14 fevereiro 2018

Fraternidade e superação da violência - vós sois todos irmãos (Mt. 23,8)

As campanhas da fraternidade promovidas pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil convidam sempre a reflexões e ações em prol de problemas histórico-culturais que clamam por urgente conversão. Neste ano de 2018 o tema escolhido é a superação da violência, sobretudo por meio da ampla difusão da cultura da paz, assim, a cf-18 tem como objetivo geral “construir a fraternidade, promovendo da cultura da paz, estimulando ações concretas que expressem a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal”.
A violência se manifesta em três formas: direta, estrutural e cultural. A violência direta é aquela que pode ser facilmente vista por ser dotada de um grande grau de objetividade (as agressões físicas, os assassinatos, as ofensas raciais e sociais etc.); a violência estrutural ocorre com a perpetuação de sistemas injustos e opressores (escola pública de má qualidade, economia desordenada e desfavorável aos mais vulneráveis, a ineficiência do aparato estatal etc.); a violência cultural se dá com a aceitação passiva de atos violentos como naturais: uma espécie de naturalização da violência e de perda da capacidade de espanto associada a argumentos que “culpam” a vítima da violência pela ofensa sofrida (é justo espancar o adolescente infrator, a vítima de estupro não deveria estar com aquela roupa etc.).

Diferentemente da violência direta que pode ser facilmente identificada e da violência estrutural da qual se veem traços mais ou menos definidos, a violência cultural pode ser mais esquiva. Esconde-se em meio a crenças legítimas, a formas de pensamento e linguagem. Por exemplo, na forma como se constroem as relações sociais no Brasil, entende-se comumente que a desigualdade é algo natural. Sob este ponto de vista, tende-se a tratar, sob argumentos diversos, alguns sujeitos sociais com se fossem inferiores: mulheres, jovens, idosos, trabalhadores, negros, índios, pessoas com diferentes orientações sexuais, imigrantes, migrantes... (n. 51).

            O aprofundamento do debate em torno da violência se materializa na análise da violência racial, da violência contra os jovens e mulheres, da violência doméstica, da exploração sexual e do tráfico humano, da violência contra os trabalhadores rurais e contra os povos tradicionais, da violência provocada pelo narcotráfico, da ineficiência do aparato judicial além de considerar as delicadas relações entre polícia e violência, direito à informação e violência, religião e violência e violência no trânsito.
            Entre as diversas críticas merece atenção o alerta com relação a discursos (políticos, inclusive!) que se baseiam no estímulo ao uso de armas de fogo por particulares; que confundem vingança com justiça; que colocam o dinheiro  acima das pessoas; que transformam interpretações unilaterais (telejornais!) em aparentes verdades... sobretudo nestes casos os cristãos devem se sentir incomodados e desafiados a difundirem a cultura de paz, a proporem a fraternidade como valor e a darem testemunho de superação da violência.
            A fonte de inspiração para a superação da violência vem da Palavra de Deus, não podemos, como Caim, romper a relação fraterna com nossos semelhantes vítimas da violência, ao contrário, devemos ser promotores da paz e chamados filhos de Deus. Não é possível confessar a fé num Deus que é Pai e se esquecer que esta confissão gera uma inevitável irmandade universal: “A confissão de fé em um Pai comum é a semente dessa fraternidade” (n. 175).
            Por fim, as palavras do Papa Francisco estimulam a promoção da paz por meio das oportunidades que temos no cotidiano: “Todos desejamos a paz; muitas pessoas a constroem todos os dias com pequenos gestos...” (n. 204). O primeiro nível da promoção da paz e da superação da violência é o pessoal – há sempre algo que cada pessoa pode fazer, ainda que seja um pequeno gesto – depois do plano pessoal a promoção da paz deve ser assumida pela família, pela comunidade e pela sociedade.

            É preciso lembrar que a sociedade será melhor para nós desde que sejamos melhores para a sociedade. Um mundo melhor para nós, decorre da escolha de sermos melhores para o mundo!   

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