O sistema jurídico disciplina com
rigor as funções dos agentes políticos. Estabelece os critérios a serem
observados por todos aqueles que assumem funções públicas como representantes
da vontade popular. Quem não se enquadra nestes critérios ou age em
desconformidade com eles fere a ordem jurídica e merece ser visto com
desconfiança.
Muitas
vezes é difícil para as pessoas simples identificar se o candidato que está
diante delas merece confiança, pois os discursos, “contaminados” pelas técnicas do marketing e da publicidade, se
comprometem muito mais a dizerem o que é agradável aos ouvidos e menos o que
realmente pensam e fazem as pessoas que candidatam. Isso é péssimo e desastroso
para a vida social e para o campo da representação política.
De todo
modo é necessário que tenhamos uma noção daquilo que deve ser referencia na
avaliação de alguém que assumirá função pública. O compêndio da Doutrina Social
da Igreja (n. 394) dá uma indicação bastante valiosa:
“A autoridade politica deve garantir a vida ordenada
e reta da comunidade, sem tomar o lugar da livre atividade dos indivíduos e dos
grupos, mas disciplinando-a e orientando-a, no respeito e na tutela da
interdependência dos sujeitos individuais e sociais para realização o bem
comum”.
Sem a
pretensão de sugerir que o texto não seja suficientemente claro, mas com o
intuito de fazer eco à sua proposta, vale destacar, com vistas às questões
políticas de nosso tempo e de nosso país, três reflexões relevantes a partir do
trecho citado
A primeira questão interessante tem a
ver com a responsabilidade que tem, a autoridade política, de garantia da vida
ordenada e reta da comunidade, em outras palavras, pode-se dizer que é da
responsabilidade daquelas pessoas que assumem função pública contribuir para
que a vida social seja ordenada e pacífica. Isto implica, evidentemente, no
combate à violência, à corrupção e a toda e qualquer forma de organização ou
proposta social que gerem desordem. Neste sentido é mais difícil alcançar a
proteção da dignidade das pessoas se a sociedade cultiva discursos de barbárie.
O segundo ponto diz respeito à
necessidade que a autoridade política respeite a liberdade dos indivíduos e
grupos disciplinando-os sem tomar-lhes o lugar, isto é, a autoridade política
deve assumir o compromisso de garantir que as diversas manifestações presentes
na sociedade tenham espaço, tenham voz e vez. Alguém que pretenda assumir
função pública com discursos desrespeitosos às diversas formas de pensar
representa uma ameaça à estabilidade social.
Por fim, as intenções, as práticas e
as propostas de um candidato à função pública devem dar indicações claras de
que este está comprometido com o bem comum. Por bem comum entende-se aqui, o
conjunto de interesses que, de algum modo, beneficiam a coletividade, sendo
contrários a este espírito de bem comum, evidentemente, os discursos, cujos
conteúdos, estão flagrantemente a serviço de certos interesses e/pu contrários
a alguns setores da sociedade.
A chegada das eleições deve nos
alertar para a procura de candidatos que tenham dado, ao longo de suas vidas,
pelo menos indícios de que são comprometidos com uma sociedade ordenada, com as
liberdades garantidas e com a busca do bem comum.
O eleitor de bem deve fugir de
candidatos que falam em limitação das liberdades, em estímulo a desordens ou
que defendam interesses de grupos econômicos específicos que não estão
comprometidos com o bem comum.
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