É comum
haver um conflito entre o olhar individual e os imperativos sociais. Muitas
vezes o sujeito sente-se "forçado" a agir de um modo pouco
confortável para comportar-se da forma mais desejada pelo grupo social.
As
divergências entre a vontade própria e as opiniões alheias são fáceis de serem
percebidas no campo da moda, da preferência musical, na escolha de tecnologias
e na forma de se comportar, entre tantas outras situações.
Muitas
pessoas perdem de tal modo a autonomia, que vivem à sombra das determinações
sócio-culturais, e o pior: sofrendo por terem que se comportar de modo
diferente daquele que achariam certo ou que lhes daria maior alegria e
satisfação. A vida torna-se pesada demais para quem carrega essa sina e não
consegue descobrir caminhos que levem a outras possibilidades.
Quantas
vezes não nos deparamos com pessoas vestindo roupas que não combinam com elas
(e que no fundo não gostariam de vestir); comprando produtos que não são
compatíveis com sua condição econômica; ouvindo ou cantando músicas das quais
não gostam; escolhendo ou aceitando comportamentos moralmente distantes de suas
convicções ou princípios... não são poucas as situações capazes de oprimir e
até aniquilar a individualidade.
Não
desejamos defender o outro extremo como modo de sobrevivência nessa seara, ou
seja, não é o caso de propormos uma vida totalmente alheia ao olhar do outro ou
às exigências culturais que nosso grupo social impõe; isso, provavelmente,
seria mais danoso à felicidade e à preservação da identidade do indivíduo. O
que podemos apontar como alternativa para o risco da opressão do coletivo passa
por dois caminhos, entre outros: consciência e equilíbrio, sendo que este
decorre daquela.
Consciência
ou autoconsciência remete-nos à busca de conhecimento de nós mesmos. Quanto
mais nos conhecemos, mais somos capazes de perceber o impacto que as
influências externas exercem sobre nós, isto é, o autoconhecimento nos permite
ter maior clareza daquelas situações que nos deixam insatisfeitos e geram
sofrimento. Quanto menor essa percepção, maiores as chances de sofrermos,
muitas vezes sem saber muito bem o porquê, com as escolhas que fazemos.
Equilíbrio
é a provocação para estabelecermos um bom diálogo entre as demandas internas e
as propostas externas. Precisamos buscar esta interface entre o que somos e
desejamos e aquilo que esperam de nós, pois o atendimento de apenas uma dessas
expectativas gerará algum tipo de agressividade a nós ou ao (s) outro (s). Essa
dinâmica do equilíbrio gera a possibilidade de pensar no bem-estar de modo mais
amplo, considerando a individualidade e a coletividade. Essa interação pode ser
muito saudável.
Evidentemente
há situações que exigem posturas mais rigorosas, há propostas que desafiam
nossos valores e princípios, isso é verdade. Nelas é possível que tenhamos que
ser mais enérgicos e não negociarmos, mas enquanto for possível vivenciarmos o
diálogo entre o que a sociedade espera de nós e nossa vontade, parece recomendável
que o façamos.
Que
escolhas você tem feito que te incomodam? Que pesos você tem carregado em
função das convenções ou das exigências externas? O que você gostaria de fazer
para atender mais à sua vontade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário