Olá!
Neste texto quero convidar você para refletir um
pouco sobre dois conceitos bastante interligados: pós-verdade e fake news.
A expressão pós-verdade é menos popular que a expressão fake News, mas é importante considera-la para melhor compreensão
das fake news.
A inspiração para esta reflexão nasceu do podcast politiquês – Pós-verdade, fake news e as eleições no Brasil,
publicado no dia 27 de maio de 2018.
O conceito de pós-verdade já é bem conhecido no
ambiente acadêmico. Em tempos da pós-verdade as pessoas formam suas convicções
dando valor e ênfase à subjetividade, sentimentos, crenças e opiniões para os
quais não possuem qualquer fundamento objetivo. Pouco importa (e há casos que
nada importa!) a objetividade dos fatos ou, falando de outra forma, a
veracidade dos fatos. Vale somente o que a pessoa quer acreditar.
Na era da pós-verdade as pessoas se apegam a versões
que satisfazem suas expectativas e frequentemente não estão abertas a qualquer
diálogo franco e crítico que gere a possibilidade de outras versões sobre
aquela ‘verdade’ já admitida como absoluta e inquestionável.
Observe que não se trata de um relativismo com
relação à verdade, pois não se admite, na era da pós-verdade, a existência de
múltiplas verdades, ao contrário, absolutiza-se uma ‘verdade’ mesmo que ela
seja baseada tão-só na opinião e/ou em versões produzidas e distorcidas dos
fatos, aliás, nem precisam existir os fatos para criação daquela ‘verdade’.
O conceito de fake
news é bastante difuso no ambiente acadêmico. Ainda há debates em torno da
abrangência e significado que os termos fake
e news devem ter. será que todo
boato dever ser considerado fake news? Quando
um setor da imprensa resolve dar certa ênfase a uma notícia, isso configura fake news? Um equívoco ou erro acidental
em uma notícia a transforma em fake news?
Os questionamentos revelam que não é tão fácil
caracterizar uma notícia como fake news, mas
é possível trabalhar com indicações conceituais básicas: fake news são ‘conteúdos’ com aparência jornalística, não
verificáveis, fraudulentos e carregados da intenção de enganar.
As fake news
são fabricadas em grandes centros especializados, portanto, de modo geral, não
são ingênuas e muito menos espontâneas ou acidentais. As empresas ou equipes
que produzem fake news possuem
capacidade de oferecer um ‘conteúdo’ que satisfaz as pessoas sedentas pela
confirmação daquilo que acreditam. Olha o conceito de pós-verdade reaparecendo
em nossa reflexão.
As fake news
funcionam porque as pessoas não precisam de conteúdos fundados em fatos ou
garantidos pela verificação. As pessoas valorizam as fake news porque na era da pós-verdade basta que algo confirme o
que a pessoa acredita ou deseja acreditar. Não precisa ser verdade no sentido
de ser verificável ou comprovável (verificado ou comprovado), se estiver de
acordo com a opinião do sujeito, é suficiente.
Vale perguntar para encerrar: para onde caminha uma
sociedade formada por pessoas que se sentem confortáveis com a pós-verdade e se
embriagam com fake news? O que
devemos fazer para não contribuir com a força das fake news?
Um comentário:
Excelente reflexão!!
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