Estamos
ouvindo dizer da necessidade de reajustes nas contas públicas; os governos
estão prometendo gastar menos e melhor; a população está ansiosa por serviços
de educação, segurança e saúde de melhor qualidade; os economistas alertam para
a necessidade de boa gestão dos recursos. Não é novidade: O Brasil precisa
tomar algumas providências para retomar os rumos e reencontrar a estabilidade.
Tendo
como princípio a noção de que o mundo é um sistema ou rede no qual todas as
realidades estão interligadas e são interdependentes, é muito importante que
cada um avalie os impactos que as mudanças mencionadas precisam gerar em sua
vida e no contexto de sua família, pois não podemos cometer o equívoco de
imaginar que os problemas não têm a ver conosco, ao contrário, cada um,
querendo ou não, arca com sua parcela, paga seu preço nos momentos de crise e
de reordenamento das questões econômicas.
A análise
da situação pessoal e familiar tem como objetivo a tomada de decisões a
respeito de como conduziremos nossa vida financeira ao longo dos próximos meses
ou anos, ou seja, entendendo que o país passa por um momento especial, devemos
estabelecer estratégias que nos permitam sobreviver melhor. Há resultados que
não temos como evitar, pois decorrem das movimentações da macroeconomia, mas há
outros que estão em nossas mãos e podem ser controlados, pois refletem as
escolhas que fazemos.
Entre
outros critérios que podem ser adotados, está o de medir se aquilo de que
“precisamos” é necessário ou supérfluo, contudo é importantíssimo esmiuçarmos
esses conceitos para que nossa avaliação seja eficiente.
A
princípio, podemos dizer que necessário
é tudo aquilo que não pode esperar e supérfluo
é aquilo que não faz falta de modo imediato, mas não podemos tomar esses
conceitos de modo estático, ao contrário, o
necessário e o supérfluo são
relativos e flexíveis e precisam levar em conta a condição financeira de cada
família, afinal, algo necessário poderá tornar-se supérfluo se há outra
prioridade ou se não há recurso disponível para sua garantia.
Uma
armadilha que se deve evitar é a de misturar o acessório ao essencial, tornando
ambos necessários. O acessório acompanha, agrega valor, pode gerar mais
conforto e status, mas se não podemos pagar por ele, torna-se supérfluo. Uma
família pode ter necessidade de um carro e até se sacrificar um pouco para
comprá-lo, mas precisará refletir qual valor pode investir neste bem! Se
investe valor superior ao que pode em função da marca, modelo, potência,
acessórios etc... estes elementos podem ser supérfluos, embora o carro em si
seja necessário.
O
aparelho de celular pode ser necessário... a marca ou o modelo de última
geração podem ser supérfluos; a roupa é necessária... a etiqueta pode ser
supérflua; a viagem de férias com a família pode ser necessária... o destino, a
acomodação, a quantidade que se gastará... podem ser supérfluos. Quem
desrespeita essa lógica corre o risco de ter com fartura o que é supérfluo e de
enfrentar a falta do necessário.
Por fim,
duas indicações: cuidado com as compras parceladas, pois as parcelas constituem
um passivo dramático na somatória das despesas mensais e escondem juros muitas
vezes exorbitantes. A segunda é saber conviver com a poupança, ou seja, se
sobrar algum dinheiro guardar para alguma eventualidade ou emergência.
Faça uma
autocrítica e tenha coragem de tomar as decisões necessárias para que sua vida
financeira seja saudável, assim você contribuirá com sua parte para a economia
do país e não sofrerá além do razoável com a crise.
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