Tudo flui! Assim expressava o filósofo antigo chamado
Heráclito de Éfeso. O mundo natural está marcado pela implacável lei do
movimento, segundo a qual todas as coisas estão em um eterno processo de
mudança, de passagem de um estado a outro.
A semente está destinada, se jogada ao solo, a deixar de
ser semente para transformar-se numa planta; o alimento que ingerimos está
fadado a transformar-se na energia que nos sustenta na realização de nossas
atividades; o dia caminha para a noite, enfim, todas as coisas estão sempre,
segundo Heráclito, neste movimento cíclico.
Usando a teoria filosófica do grego Heráclito podemos
fazer uma leitura bastante interessante das coisas que acontecem conosco e
tirar de tal interpretação boas lições para nosso cotidiano, em outras palavras,
a consciência de que as coisas estão em mudança pode ser produtiva contribuir
muito eficazmente para nossa vida.
Entre outras lições, quero destacar duas nesta reflexão. A
primeira voltada para situações negativas e a segunda ligada a momentos que
julgamos positivos.
É claro que a vida é marcada por altos e baixos; há
momentos (alguns mais duradouros e outros mais passageiros) que podemos
enfrentar problemas que nos deixam fragilizados. Uma enfermidade grave, a perda
de um ente querido de modo trágico, o desemprego, o desgoverno político do
país, um problema de relacionamento familiar etc. são exemplos de situações
concretas que podem nos atingir.
Muitas vezes não temos como evitar algumas das situações
de dor que se aproximam de nós, pois fazem parte da ordem natural das coisas ou
não dependeram de nossas escolhas, mas sempre podemos lembrar que as situações
são passageiras, pois tudo faz parte de um grande fluxo, de uma eterna
transformação.
A lição de Heráclito nos adverte que as situações de dor
(física, moral, psicológica, social etc.) duram certo tempo e tendem a passar,
por esta razão não podemos dar a elas valor absoluto nem trata-las como
perenes, ao contrário, devemos buscar serenidade e prudência a fim de não
tornar mais potentes as sensações de sofrimento, afinal, vai passar.
Quanto à análise das situações positivas o raciocínio é o
mesmo. Não é prudente conviver com as vitórias e momentos de alegria,
felicidade e êxtase como se fossem eternos, pois eles também passarão e serão
sucedidos por momentos menos positivos ou até negativos.
A dica é esta: não devemos eternizar aquilo que é
passageiro; não devemos esquecer que ação do tempo muda as condições da vida e
faz com que as coisas positivas e negativas se aproximem e se distanciem de nós
em um indo e vindo infinito.
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