua
vida e fazem dele um dos maiores defensores e propagadores da Fé Cristã (Atos
dos Apóstolos 9, 1-25).
De modo livre e despretensioso, desse
intrigante evento da Conversão de São Paulo, podemos extrair alguns
apontamentos que nos auxiliam em nossas reflexões.
O primeiro está vinculado à coerência de Paulo. A vida desse
apóstolo demonstra com muita clareza que ele não assume sua religiosidade pela
metade. Tanto na condição de Judeu, como no testemunho da fé cristã, Paulo está
todo inteiro. Não foi meio judeu ou meio cristão.
Paulo se envolvia com sua Religião;
participava ativamente dos desafios; transformava a fé que professava em
testemunho e luta. Não foi um judeu omisso nem um cristão morno. Nas duas
experiências demonstrou disponibilidade, vigor e coragem para o serviço.
Outro ponto interessante vincula-se à natureza da conversão – mudança de rumo.
A conversão pressupõe a mudança de sentido, que ocorre mediante a consciência
de que se caminha para o lado errado. Paulo tinha clareza do rumo de sua
caminhada antes de convergir/converter: era um obstinado defensor do judaísmo,
portanto, sabia quais eram as consequências e implicações das escolhas que
fazia e foi mediante o confronto entre duas possibilidades que ele toma outro
Caminho.
Ao identificar o equívoco no sentido
da viagem que fazia, ou seja, ao se dar conta de que suas escolhas o distanciavam
de seus maiores anseios, Paulo assume os riscos de tomar o Caminho certo e arca
com os obstáculos dessa radical decisão: torna-se cristão e passa a responder
corajosamente pelos ideais da fé pronunciada por Jesus. É bom realçarmos que
Paulo converteu-se e continuou em atividade, jamais parou.
Um terceiro ponto que pode motivar
nossa reflexão é a sensação de confusão e
cegueira que toma conta de Paulo após tomar consciência dos acontecimentos
que o envolvem. Paulo fica cego, é conduzido para dentro da cidade e é
encontrado, posteriormente, orando a Deus.
Toda conversão supõe dor e perdas. Ao
descobrir que estava desenvolvendo atividades inadequadas Paulo perde,
momentaneamente, a capacidade de ver o caminho certo para onde seguir. Precisa
de ajuda, primeiro das pessoas, depois do próprio Senhor, a quem busca na
Oração.
Mesmo sem conseguir entender muito bem
o que está ocorrendo com ele, Paulo é capaz de permitir-se conduzir e, mais que
isso, mantém-se numa atitude de oração e de súplica: Manifestos desejos da
companhia do Senhor.
A conversão de São Paulo é um
paradigma que podemos usar para pensar e refletir sobre as diversas conversões
que precisamos fazer todos os dias em nossas vidas. Todo cristão está sempre
exercitando a capacidade de conversão/convergência. Às vezes acerca de pontos
mais graves e sérios, outras vezes em relação a questões mais simples, porém
não menos importantes.
Iluminados pelos bons exemplos da
conversão de Paulo, podemos nos perguntar: Como tem andado nossa lealdade à
Religião que professamos? Como temos nos comportado quando tomamos consciência
de que precisamos abandonar certas altitudes que nos distanciam do Caminho do
Senhor? Até que ponto temos permitido que a Comunidade e o próprio Senhor nos
conduza no Caminho?
Deus contou com a conversão de Paulo
para marcar a história do cristianismo e conta com nossa permanente conversão
para continuar fazendo seu Reino acontecer. Convertamo-nos!
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